terça-feira, 14 de junho de 2011

Para tudo há uma explicação.

Acompanhei com atenção a participação de Mano Menezes, técnico da Seleção Brasileira, no programa Bem Amigos do canal Sportv. O objetivo era conhecer o posicionamento de Mano a respeito das ausências de Marcelo, Hernanes e Hulk das últimas convocações e, quem sabe, entender um pouco mais suas concepções técnicas e táticas do time titular.
E, apesar da natural reserva diante de assuntos internos, o treinador não fugiu de nenhuma questão. Sobre os ausentes, esclareceu que Hulk, por ser jogador de lado de campo, disputa posição com Robinho e Neymar. Não vê em Hernanes as características necessárias para a função de armador e ainda deu pistas de que Marcelo foi preterido da lista por ter deixado a Seleção em segundo plano ao simular que a lesão que sofreu antes do amistoso contra a Escócia em março era mais grave do que realmente era.
Do trio, o momento do lateral do Real Madrid parece ser o mais delicado. Sem a explicação definitiva de Mano Menezes, o apresentador Galvão Bueno trouxe à tona uma situação de bastidores onde um e-mail de Marcelo teria equivocadamente chegado às mãos do treinador. Nessa mensagem o jogador avisava ao Real Madrid de que “já estava livre da Seleção” e que poderia se reapresentar ao clube. “É mais ou menos isso”, respondeu Mano.
O técnico completou dizendo que além do aspecto sentimental também se apóia em fatos. A versão conhecida dá conta de que Marcelo disse ao médico da delegação brasileira Rodrigo Lasmar que não precisaria examiná-lo porque estava cortado. Dias depois, o próprio Mano testemunhou um treinamento dos Merengues onde o lateral esquerdo se mostrava apto para jogar.
Apesar de não ter decretado o fim da passagem de Marcelo em sua gestão, ficou claro que a relação de confiança foi quebrada. E quando lembramos que Dunga dava indícios de que no seu tempo o comportamento do atleta era o mesmo, não há razão agora para acreditar que a postura tenha mudado.
No que tange a montagem do time titular, Mano deu algumas pistas interessantes. Esclareceu que seus sistemas preferidos são o 4-2-3-1 e o 4-3-3 e que imagina o meio-campo e o ataque montados com um primeiro volante, um segundo volante saindo mais para o jogo, um meia armador, um meia atacante, um segundo atacante que atue mais pelos lados do campo e um centroavante. E que, a princípio, a função de meia atacante cabe a Robinho.
Deste modo, com os retornos de Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato ao onze inicial, podemos ilustrar o esquema tático canarinho conforme a figura ao lado. Nele, é bom levar em consideração que posição e função são coisas distintas.
Crédito da Imagem: Globo Esporte.

6 comentários:

Thiago Ribeiro disse...

tava lendo no zonal marking sobre os times da década!!!!

ele cita o Brasil de Dunga - só um inglês pra achar aquilo especial! -

a questão é: o time funcionava porque criava-se um indefinição tática: qual era o sistema (os números). Um 4-3-1-2 com muita liberdade para Elano/Ramires? Um 4-3-2-1, com Robinho como meia-atacante? Um 4-2-3-1?

Olhando o desenho proposto: 4-3-3 (4-2-1-3), ou 4-2-3-1 (Neymar e Robinho como Meias), ou 4-4-2 (4-2-2-2), com Robinho como meia e Neymar como atacante.

indefinição na leitura cria uma indefinição na marcação.

só o meu adendo: os nomes ainda não são perfeitos. Pra mim Robinho não dá mais, de coadjuvantes de luxo é melhor buscar nomes que querem ser protagonistas: Hulk e Lucas, Robinho seria, talvez, o reserva de Ganso jogando de trequartista como fez várias vezes no Milan este ano.

PS: se o Marcelo foi cortado por este motivo, ainda aceito, o q não dá é aceitar a sua ausência, é chamar o Marcelo pra conversar e fazê-lo definir as suas prioridades, se é o time ou a seleção, e que seja.

Michel Costa disse...

O Brasil de Dunga foi objeto de estudo de alguns veículos internacionais, Thiago. Jonathan Wilson costumava definí-lo como um 4-2-3-1 com um meia aberto (Elano), um meia central (Kaká) e um ponta esquerda (Robinho). Não só concordo com ele como me reporto ao Santos de 2002 que também atuava num sistema parecido com Elano, Diego e Robinho atrás de Alberto. Logicamente, aquele Brasil tinha variações como o 4-3-1-2 e o 4-1-4-1, mas a base era mesmo o 4-2-3-1.
Sobre Marcelo, entendo a política de Mano. Se o jogador não foi sincero, nada melhor do que mostrar que ele não é imprescindível. Futebol é muito dinâmico e, como disse o treinador, a fila anda. Só espero que esse não seja o fim da linha para o lateral.
Quanto a Robinho, concordo em partes. Para mim, o momento é dele. Fez uma grande temporada no Milan, tem experiência e ainda é jovem. Mas, até 2014, acredito que Lucas será o dono da posição. E não podemos nos esquecer de Kaká, que pode muito bem vir a ser o tal meia-atacante citado por Mano.

Abraço.

marcus buiatti disse...

Perfeito, Michel! Vi o programa e vc resumiu e analisou exatamente os pontos que, para mim, pareceram os principais.

Sobre Marcelo, eu e vc já pensávamos parecido: Mano não seria tolo de barrar um jogador com tal talento por birra ou algum problema menor. E as seguidas "lesões" e fugas de Marcelo da seleção, mesmo ANTES de Mano, indicavam algum problema extracampo.


Só acrescento ao teu artigo algo que Mano falou e que eu não compreendi muito, não sei se vc entendeu: pra mim, ele deixou claro que Robinho briga por posição com Neymar, quando Ganso retornar. Ele falou isso expressamente. Eu entendi que: ou Elano fica no time, ou ele coloca Lucas do SP. Mas não compreendi bem o porque Mano ter dito expressamente isso.

vc compreendeu? se lembra deste trecho?

abraço!

Michel Costa disse...

Essa questão realmente ficou meio vaga, Marcus. Pelo que entendi, Robinho é titular da Seleção até que surja um meia-atacante capaz de assumir a posição. Kaká e Lucas são os nomes mais prováveis, mas concordo que a explicação não ficou clara.

Abraço.

Anônimo disse...

Bem, só uma situação de bastidor para preterir Marcelo. Se isso realmente aconteceu, Mano está certo em não confiar no lateral do Real. Mas não chamar Hernanes beira à teimosia e o trabalho de Mano está só no começo para atitudes como essa. abs
Venditti

Michel Costa disse...

A ausência de Hernanes também me incomoda, Venditti. No entanto, ao contrário do que aconteceu com Marcelo, acho que Mano não deixou claro todas suas razões. Ainda acredito que o nervosismo do jogador da Lazio pesou nessa ausência. Porém, esse o tipo de coisa que deve ser tratada internamente.

Abraço.