domingo, 28 de abril de 2013

Contagem Regressiva: Abril de 2013

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Os amistosos e a polêmica vazia da vez
É um equívoco considerar a equipe que venceu a Bolívia e empatou com o Chile uma Seleção Brasileira. Ou melhor, era a camisa da Seleção, alguns jogadores que estiveram em campo serão convocados para a Copa das Confederações e, provavelmente, para a Copa do Mundo, mas aquele selecionado era muito mais um tubo de ensaio do que o verdadeiro Brasil. Desses amistosos, o técnico Luiz Felipe Scolari pôde observar o comportamento de determinados atletas no grupo e em ação, tirando conclusões importantes sobre aqueles que atuam no País.
Dos amistosos, a óbvia fragilidade boliviana impediu qualquer avaliação maior. Contudo, a superioridade chilena em grande parte da partida disputada na última quarta-feira assustou torcida e imprensa esportiva. O que pouco se comentou, porém, é que ao contrário do Brasil, o técnico Jorge Sampaoli utilizou uma base composta por quatro jogadores da Universidad de Chile mais dois ex-jogadores com recente passagem pelo clube, o zagueiro Marcos González e o atacante Eduardo Vargas. Ou seja, seis nomes com os quais o treinador argentino já havia trabalhado em sua equipe anterior. Felipão, por sua vez, fez uso de atletas espalhados por diversos clubes brasileiros que se apresentaram na segunda-feira, treinaram levemente na terça e jogaram na quarta. Algo assim, num esporte coletivo, certamente é um fator determinante.  
Pelo que se viu nas partidas, nomes como o zagueiro Réver, o lateral/volante Jean e o meia Jadson possivelmente ganharam pontos na corrida por vagas entre os 23 que serão convocados no próximo dia 14. Os volantes Fernando e Paulinho, além do atacante Neymar devem ser nomes certos na lista. Os goleiros Diego Cavalieri e Jefferson, os atacantes Osvaldo, Leandro Damião e Alexandre Pato lutarão por espaço, enquanto Ronaldinho, conforme apurou o repórter André Plihal da ESPN Brasil, pode ser a grande ausência, sobretudo, por suas apagadas atuações.
Outro assunto que dominou os noticiários foi a entrevista que Scolari deu à Folha de São Paulo onde, entre outras coisas, disse que volante goleador é muito bonito para a imprensa, mas não para o técnico do time. Como era de se esperar, o mundo veio abaixo. O comentário atingiu em cheio os jornalistas esportivos que criticaram duramente o que foi entendido como um retrocesso em relação ao que Mano Menezes vinha fazendo ao escalar Paulinho e Ramires como volantes que marcavam e saiam para o jogo. Mais uma vez, o que se perdeu foi a oportunidade de debate sobre a explicação dada pelo treinador.
A conclusão imediata foi a de que Felipão prefere volantes marcadores e que não primam pela técnica, embora ele não tenha dito isso em nenhum momento e nem escale a Seleção com dois cães de guarda à frente da defesa. Na verdade, o que foi dito é que com a presença no time de Daniel Alves e Marcelo, laterais cuja maior qualidade é o apoio, há a necessidade de se ter pelo menos um volante mais fixo sem que tal medida represente andar para trás. Até mesmo o super ofensivo Barcelona costuma manter o volante Busquets e seus dois zagueiros mais presos para que Daniel e Jordi Alba possam atacar simultaneamente – como aconteceu na derrota para o Bayern – embora isso não signifique que eles não participam do jogo ou que precisam ser, necessariamente, desprovidos de recursos técnicos.
Além disso, quem assistiu aos últimos amistosos da Seleção percebeu que tanto Hernanes quanto Paulinho continuam com liberdade para chegar à frente, enquanto Fernando se fixa mais próximo dos defensores. Inclusive, trata-se de uma função que o atualizadíssimo Tite faz com que Ralf cumpra no Corinthians e nunca se furtou de explicar a importância desse posicionamento no equilíbrio tático do alvinegro paulista. Talvez, no fundo, o que falte a Felipão seja um bom media training, pois agora o técnico tem em seu currículo uma frase como “o gol é apenas um detalhe” de Parreira. A semelhança está no fato de ambas terem sido descontextualizadas para representar algo que não se viu na prática.  
Os rivais
A CBF atualizou o calendário da Seleção Brasileira em 2013. Antes da Copa das Confederações, o Brasil enfrentará a Inglaterra no dia 2 de junho no Maracanã e, uma semana depois, a França na Arena do Grêmio. Após a citada competição, os comandados de Scolari terão pela frente a Suíça em 14 de agosto e Portugal no dia 9 de setembro na cidade de Boston, EUA. A seguir, será a vez do chamado Superclássico das Américas contra a Argentina em 18 de setembro e 2 de outubro. Os dias 11 e 22 de outubro, 15 e 19 de novembro também são datas pré-estabelecidas, porém, ainda sem adversários confirmados.                           
De olho na Copa
Jerome Valcke, não perde por ficar calado. Mais uma vez, o secretário-geral da FIFA provocou polêmica ao dizer que é mais fácil organizar um Mundial em países onde há menos democracia. O dirigente ainda lembrou que o Brasil tem três níveis (federal, estadual e municipal) executivos e que isso atrapalha o andamento das obras. Como se isso não bastasse, Valcke citou que a presença de um chefe de estado forte como Vladimir Putin deve fazer com que as coisas transcorram de maneira mais fácil na Rússia que sediará a Copa do Mundo em 2018. O secretário não disse, embora certamente saiba, que os atrasos no Brasil estão muito mais ligados à corrupção endêmica em nosso país do que às divisões governamentais.
Sobre os problemas com atrasos e gastos exorbitantes ligados à realização da Copa, recomendo o ótimo texto de Thiago Arantes sobre a “Copa que o Brasil já perdeu”.
O Maracanã foi reaberto no último sábado e o evento-teste programado foi o amistoso “Amigos de Ronaldo contra Amigos de Bebeto”. Chamou a atenção a ausência de Zico, maior artilheiro do estádio com 333 gols, além de outras figuras ligadas à história daquele local. Um fato nada surpreendente, em se tratando das pessoas ligadas ao projeto.  
Confira abaixo o andamento das obras:         
Obras concluídas: Belo Horizonte, Ceará, Rio de Janeiro e Salvador;
Dentro do previsto: Brasília;  
Apresentando atrasos: Cuiabá, Porto Alegre e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus, Natal e Recife.
Crédito das Imagens: Folha de São Paulo e AFP

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Jerome Walcke realmente entende de exagero de democracia, pois é de uma entidade que teve um mesmo presidente por 24 anos e que tem o atual há 15 anos no cardo. Para ele, ditadura é o segundo melhor negócio - pois o primeiro é ser observador das obras da Copa.

Brasil x Chile foi tão interessante que aproveitei para fazer minha janta no horário. (risos). A Seleção joga muitas vezes em pouco tempo, o que banaliza a marca. Se jogasse duas vezes seguidas a cada 2 ou 3 meses, tendo uma semana inteira para treinar, seria bem melhor.

Ouvi uma ideia interessante do Luiz Ademar: se é para levar um veterano para a Seleção, nem Kaká, que pouco joga no Real Madrid, e nem Ronaldinho Gaúcho, que decepciona atuando pelo Brasil. Que levassem Alex, do Coritiba, bem em seu retorno. Se for pensar bem, não é nenhum absurdo.

Michel Costa disse...

Sinceramente, acho que eu não levaria nenhum deles, Alexandre. Se fosse optar por um, seria Kaká. Dentre os mais experientes, escolheria JC, Thiago Silva, David Luiz, Daniel Alves, Marcelo, Ramires e Fred. Não vejo necessidade de subir tanto a média de idade como estão dizendo. O que esta Seleção precisa é de rodagem e entrosamento. Felipão tem que definir um time base e deixá-lo jogar. Uma equipe que não precisa ser "imexível", mas que atue junto como acontece com outros grandes selecionados. Afinal, talento não é o problema. Pra mim, tecnicamente, a Seleção atual é superior a de 2010, por exemplo.