domingo, 28 de abril de 2013

Contagem Regressiva: Abril de 2013

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Os amistosos e a polêmica vazia da vez
É um equívoco considerar a equipe que venceu a Bolívia e empatou com o Chile uma Seleção Brasileira. Ou melhor, era a camisa da Seleção, alguns jogadores que estiveram em campo serão convocados para a Copa das Confederações e, provavelmente, para a Copa do Mundo, mas aquele selecionado era muito mais um tubo de ensaio do que o verdadeiro Brasil. Desses amistosos, o técnico Luiz Felipe Scolari pôde observar o comportamento de determinados atletas no grupo e em ação, tirando conclusões importantes sobre aqueles que atuam no País.
Dos amistosos, a óbvia fragilidade boliviana impediu qualquer avaliação maior. Contudo, a superioridade chilena em grande parte da partida disputada na última quarta-feira assustou torcida e imprensa esportiva. O que pouco se comentou, porém, é que ao contrário do Brasil, o técnico Jorge Sampaoli utilizou uma base composta por quatro jogadores da Universidad de Chile mais dois ex-jogadores com recente passagem pelo clube, o zagueiro Marcos González e o atacante Eduardo Vargas. Ou seja, seis nomes com os quais o treinador argentino já havia trabalhado em sua equipe anterior. Felipão, por sua vez, fez uso de atletas espalhados por diversos clubes brasileiros que se apresentaram na segunda-feira, treinaram levemente na terça e jogaram na quarta. Algo assim, num esporte coletivo, certamente é um fator determinante.  
Pelo que se viu nas partidas, nomes como o zagueiro Réver, o lateral/volante Jean e o meia Jadson possivelmente ganharam pontos na corrida por vagas entre os 23 que serão convocados no próximo dia 14. Os volantes Fernando e Paulinho, além do atacante Neymar devem ser nomes certos na lista. Os goleiros Diego Cavalieri e Jefferson, os atacantes Osvaldo, Leandro Damião e Alexandre Pato lutarão por espaço, enquanto Ronaldinho, conforme apurou o repórter André Plihal da ESPN Brasil, pode ser a grande ausência, sobretudo, por suas apagadas atuações.
Outro assunto que dominou os noticiários foi a entrevista que Scolari deu à Folha de São Paulo onde, entre outras coisas, disse que volante goleador é muito bonito para a imprensa, mas não para o técnico do time. Como era de se esperar, o mundo veio abaixo. O comentário atingiu em cheio os jornalistas esportivos que criticaram duramente o que foi entendido como um retrocesso em relação ao que Mano Menezes vinha fazendo ao escalar Paulinho e Ramires como volantes que marcavam e saiam para o jogo. Mais uma vez, o que se perdeu foi a oportunidade de debate sobre a explicação dada pelo treinador.
A conclusão imediata foi a de que Felipão prefere volantes marcadores e que não primam pela técnica, embora ele não tenha dito isso em nenhum momento e nem escale a Seleção com dois cães de guarda à frente da defesa. Na verdade, o que foi dito é que com a presença no time de Daniel Alves e Marcelo, laterais cuja maior qualidade é o apoio, há a necessidade de se ter pelo menos um volante mais fixo sem que tal medida represente andar para trás. Até mesmo o super ofensivo Barcelona costuma manter o volante Busquets e seus dois zagueiros mais presos para que Daniel e Jordi Alba possam atacar simultaneamente – como aconteceu na derrota para o Bayern – embora isso não signifique que eles não participam do jogo ou que precisam ser, necessariamente, desprovidos de recursos técnicos.
Além disso, quem assistiu aos últimos amistosos da Seleção percebeu que tanto Hernanes quanto Paulinho continuam com liberdade para chegar à frente, enquanto Fernando se fixa mais próximo dos defensores. Inclusive, trata-se de uma função que o atualizadíssimo Tite faz com que Ralf cumpra no Corinthians e nunca se furtou de explicar a importância desse posicionamento no equilíbrio tático do alvinegro paulista. Talvez, no fundo, o que falte a Felipão seja um bom media training, pois agora o técnico tem em seu currículo uma frase como “o gol é apenas um detalhe” de Parreira. A semelhança está no fato de ambas terem sido descontextualizadas para representar algo que não se viu na prática.  
Os rivais
A CBF atualizou o calendário da Seleção Brasileira em 2013. Antes da Copa das Confederações, o Brasil enfrentará a Inglaterra no dia 2 de junho no Maracanã e, uma semana depois, a França na Arena do Grêmio. Após a citada competição, os comandados de Scolari terão pela frente a Suíça em 14 de agosto e Portugal no dia 9 de setembro na cidade de Boston, EUA. A seguir, será a vez do chamado Superclássico das Américas contra a Argentina em 18 de setembro e 2 de outubro. Os dias 11 e 22 de outubro, 15 e 19 de novembro também são datas pré-estabelecidas, porém, ainda sem adversários confirmados.                           
De olho na Copa
Jerome Valcke, não perde por ficar calado. Mais uma vez, o secretário-geral da FIFA provocou polêmica ao dizer que é mais fácil organizar um Mundial em países onde há menos democracia. O dirigente ainda lembrou que o Brasil tem três níveis (federal, estadual e municipal) executivos e que isso atrapalha o andamento das obras. Como se isso não bastasse, Valcke citou que a presença de um chefe de estado forte como Vladimir Putin deve fazer com que as coisas transcorram de maneira mais fácil na Rússia que sediará a Copa do Mundo em 2018. O secretário não disse, embora certamente saiba, que os atrasos no Brasil estão muito mais ligados à corrupção endêmica em nosso país do que às divisões governamentais.
Sobre os problemas com atrasos e gastos exorbitantes ligados à realização da Copa, recomendo o ótimo texto de Thiago Arantes sobre a “Copa que o Brasil já perdeu”.
O Maracanã foi reaberto no último sábado e o evento-teste programado foi o amistoso “Amigos de Ronaldo contra Amigos de Bebeto”. Chamou a atenção a ausência de Zico, maior artilheiro do estádio com 333 gols, além de outras figuras ligadas à história daquele local. Um fato nada surpreendente, em se tratando das pessoas ligadas ao projeto.  
Confira abaixo o andamento das obras:         
Obras concluídas: Belo Horizonte, Ceará, Rio de Janeiro e Salvador;
Dentro do previsto: Brasília;  
Apresentando atrasos: Cuiabá, Porto Alegre e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus, Natal e Recife.
Crédito das Imagens: Folha de São Paulo e AFP

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Question – Premiação

Conforme informado anteriormente, o vencedor da sétima edição do Question teria o direito de escolher o livro sobre futebol que gostaria de receber do blog “Além das Quatro Linhas” a partir de uma lista pré-determinada ou indicar outra obra de sua preferência.
Deste modo, o campeão Arthur Barcelos escolheu “As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos” de Mauro Beting com a colaboração de André Rocha e Dassler Marques. Obra impecável em que o leitor encontra as histórias de grandes selecionados como a Hungria de Puskas, a Alemanha de Beckenbauer, a Argentina de Maradona e outros.
Na oportunidade, agradeço a todos que participaram desta série e reitero o convite para a oitava edição.
Grande abraço!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Com algum sofrimento, brasileiros confirmam favoritismo na Libertadores

Virou lugar comum analisar as chances de títulos dos clubes brasileiros a cada início de Copa Libertadores da América. Com receitas superiores em relação aos seus pares sul-americanos, as equipes locais precisam lidar também com a pressão de ter que confirmar em campo um favoritismo imposto por terceiros. Logicamente, as agremiações brasileiras projetam chegar à final da competição, mas, a princípio, a única obrigação evidente é avançar para as oitavas-de-final. E foi exatamente isso o que ocorreu nesta semana.
Atlético Mineiro, Corinthians, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e São Paulo estão entre os 16 melhores times da Libertadores. Os seis brasileiros que disputaram o torneio cumpriram seu objetivo mínimo e se classificaram. A eles se juntaram quatro (de cinco) argentinos, um colombiano, um equatoriano, um mexicano, um paraguaio, um peruano e um uruguaio, proporção que indica a melhor performance dos times nacionais. Em termos percentuais, tivemos os seguintes aproveitamentos por país:
Argentina: 52,20%
Brasil: 58,17%
Bolívia: 30,50%
Chile: 37,00%
Colômbia: 46,33%
Equador: 44,50%
México: 58,00%
Paraguai: 40,67%
Peru: 50,00%
Uruguai: 53%
Venezuela: 27,50%
Os números acima mostram que os brasileiros realmente tiveram a melhor performance da competição e que foram seguidos de perto pelos mexicanos do Tijuana e do Toluca. Curiosamente, só o primeiro se classificou para as oitavas. Outro país que apresentou desempenho interessante foi a Argentina, embora um dos seus representantes, o Arsenal de Sarandí, tenha ficado pelo caminho. Outra constatação que chama a atenção é o baixíssimo aproveitamento dos venezuelanos, cujo futebol melhorou consideravelmente nos últimos anos, inclusive em nível de seleção, mas que não se refletiu nas campanhas de Caracas e Deportivo Lara.
Como pode ser observado no chaveamento abaixo, existe a chance de até quatro times brasileiros chegarem às semifinais, o seria um feito inédito. De mesmo modo, todos eles podem ficar pelo caminho e não alcançar essa fase. Contudo, pelo menos por enquanto, todos cumpriram seu objetivo.
Arte: ESPN

sábado, 13 de abril de 2013

Ciclos

Após ver sua Juventus ser eliminada da UEFA Champions League pelo Bayern de Munique, o técnico Antonio Conte foi enfático ao dizer que os clubes italianos estão estagnados perante as grandes potências europeias. Citou ainda os investimentos e projetos dos rivais continentais, o atraso do Calcio e observou que só a união da sociedade italiana será capaz de resgatar o outrora melhor futebol do planeta. Quem se interessou pelo esporte nos anos 1990 sabe bem a qual período Conte se refere. Da década de 1980 até o início dos anos 2000, a Itália foi a Meca do futebol, abrigando todos os craques da época com raras exceções. No entanto, amarga agora seu terceiro ano seguido sem nenhum representante nas semifinais da Liga dos Campeões.
Não é difícil explicar o que aconteceu com os italianos. Atualmente, futebol de alto nível se faz com dinheiro. E, óbvio, é preciso haver um bom planejamento para saber utilizá-lo, mas os tempos em que um Ajax era capaz de montar uma equipe imbatível usando quase que exclusivamente suas categorias de base ficaram para trás. Mesmo o Barcelona com suas famosas canteras precisa de uma receita gigantesca para manter tantos astros em sua folha de pagamento. Todavia, a diferença entre o clube catalão e seus pares italianos está na origem dessas receitas. Enquanto o Barça se sustenta a partir de um excepcional planejamento estratégico traçado a partir de 2003, as agremiações da Velha Bota vivem, em grande parte, do dinheiro de seus mandatários. Quando a crise que assola a Europa chegou, as torneiras se fecharam e os clubes ainda não têm ideia de como lidar com isso.
A primeira e natural reação foi o corte nos gastos. Times como Milan e Internazionale que se notabilizavam por suas monstruosas contratações, repentinamente, se viram obrigados a realizar apenas negócios de ocasião. A Intenção, a princípio, parece ser a adequação ao Financial Fair Play buscando fazer uso apenas das receitas obtidas pela própria associação. Em outras palavras, os clubes teriam de andar com suas próprias pernas, configurando uma nova situação. O que ainda não perceberam é que para se equipararem novamente às principais forças do continente será preciso investir e colher os frutos mais adiante. Apenas recuar pode significar o redimensionamento do próprio clube, reduzindo suas metas e, consequentemente, ficando para trás na corrida internacional por títulos.
Semelhante, embora menos traumática, é a situação dos clubes britânicos. Há alguns anos o domínio inglês na Europa era mais do que evidente. Apesar de o atual campeão europeu ser o londrino Chelsea, as quartas-de-final desta edição da UCL não contaram com nenhum inglês e cenários como a classificação de três ingleses para as semifinais como ocorreu entre 2007 e 2009 parece coisa do passado. Ou de outro ciclo. Ciclo que agora é dominado pelos gigantes Real Madrid, Barcelona e Bayern, também presentes na mesma fase da edição passada. O “intruso”, desta vez, é o Borussia Dortmund respaldado pelo excelente trabalho do técnico Jürgen Klopp e apoiado por sua fanática torcida. Quanto tempo este ciclo vai durar não se sabe, mas é bom que os italianos ouçam os conselhos de Conte se quiserem participar dessa festa.
Crédito das imagens: EFE e AFP

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Question – Final

Anterior
No último desafio desta série, descubra o nome do ex-jogador descrito na(s) afirmativa(s) abaixo.
I – Atacante conhecido por sua precisão no jogo aéreo;
II – Além do seu país natal, atuou também na Itália e na Inglaterra;
III – Ostenta uma Copa da UEFA em sua galeria de troféus;
IV – É o autor do gol mais rápido da história dos Mundiais.
Resposta: Ele é o turco Hakan Sukur. Ex-atacante com passagens por Galatasaray, Torino, Internazionale, Parma e Blackburn e autor do gol mais rápido da história das Copas ao marcar contra a Coreia do Sul na decisão do terceiro lugar do Mundial de 2002.
Classificação: Máximas congratulações ao jovem Arthur Barcelos, grande vencedor desta edição do Question com incríveis cinco pontos de vantagem e com direito a acerto no último desafio. Assim, conforme prometido, em breve Arthur receberá em sua residência um livro sobre futebol à sua escolha.
Confira abaixo a classificação final após a última rodada:
1º - Arthur Barcelos – 16 pontos;
2º - Luciano – 11 pontos;
3º - Alexandre Rodrigues Alves e Yuri – 9 pontos;
4º - Prisma – 7 pontos;
5º - Luis Fernando e Rafael Andrade – 6 pontos;
6º - JP Caniço – 4 pontos;
7º - Andreas Weber, Guilherme Siqueira, Gustavo Carratte e Joe William – 3 pontos;
8º - Fabiano Dias e Fernando Clemente – 2 pontos;
9º - Danilo – 1 ponto.
Na oportunidade, agradeço a todos os participantes e antecipadamente os convido para a 8ª edição que terá início ainda no segundo semestre de 2013.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Pontos e Vírgulas.

Coluna destinada a comentar as opiniões emitidas pelo órgão responsável pela chegada de informações ao público aficionado por futebol: a imprensa esportiva. Afinal, bem ou mal, é através dela que tomamos conhecimento de (quase) tudo o que cerca o mundo da bola.
Os outros craques
Mais uma vez, veio à tona o velho debate entre ex-jogadores comentaristas e jornalistas comentaristas. A polêmica surgiu após o acalorado debate entre Mário Sérgio e Rodrigo Bueno no canal fechado Fox Sports no último domingo. Rodrigo havia dito que os treinadores europeus eram melhores do que os brasileiros e que estes estariam ultrapassados. Exaltado, Mário Sérgio, ex-jogador e também ex-técnico, disse que Bueno não tinha capacidade para avaliar o trabalho dos treinadores locais porque nunca trabalhou no meio. Mais uma demonstração do velho preconceito que os profissionais do jornalismo sofrem por parte de quem atuou no futebol.
Existe um grande equívoco nessa consideração. Muito provavelmente, um jornalista não saberia ministrar um treino ou motivar uma equipe, porém, isso não significa que ele também não sabe avaliar o desempenho de um time, sugerir alterações ou constatar eventuais carências de um elenco. Tudo isso é possível através de estudo, persistência e capacidade de observação. Fosse o contrário, uma pessoa que não sabe nada de construção civil não poderia dizer se uma casa é bonita, ou alguém que nunca foi um chef de cozinha não saberia apreciar uma boa refeição. Logicamente, as competências são diferentes entre si, mas creio que o leitor saberá estabelecer a relação.
No meu caso, comecei a gostar de futebol vendo os lançamentos de Júnior, os gols de Romário e a técnica de Roberto Baggio. Foram esses craques que inicialmente me fizeram amar esse esporte, paixão que, imagino, me acompanhará até o fim dos meus dias. No entanto, gostar não era suficiente. Queria aprender mais sobre o tema. Entendi que só compreendendo seu funcionamento seria possível apreciá-lo em sua totalidade. Nesse caminho, encontrei outro tipo de craque. Alguém capaz de trazer à luz os fatos esquecidos do passado, informações de bastidores, projetar situações futuras e, mais importante, transmitir tudo isso para quem está do outro lado da TV, do computador, do rádio ou do jornal.
Craques como Paulo Vinícius Coelho, Mauro Beting e Tim Vickery. E todos os profissionais capazes de trazer para o apreciador do esporte algo que completa a simples afirmação de uma bela jogada ou por que determinado atleta tomou a decisão A ou B. Isso não é mais suficiente. As pessoas querem ter maior embasamento para opinar, debater e até mesmo cornetar. Vivemos na era da informação e precisamos de quem seja capaz de trazê-la e, em muitos casos, interpretá-la. Infelizmente, são raros os ex-jogadores capazes de realizar tal missão.
Crédito da imagem: Uol

domingo, 7 de abril de 2013

Lembra desse?!

Aquele lance ou momento que você, por um motivo ou outro, nunca esqueceu.
O fim dos pontas
Vanderlei Luxemburgo estava em alta em 2005. Então treinador do Real Madrid, pediu a contratação de Robinho e a negociação de Luis Figo. Participando do programa “Bem, Amigos” do canal Sportv, o técnico deu uma curiosa explicação para a saída do português: “Os pontas estão acabando no futebol mundial. Os meias e atacantes devem se deslocar conforme a movimentação da bola.”
O veterano comentarista Alberto Helena Júnior discordou com veemência: “Grandes times e seleções da Europa atuam com pontas e usam o 4-3-3. No Manchester United, o Giggs...” Luxemburgo interrompe: “O Ferguson está louco para se livrar do Giggs!” O debate começou a ficar quente quando o apresentador Galvão Bueno, infelizmente, interferiu: “Não vamos ficar falando de tática aqui, né?” E encerrou a discussão.
Como se sabe, os pontas (com os devidos ajustes em suas funções) estão longe de se extinguir. Os sistemas 4-2-3-1 e 4-3-3 necessitam de jogadores capazes de atuar pelos flancos e se aproximar do centroavante, o que indica que tais módulos terão vida longa. Quando me recordei da auto-suficiência que Luxemburgo demonstrou naquela noite, percebi o quanto Paulo Autuori estava certo ao falar sobre a arrogância dos treinadores brasileiros. Mas, naquele momento, o atual comandante do Grêmio estava tão seguro que parecia um visionário prevendo o futuro.
Estava errado.
Em tempo: Ryan Giggs completou no mês de março seu 1000º jogo com a camisa do Manchester United. Agora não atua tanto como autêntico ponteiro, porém, Ferguson já manifestou o desejo de permanecer com o galês por mais uma temporada, pelo menos.
Você conhece alguma história interessante sobre o mundo da bola?
Mande-a para meu e-mail: a4l@bol.com.br e coloque no assunto: 'Lembra desse?!' e ela poderá ser publicada aqui!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Question – 10

No último desafio desta série, descubra o nome do ex-jogador descrito na(s) afirmativa(s) abaixo.
I – Atacante conhecido por sua precisão no jogo aéreo;
II – Além do seu país natal, atuou também na Itália e na Inglaterra;
III – Ostenta uma Copa da UEFA em sua galeria de troféus;
IV – É o autor do gol mais rápido da história dos Mundiais.
Atenção: Serão quatro alternativas ao todo. Uma por dia. Cada uma revela determinada informação do personagem que, reunidas, formam uma resposta única. Agora, cuidado ao arriscar, pois cada participante só tem direito a uma opção.
Regulamento: O primeiro acertador receberá três pontos. Os demais acertadores receberão um ponto pela participação. Na próxima sexta, a resposta deste Question e a divulgação do nome do grande vencedor.
Premiação: O participante que somar o maior número de pontos ao final de dez edições receberá em casa um livro à sua escolha sobre o tema futebol.
Boa sorte a todos!
Anterior
Descubra o nome do ex-jogador descrito na(s) afirmativa(s) abaixo.
I – Um dos primeiros jogadores conhecidos a se beneficiar com a “Lei Bosman”;
II – Meio-campista versátil, disputou o Mundial de 1998;
III – É autor de um gol numa final de UEFA Champions League;
IV – Um dos poucos ingleses a se destacar fora de seu país num passado recente.
Resposta: Trata-se do meia inglês Steven “Steve” McManaman. Ex-jogador de Liverpool, Real Madrid e Manchester City, McManaman foi um dos primeiros astros internacionais a se beneficiar das novas regras de transferências internacionais para trocar os Reds pelos Merengues.
Classificação: Parabéns para Prisma que pela segunda vez seguida cravou o nome do jogador em destaque. Deste modo, o grande vencedor será conhecido entre Arthur Barcelos e Luciano. Pelo regulamento, para ser campeão, este último precisa acertar o Question 10 e contar com o erro do líder Arthur.
Confira abaixo a classificação após a primeira rodada:
1º - Arthur Barcelos – 13 pontos;
2º - Luciano – 11 pontos;
3º - Yuri – 9 pontos;
4º - Alexandre Rodrigues Alves – 8 pontos;
5º - Prisma – 7 pontos;
6º - Rafael Andrade – 6 pontos;
7º - Luis Fernando – 5 pontos;
8º - JP Caniço – 4 pontos;
9º - Andreas Weber, Guilherme Siqueira, Gustavo Carratte e Joe William – 3 pontos;
10º - Fabiano Dias e Fernando Clemente – 2 pontos;
11º - Danilo – 1 ponto.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

(Coloque um número grande aqui) tons de cinza

O texto abaixo foi gentilmente enviado por Felipe dos Santos Souza, colunista do site Trivela e um grande apaixonado pelo futebol holandês, o que não o impede de gostar do futebol brasileiro. Leitura mais do que recomendada...
Quem acompanha futebol por razões não profissionais sabe melhor do que os integrantes analíticos do meio (leia-se jornalistas, respeitáveis ou não): está cada vez mais chato discutir futebol com quem quer que seja. Parece que as ideias sobre respeitar opiniões diferentes, saber que nem sempre você precisa meter o bedelho em tudo que lê, e que discussões não necessariamente precisam ter um fim – afinal, não são lutas para uma ideia vencer a outra na base dos pescoções – estão cada vez menos populares.
E um dos assuntos que mais sofre desse mal é a tradicional “briga” que opõe “eurocêntricos” a “pachecos”. Infelizmente, os dois lados estão cada vez mais separados. Apagou-se a ideia de que você pode ter características de um e de outro: gostar de um determinado país e seu futebol, sem deixar de lado o que ocorre no Brasil. Mais do que isso: mantendo o respeito pelos dois lados. Ainda mais: dando-se o direito de comemorar o resultado bom de outro, sem necessariamente “torcer contra o seu país”.
Aqui, cabe citar um monte de experiências pessoais. Não sou jornalista, apenas vivi e exerci tal função em um momento da minha vida. Sequer tenho diploma (embora a obrigatoriedade dele seja discutível – mas aí é outra história, cuja discussão não é o foco desse texto). Mas posso dizer que ainda tenho leve relação com o jornalismo, como colunista de futebol holandês do site Trivela. E posso comentar algo sobre o assunto.
Quem me conhece – por mídias sociais, pessoalmente – sabe do meu fanatismo pelo futebol holandês. E gosto mesmo: acho engraçado e bacana ver como um país minúsculo colocou um estilo de jogar bola com tanta força e influência no mundo do futebol. Além disso, o país parece não levar a sério o esporte, do jeito certo. É como se dissesse ao mundo “sim, temos zagueiros ingênuos, goleadas obscenas, nosso campeonato é nivelado por baixo, não fazemos questão de ganhar campeonatos, mas de divertir nosso público com o futebol”.
O que não quer dizer que eu ache o futebol holandês de maior qualidade que o brasileiro. Longe disso. Supor algo assim estaria perto da loucura. Coloquemos em termos mais concretos: um jogo como o eletrizante Atlético-MG 3x2 Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro do ano passado, tem maior qualidade técnica do que 95 por cento dos jogos do Campeonato Holandês. Talvez essa percentagem seja ainda maior.
Mais do que isso: no último grande momento em que essas duas escolas de futebol se cruzaram, a Copa do Mundo de 2010, eu acreditava piamente na vitória brasileira. Não porque o time de Dunga fosse exuberante tecnicamente, mas por esbanjar o que se chama “cara de campeão”, aquela autoconfiança de um time cascudo, que se sabe capaz de superar os maiores desafios na busca de um título. Como bem comentou o jornalista Raphael Zarko, blogueiro do site YouGol, era “um time de Capitães Nascimento. Todos olhavam com cara de mau e falavam ‘não vai subir ninguém’”.
O gol de Wesley Sneijder que empatou aquela partida foi muito surpreendente, reduziu toda a autoconfiança brasileira a pó. E, enfim, a Holanda superou o Brasil. Mérito dela, por ter aproveitado as oportunidades: o que há de time que fica com um jogo em suas mãos, tendo condições favoráveis como um homem a mais, e nem assim as aproveita... Mas era surpreendente. De todo modo, fiquei feliz com a vitória da Oranje. E até dei alguns socos no ar – logo eu, que pouco me manifesto em jogos de futebol (sério!).
O que não significa que eu torcesse para que o Brasil perdesse. Apenas celebrava o fato de experimentar a Holanda estando em uma situação de favoritismo rara, na história de sua seleção. E aí entra o pulo do gato: querer que uma das seleções ou times de sua preferência tenha melhor resultado que o do outro não significa que você odeia o outro.
Além disso, particularmente, ao gostar do futebol de um outro país, não me contento só com isso. No caso holandês, corri atrás de aprender o idioma, de comprar bibliografia sobre o tema, de acompanhar jogos etc. Exatamente para não cometer distorções, dizer aquelas frases horrorosas como “fulano não jogava no Guarani” ou “sicrano do Corinthians não daria certo no VVV-Venlo”, para ter uma sobriedade na análise etc.
E é preciso ressaltar: o fato de eu acompanhar com mais proximidade o Campeonato Holandês do que a maioria esmagadora dos campeonatos estaduais periféricos do Brasil não significa que eu não conheça a existência desses clubes. Não só conheço, como respeito cada clube brasileiro, suas histórias, suas torcidas. Do Corinthians ao União São João. Do Flamengo ao Mangaratibense, que atua na Série C do Campeonato Carioca. Do Internacional ao SC Gaúcho, de Passo Fundo, último colocado da Série B gaúcha.
Posso não acompanhá-los, mas respeito, de longe. E acho que qualquer mudança de calendário, qualquer readequação de campeonatos no futebol brasileiro, tem de pensar também nos envolvidos com clubes pequenos, levar em conta a importância deles – que pode não ser tanta quanto a dos grandes, mas que existe e é tão digna quanto qualquer outra. Mas também é outra história.
E a manutenção de meus vínculos com o Brasil é intacta a ponto de eu ter ficado profundamente feliz com o título mundial sub-20 conquistado pela Seleção Brasileira, em 2011. Não só pela identidade nacional, mas também por ver um bom trabalho sendo coroado com o que merecia – e que dava mostras de que poderia render ainda mais. Não rendeu, por razões que não vêm ao caso.
E mais: ao ver o momento atual da Seleção Brasileira, pelejando para se colocar numa situação minimamente sólida, minha reação é de... tristeza. É meio como se fosse ver um ente querido sofrendo com uma situação aflitiva, sem poder fazer muito para resolver isso, e torcendo para que um dia ele resolva a situação. Francamente, alguém que sinta isso pode ser chamado de “eurocêntrico”, mesmo que acompanhe o futebol holandês e tenha por ele respeito e até carinho?
Enfim, ficam aqui algumas reflexões lamuriosas de um sujeito que gostaria de ver as pessoas aceitando melhor que acompanhar o futebol de um país não significa necessariamente deixar de lado e até maldizer o futebol de outro, como pode parecer vendo o comportamento de certos jornalistas. Trocando em miúdos: entre o branco e o preto há vários tons de cinza (está na moda, né?).
Crédito da Imagem: FIFA