Particularmente, sou contra análises do tipo “evoluiu, involuiu” a cada partida da Seleção Brasileira nessa nova era Scolari. As coisas não funcionam dessa maneira. Cada jogo e cada adversário reservam níveis diferentes de dificuldades e, ao suplantá-los, parece evidente que o Brasil está se moldando como time. Contra o Japão, um rival que havia chegado ao País há pouco tempo, uma partida mais tranquila. Diante do México, o velho problema de ter um oponente que sabe enfrentar a Seleção. Na terceira rodada, uma Itália que, apesar de desfigurada, foi capaz de fazer frente e testar verdadeiramente o sistema defensivo verde-amarelo. Três partidas, três histórias.
Desta vez não foi diferente. Astuto como sempre, o técnico uruguaio Óscar Tabárez sabia que precisava conter o ímpeto ofensivo que o Brasil costuma mostrar, sobretudo na primeira metade do primeiro tempo, pois só assim poderia chegar à vitória. Para tanto, recuou sua defesa e seus volantes para reduzir os espaços que os brasileiros poderiam usar para tabelas ou jogadas em profundidade e deixou seu trio ofensivo formado por Forlán, Suárez e Cavani tentando marcar a saída de bola. Não por acaso, diante de apenas três marcadores e um meio-campo mais recuado, não foi um problema para o Brasil fazer com que a bola passasse para o campo de ataque. Todavia, diante de uma Celeste tão trancada, foi um problema acionar os atacantes em situação de marcar.
Se essa foi a breve análise tática, é preciso dizer que Brasil x Uruguai foi bem mais do que isso. Foi um autêntico clássico, dos mais disputados, como manda a tradição. Após um início complicado, diferente dos jogos anteriores, o Brasil só entrou definitivamente na partida após o pênalti defendido por Júlio César. Mesmo assim, só conseguiu abrir o placar após um milimétrico lançamento de Paulinho que encontrou Neymar na área no lance que acabou resultando no rebote que Fred, como sempre, estava presente para concluir em gol.
Em desvantagem, os uruguaios voltaram para o segundo tempo dispostos a empatar e adiantaram suas linhas. Num momento de pressão, a bola não foi rebatida por Thiago Silva que preferiu sair jogando com Marcelo e viu Cavani se antecipar ao lateral para deixar tudo igual. Ouvindo a voz do Mineirão, mas muito mais o que viu nos treinamentos, Felipão lançou o dinâmico Bernard no lugar de um apagado Hulk e viu o garoto mudar a cara do jogo a favor do Brasil. Hernanes, na vaga do oscilante Oscar, também foi uma bola dentro do técnico que viu sua equipe chegar ao gol da vitória num momento em que se encontrava melhor técnica, tática e, sobretudo, fisicamente em relação ao Uruguai.
Mais do que uma partida ruim da Seleção Brasileira, a semifinal desta Copa das Confederações foi uma partida dura. Somente passando por esse tipo de situação que um grande time se forma. Existem problemas e, baseado nas entrevistas de Felipão, está claro que o técnico percebe isso. Disputar a final deste torneio é prova de que existe evolução desde que o treinador assumiu. Mas o produto final desta Seleção só será visto na Copa do Mundo.
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