domingo, 31 de julho de 2011

Contagem Regressiva: Julho de 2011

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Balanço da Copa América.
Se a competição vencida pelo Uruguai esteve longe de ter o melhor desfecho para a seleção de Mano Menezes, não é possível dizer que não houve evolução da primeira a última partida do Brasil em gramados argentinos. A seguir, os pontos positivos e negativos mostrados pela Seleção Brasileira na Copa América:
Pontos positivos.
- A evolução. Da estreia sem gols contra a Venezuela até a eliminação nos pênaltis diante do Paraguai, a única semelhança está no placar em branco. Apesar das fortes críticas sofridas, a Seleção apresentou alguma melhora, mesmo que lenta;
- Maicon. Após se recuperar de uma temporada em que não começou bem, o lateral da Internazionale mostrou que está pronto para ocupar a vaga que foi sua durante a gestão Dunga;
- Robinho. Depois de um começo ruim, recuperou a titularidade e foi muito bem diante do Paraguai. Continuará no grupo.
- Ganso, Neymar e Pato. Apesar do desempenho abaixo das expectativas, o trio ganhou cancha para as futuras competições.   
Pontos negativos. 
- Júlio César. Muito inseguro em alguns lances, colocou em dúvida sua condição de melhor goleiro brasileiro na atualidade. Falhou duas vezes na vitória por 4x2 sobre o Equador em sua pior atuação com a camisa 1 do Brasil;
- Daniel Alves. Inseguro na defesa e afunilando demais no ataque, nem parecia o jogador que é considerado o melhor do mundo em sua posição. Perdeu espaço para Maicon no onze inicial;
- Lucas. Não foi bem nos treinos e ganhou menos oportunidades do que se esperava. Pelo menos, entrou bem nas quartas-de-final contra o Paraguai, incendiando o time;
- Os volantes. Apesar da boa saída de bola, Lucas e Ramires não conseguiram dar a proteção desejada à defesa. 
Saldo.
Se não foi positivo, também não foi um fiasco. A Copa América deixa evidências de que existe um trabalho sendo feito. Como escrito nesse post, não é hora de jogar tudo para o alto. Até o momento, Mano comandou a Seleção apenas doze vezes, sendo quatro em partidas oficiais. Muito pouco para tirarmos conclusões definitivas sobre um projeto que busca não só a renovação como a mudança na filosofia de jogo.    
Os rivais.  
Estrategicamente perigoso. Desta forma pode ser definida a série de amistosos que o Brasil terá pela frente até o fim do ano. Enfrentar Alemanha (agosto), Espanha (outubro) e Itália (novembro), além da Argentina (duas partidas em setembro com times formados apenas por jogadores que atuam nos dois países) não parece ser o melhor caminho para uma seleção em formação e com o prestígio abalado após a ridícula performance nos pênaltis contra o Paraguai.
O ideal seria mesclar adversários de pequeno, médio e grande porte no decorrer da preparação. Isso porque imprensa esportiva e opinião pública nunca entenderão que possíveis tropeços fazem parte do processo de preparação. Mesmo derrotas diante de adversários de primeiro nível podem fazer soar as costumeiras trombetas do apocalipse e colocar em risco a permanência de Mano Menezes no cargo.   
Abaixo, os jogadores convocados para o amistoso diante da Alemanha, dia 10 de agosto em Stuttgart: 
Goleiros: Júlio César (Internazionale) e Victor (Grêmio);
Zagueiros: David Luiz (Chelsea), Dedé (Vasco), Lúcio (Internazionale) e Thiago Silva (Milan);
Laterais: André Santos (Fenerbahçe), Daniel Alves (Barcelona) e Maicon (Internazionale);
Volantes: Elias (Atlético de Madrid), Luiz Gustavo (Bayern), Ralf (Corinthians) e Ramires (Chelsea);  
Meias: Fernandinho (Shakhtar Donetsk) Lucas Moura (São Paulo), Paulo Henrique Ganso (Santos) e Renato Augusto (Bayer Leverkusen);
Atacantes: Alexandre Pato (Milan), Fred (Fluminense), Jonas (Valencia), Neymar (Santos) e Robinho (Milan).
Os estreantes da lista são os volantes Luiz Gustavo e Ralf, convocados pelas ausências do suspenso Lucas e do lesionado Sandro, e o jovem zagueiro Dedé. O chamado do jogador do Bayern é uma “vitória” sobre a Alemanha que já havia manifestado interesse em ter o versátil jogador com a camisa da Nationalmannschaft. Os meias Fernandinho e Renato Augusto e o atacante Jonas também retornam à Seleção.
Entre as principais ausências estão os veteranos Luisão e Elano que disputaram a Copa América, mas que não devem participar do processo de renovação. Marcelo, Hernanes e Hulk, pedidos por muitos, continuam de fora.        
Mundial Sub-20.
A Seleção Brasileira estreou no Mundial da Colômbia com um empate diante do Egito. Os principais nomes da Seleção comandada por Ney Franco são os volantes Danilo, do Santos, e Casemiro, do São Paulo, além dos meias Oscar, do Internacional, e Philippe Coutinho da Internazionale de Milão. Componentes da Seleção principal, Neymar e Lucas Moura não foram chamados.
De olho na Copa.  
- O mês de julho foi marcado pelo polêmico perfil do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, publicado na revista Piauí. Nele, entre outras barbaridades, o dirigente diz não se preocupar com as denúncias de diversos veículos de imprensa e que, para ele, só importa o que é noticiado pela Rede Globo, dando a entender que possui um acordo com a emissora carioca.
- Em cerimônia realizada na tarde de ontem no Rio de Janeiro, foram sorteados os jogos das Eliminatórias para o Mundial de 2014. Destaque para o grupo I das Eliminatórias europeias que reúne a atual campeã Espanha e a França que duelarão por uma vaga direta para a Copa, uma vez que os segundos colocados de cada grupo terão que disputar uma repescagem para assegurar um lugar.
- Através do assessor de imprensa Rodrigo Paiva, o Comitê Organizador Local afirma que todos os estádios das 12 sedes estarão prontos até o fim de 2013 e que o cronograma está dentro do previsto. Todavia, o andamento das obras mostram que não é bem assim:
Dentro do previsto: Belo Horizonte, Brasília e Salvador;
Apresentando atrasos: Cuiabá, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus, Natal e São Paulo.    
Imagens: Mowa Press, Reuters e Revista Piauí (arte de Cárcamo)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aquela velha conversa de bar.

A participação do Internacional na recém-encerrada Audi Cup ressuscitou uma velha discussão: Os melhores clubes brasileiros são páreo para os grandes da Europa?
Como é natural nos debates futebolísticos por aqui, as respostas mais comuns manifestam opiniões extremas. Enquanto alguns acreditam que não há comparação, pois as equipes europeias são muito mais fortes, outros dizem que os brasileiros podem jogar de igual para igual.
O mais curioso nisso tudo é que ambos os lados frequentemente ignoram os jogos entre as equipes, único parâmetro disponível, e se agarram a conceitos forjados em elementos mais subjetivos como poderio financeiro, status dos atletas e interesse demonstrado nas competições.
Particularmente, prefiro observar os embates. Não como a Audi Cup, onde a própria fórmula de disputa impossibilita análises mais profundas, mas finais como o Mundial de Clubes e amistosos à vera. Nesses jogos, que acompanho desde o início dos anos 1990, foi possível perceber duas coisas:
- Até o surgimento da chamada Lei Bosman o equilíbrio imperava. Quase não havia muita diferença técnica entre as grandes equipes. Os duelos do São Paulo de Telê contra Barcelona (92) e Milan (93) são bons exemplos.
- Após a citada lei, as coisas mudaram de figura. Podendo contratar os melhores do mundo, os gigantes do Velho Continente se tornaram verdadeiras seleções, mas, ao mesmo tempo, concentraram os melhores jogadores numa elite cada vez menor. Um grupo seletíssimo, baseado em países como Inglaterra, Espanha e Itália, além do Bayern na Alemanha.
Mesmo sim, nas poucas oportunidades que o nosso calendário estrangulador permitiu, as partidas entre brasileiros e europeus apresentaram uma diferença – sobretudo nos placares – menor do que supõe o tamanho dos cofres e o glamour dos elencos.
Existem muitas explicações para isso, mas acredito que a principal se encontra no fato de que os times locais são, em sua maioria, formados por jovens jogadores que ainda não consolidaram suas carreiras no exterior. Quem viu Juninho Pernambucano entortando o lendário Fernando Redondo na final de 1998 não seria capaz de afirmar que ali estava o homem que mudaria para sempre o destino do Lyon. E quem via um impúbere Alexandre Pato no comando do ataque do Inter de 2006, talvez não imaginasse que ali estaria um titular do Milan e da Seleção Brasileira anos depois.
Infelizmente, são raras as oportunidades em que as forças locais se opõem aos multimilionários da bola. Todavia, nas poucas vezes em que isso aconteceu, as contas bancárias não estabeleceram o abismo que muitos supõem existir.         
Imagem: Reuters    

domingo, 24 de julho de 2011

Não foi apenas a raça.

Equivocam-se aqueles que pensam que o título da Copa América conquistado pelo Uruguai é fruto apenas da raça e do patriotismo dos jogadores. Esses elementos quase sempre estiveram presentes nas campanhas da Celeste Olímpica e nunca foram garantia de sucesso. Aliás, em várias ocasiões essa valentia se confundiu com violência e acabou prejudicando o próprio selecionado.
O triunfo uruguaio tem como marca maior a continuidade e a qualidade do trabalho de Óscar Tabárez, técnico que soube conduzir de maneira brilhante a geração mais talentosa dos últimos anos e que mostrou ao mundo que a quarta colocação no Mundial da África do Sul não foi obra do acaso e de uma tabela favorável.
Olhando para os nossos umbigos, se existe algo que os brasileiros deveriam copiar da seleção uruguaia não é a raça ou amor à camisa. Não creio que isso tenha faltado em gramados argentinos. Inclusive, a seleção de Dunga tinha essas características de sobra e não foi suficiente para garantir o hexa.
O que falta ao Brasil é continuidade. Parar de jogar tudo no lixo a cada resultado abaixo das expectativas. É perceber que é muito mais difícil recomeçar tudo do zero do que promover uma transição de gerações de forma menos traumática. Esta sim é a verdadeira lição deixada por esta Copa América.     
Imagem: Reuters

sábado, 23 de julho de 2011

A4L recomenda:

Porquê tantas vitórias?
Antes de tudo é preciso dizer que “Porquê tantas vitórias?” é basicamente um livro técnico. Quem espera encontrar os aspectos psicológicos que José Mourinho utiliza para controlar vestiários, provocar adversários e lidar com a imprensa, vai se decepcionar.
A obra escrita por Bruno Oliveira, Nuno Almeida, Nuno Resende e Ricardo Barreto se dedica a mostrar como o técnico mais conceituado da atualidade desconstruiu o mito da preparação física tradicional - onde a bola só é vista após vários dias de pesados treinos – e implantou seu sistema único, onde em todos os treinamentos a bola está presente e é fundamental.
Na metodologia idealizada pelo atual manager do Real Madrid, os treinos devem ser utilizados exclusivamente para que sejam vivenciadas as situações de jogo, através da periodização tática e repetição de movimentos. Tudo está relacionado ao que os atletas encontrarão em campo. Para Mourinho, a sala de musculação é uma ferramenta do departamento médico.
No que diz respeito aos sistemas táticos, o português diz que prefere trabalhar com dois sistemas: o 4-3-3 e o 4-4-2 (com o meio-campo em losango). No primeiro, acredita que as funções estão bem estabelecidas, não sendo necessário pensar muito. Por outro lado, a segunda formação necessita de uma maior concentração dos jogadores, onde os meio-campistas devem ter total consciência de seus movimentos.
Sem dúvida, “Porquê tantas vitórias” nos traz uma visão complexa de como Mourinho treina suas equipes e explica didaticamente por que a preparação dita tradicional não é a que melhor prepara um time, uma vez que os pesados treinos físicos estão desconectados do que se fará nas partidas. Porém, não é possível resumir o treinador apenas aos seus treinos. Mourinho também é conhecido por sua forma de enxergar o futebol, como lida com seus comandados e rivais e por lidar como nenhum outro com o ambiente em que vive. E justamente por reunir tantas qualidades, deixou a modéstia de lado para se dizer especial. Não está mentindo.      

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pontos e Vírgulas.

Coluna destinada a comentar as opiniões emitidas pelo órgão responsável pela chegada de informações ao público aficionado pelo futebol: a imprensa esportiva. Afinal, bem ou mal, é através dela que tomamos conhecimento de (quase) tudo o que cerca o mundo da bola.
Ignorância e desrespeito.
Não sei viverei décadas suficientes para ver a evolução da imprensa esportiva brasileira como um todo. Salvo algumas exceções, a maior parte é formada por pessoas que simplesmente não conhecem o esporte em que trabalham. Comentam, criticam e por vezes debocham de algo complemente alheio aos seus conhecimentos.
O que houve após a eliminação da Seleção Brasileira da Copa América relembrou os patéticos momentos tão comuns após uma derrota em Copa do Mundo. Não que a participação brasileira na competição tenha sido auspiciosa. Isso definitivamente não foi. Além do que, conhecendo a imprensa de seu país, Mano Menezes deveria ter evitado citar o pasto onde Brasil e Paraguai se enfrentaram como explicação para a perda de quatro pênaltis. Mesmo que o técnico esteja parcialmente certo, o momento não era o mais oportuno.
Mesmo assim, nada justifica o festival de asneiras que tivemos nesta semana. Além do contínuo exercício de comentar em cima do resultado, construíram-se teses do nível de “o Neymar precisa cortar aquele cabelo se quiser jogar na Seleção” que poluíram comentários e matérias pelo país. Isso sem falar nos pedidos de saída de Mano como se a formação de uma equipe não demandasse um tempo maior do que as doze partidas recém-completadas pela atual gestão.
Todavia, nada se compara com o vídeo abaixo. Que o apresentador Jorge Kajuru nunca mediu as consequências dos seus atos, todo mundo sabe. Mas a maneira como ele ofendeu a dignidade de Mano Menezes ultrapassou qualquer limite que alguém que se julga jornalista poderia ultrapassar. Nada justifica tal escárnio. Um técnico de futebol jamais estará livre de críticas, mesmo que as mais estapafúrdias. Só que respeito, este nunca pode faltar.  

domingo, 17 de julho de 2011

Não é hora de jogar tudo para o alto.

Ao contrário do que muitos acreditam, um ano de trabalho para um treinador de seleção é pouco. O empate diante do Paraguai – que custou a eliminação brasileira da Copa América nos pênaltis – foi apenas a quarta partida oficial do Brasil de Mano Menezes e a décima segunda no geral. Para um trabalho que começou quase do zero, já houve evolução, mesmo que lenta.   
Este período em território argentino serviu para observar pontos fundamentais na construção de uma nova seleção. Serviu para entrosar o time base, passar aos jogadores o que pensa o treinador e batizar os mais jovens com a camisa amarela. Também serviu para constatarmos o quanto se precipitaram aqueles que viam em Paulo Henrique Ganso e Neymar craques prontos e acabados. No entanto, crucificá-los agora seria uma atitude covarde e estúpida. Não falta talento a dupla santista. Falta rodagem, algo que só virá com o tempo.
O importante agora é que não se coloque tudo a perder. Demitir Mano agora significa dar dez passos atrás na preparação para a Copa do Mundo, o real objetivo. O momento é para se pesar os erros e os acertos e usá-los como lições para o futuro. Serão longos três anos até o Mundial.      
Imagem: Reuters

Lembra desse?!

Aquele lance ou momento que você, por um motivo ou outro, nunca esqueceu.
A maior alegria que o futebol me deu.
Como bem lembrou o jornalista Pedro Venancio em seu twitter, completam-se hoje 17 anos do tetracampeonato mundial da Seleção Brasileira. Frequentemente criticado, o título conquistado nos Estados Unidos tirou o Brasil de uma fila que já durava 24 anos e, de quebra, ajudou a resgatar a auto-estima do povo brasileiro, abalada após anos de derrotas dentro e fora dos gramados.
Outra marca do Mundial de 1994 foi a reunião de diversos craques como poucas vezes se viu. Além dos campeões Romário e Bebeto, também desfilaram por gramados estadunidenses feras como Baresi, Maldini, Baggio, Maradona, Redondo, Batistuta, Koeman, Bergkamp, Rijkaard, Overmars, Hierro, Stoichkov, Hagi, Brolin, Klinsmann, Matthaus, Preud’homme, Scifo e Roger Milla, uma constelação como poucas vezes se viu.
E de todas as lembranças que eu tenho do futebol o som de Galvão Bueno gritando “Acabou! Acabou! É tetra! É tetra” é sem dúvida a melhor.
Você conhece alguma história interessante sobre o mundo da bola?
Mande-a para meu e-mail: a4l@bol.com.br e coloque no assunto: 'Lembra desse?!' e ela poderá ser publicada aqui!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estranhas Seleções.

Sempre após as competições, surgem as famosas seleções do campeonato. Normalmente, esses selecionados geram discussões acaloradas, onde um ou mais jogadores invariavelmente são injustiçados.
Como bom louco por futebol, costumo escalar mentalmente as mais diversas e estranhas seleções. Da melhor à pior. Aliás, esse é um bom passa-tempo para esperar o sono chegar.
Algumas delas faço questão de divulgar. Talvez rendam um bom debate ou boas risadas...
Seleção “Sai que esse clube não te pertence!”
Como a janela de transferências internacionais tem seu encerramento marcado para a próxima semana, resta pouco tempo para clubes brasileiros e europeus buscarem reforçar seus plantéis ou mesmo seus caixas. No caso do Velho Continente, este é o momento de grandes jogadores trocarem de clube, mas também é o momento de alguns jogadores nem tão bons conquistarem espaço em agremiações acima de suas capacidades.
Pensando assim, selecionei um time que, definitivamente, não pode reclamar a sorte...   
Manuel Almunia (Arsenal desde 2004): Se um grande time começa por um grande goleiro, o Arsenal começou mal. Inseguro e irregular, os Gunners já viram muitos pontos escorrerem pelo ralo graças ao seu arqueiro;
Marco Motta (Juventus desde 2010): Contratado para ser solução da lateral direita dos Biancocelesti, nunca se firmou. Chegou a perder a posição para Sorensen de apenas 19 anos;
Raúl Albiol (Real Madrid desde 2009): Contratado por absurdos 15 milhões de euros, não conquistou a confiança do técnico José Mourinho que pediu a contratação do veterano Ricardo Carvalho;
Gabriel Milito (Barcelona desde 2007): Chegam a ser divertidas as improvisações do técnico Guardiola para não escalar o lento zagueiro. Titular da Argentina na Copa América, Milito mostrou logo na primeira partida o quão perigosa pode ser sua presença em campo;
Álvaro Arbeloa (Real Madrid desde 2009): Ex-jogador do Liverpool, atualmente no Real Madrid e presença frequente nas convocações de Vicente del Bosque. Esse não pode reclamar da vida mesmo;
Christian Poulsen (Liverpool desde 2010): Volante pegador, Poulsen é mais conhecido por suas entradas e provocações do que por seu futebol. Inexplicavelmente, o dinamarquês já defendeu Schalke 04, Sevilla e Juventus;
McDonald Mariga (Internazionale desde 2010): Estatura, força e só. Deve ser por isso que Usain Bolt jura que vai jogar futebol quando pendurar as sapatilhas;
Rodrigo Taddei (Roma desde 2005): Certo, Taddei é esforçado e versátil, mas daí a jogar na Roma por tantos anos vai uma looonga distância;
Gabriel Obertan (Manchester United desde 2009): Nem só de “Chicharitos” vive Alex Ferguson. O experiente treinador também erra. O glorioso Obertan está aí para não me deixar mentir;
Nicklas Bendtner (Arsenal desde 2005): Especialista em matar bolas na canela, o atacante dinamarquês sonha em jogar no Barcelona. O futebol é mesmo uma benção;
Tiago Bebé (Manchester United desde 2010): Mais um exemplo de que o Ferguson também costuma acertar a ferradura. Ouvindo os conselhos do ex-auxiliar Carlos Queiróz, o manager contratou o ex-sem-teto português que nunca havia jogado na primeira divisão de seu país por inacreditáveis 9 milhões de euros!    
Técnico: Roberto Mancini (Manchester City desde 2009): Todos sabem que o Xeique Mansour vem gastando rios de dinheiro para tornar o City campeão de tudo. Mas, se essa é a intenção, não será com Mancini que isso vai acontecer. Pragmático e sem ousadia, o italiano parece mais indicado para o comando de equipes menos ambiciosas.    
Esqueci de alguém? Viu alguma injustiça? Comente!
Nota: Este post tem o único intuito de fazer uma brincadeira. Nada contra os profissionais que ganham seu dinheiro honestamente.
Imagem: Wikipédia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Enfim, Messi.

Até a vitória da Argentina por 3 a 0 sobre a Costa Rica na última rodada da fase de grupos da Copa América, um dilema atormentava a seleção comandada por Sergio Batista: Por que Lionel Messi não joga bem na Argentina?
Em busca de uma resposta, inúmeras hipóteses foram ventiladas. Desde uma improvável falta de patriotismo (manifestada no hino não entoado), passando pela falta de entrosamento, até a qualidade inferior de seus compatriotas quando comparados com os companheiros de Barcelona. Difícil afirmar qual é a razão, no entanto, era evidente que essa situação estava incomodando o jogador e que a atuação de ontem pelo menos diminui a pressão sobre seus ombros.
Que Messi é um craque não se discute. Sua agilidade, capacidade de descortinar jogadas com dribles e fintas e seu poder de finalização o colocam entre os melhores jogadores de todos os tempos. Porém, atuar bem pela seleção também é importante. Faz parte da construção de sua lenda pessoal. Ser campeão ou não depende da ajuda de seus companheiros, mas suas apresentações individuais são de sua responsabilidade quase exclusiva.
Não estou entre aqueles que defendem que a Argentina copie a maneira de atuar do Barcelona para simular o ambiente perfeito para Messi. A escola de futebol é outra, o tempo de treinamento é muito menor e as características dos atletas são distintas. Antes de tudo, o técnico Batista deve buscar a formação de um time, explorando as peças que tem à disposição. E, dentro desse time, dar ao seu camisa 10 toda liberdade que ele precisa para brilhar. Depois é com ele.
Imagem: Fernando Vergara, AP.

domingo, 10 de julho de 2011

A verdadeira razão.

Via de regra, torcer por um time de futebol não é uma opção consciente. Pode até ser algo passado de pai para filho, mas se não houver identificação com as cores e a história do clube, nada feito. Torcer é uma questão de sentimento. Você vibra com as vitórias, sofre com as derrotas e nem sabe exatamente o motivo.    
Por isso, não compreendo aqueles que dizem não torcer pela Seleção Brasileira por causa de Ricardo Teixeira. Justamente porque essa não é a mesma reação quando seu clube de coração é presidido por algum crápula. No Brasil, as torcidas dos times não diminuem quando a cartolagem é corrupta. Isso normalmente acontece quando há longos períodos de jejum de títulos. Em outras palavras, as pessoas separam a revolta com o dirigente da paixão que têm pelo clube.
Um ótimo exemplo é o “reinado” de Eurico Miranda no Vasco. Os cruzmaltinos mais esclarecidos queriam o ex-deputado longe de São Januário, mas nem por isso deixavam de amar seu clube. Aliás, é justamente essa paixão que não permitia que esses fãs abandonassem o time apesar da presença nefasta de seu presidente.
Curiosamente, o mesmo raciocínio não é aplicado à Seleção. Além da repulsa provocada por Teixeira, há certa irritação (ou seria inveja?) das pessoas com os jogadores milionários que atuam no exterior e vestem a amarelinha. Frequentemente, perguntam em tom irônico o que seria deles caso não praticassem esse esporte. Puro preconceito com pessoas que nasceram pobres e que venceram na vida por mérito próprio.
Vale lembrar também da visão equivocada e alimentada por parte da imprensa de que o Brasil precisa ganhar tudo. Aqui, ainda se cultiva o entendimento de que a Seleção só perde para ela mesma e que quando não ganha é porque tudo está errado. Simplesmente não aceitam a presença de um adversário qualificado do outro lado e que derrotas fazem parte do futebol. Essas derrotas provocam uma frustração nas pessoas que, em resposta, passam a ignorar ou torcer contra.
Isso sem falar na absurda imposição de ganhar e ainda dar espetáculo. O futebol não funciona assim. Com o atual calendário apertado, as seleções dispõem de pouco tempo para treinar. A princípio, o técnico deve buscar o entrosamento e competitividade. Jogar bem (que é algo subjetivo) é uma coisa que vem com o tempo.
Por essas e outras, vejo com alguma desconfiança quando ouço alguém dizendo que não torce ou deixou de torcer pela Seleção por causa do presidente da CBF. Acredito que a verdadeira razão provavelmente está entre as citadas acima. Mas é bem mais fácil justificar com um argumento coberto pelo verniz da razão.
Foto: AFP

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Afinal, o que queremos?

Historicamente, a palavra “planejamento” nunca fez parte do dicionário dos dirigentes brasileiros. Sempre seguindo a cartilha do amadorismo, os responsáveis pelos rumos de nossa seleção e de nossos clubes são capazes de reduzir a pó qualquer estrutura que vise médio e longo prazo.
No entanto, num breve ato de reflexão é possível perceber que a maneira como os cartolas enxergam o futebol é muito parecida com o que pensam – em sua maioria – torcedores e jornalistas esportivos. A cobrança de resultados imediatos e o desprezo à continuidade é uma marca nacional. Não tenho conta de quantas vezes vi dirigentes jogando trabalhos pelo ralo, jornalistas fazendo uso das mais possantes cornetas e torcedores pedindo a cabeça do técnico a cada derrota. Trata-se de uma característica atávica dos brasileiros.
O melhor reflexo dessa mentalidade pode ser observado na Seleção Brasileira. Excetuando as peculiaridades regionais, a visão e a cobrança costumam ser as mesmas. Qualquer resultado ruim é capaz de levar o torcedor da confiança extrema à depressão. Carlos Alberto Parreira e Dunga sentiram isso na pele. Ambos chegaram à Copa do Mundo com o time pronto e com boa aprovação pública, mas viram tudo se transformar em pó depois da eliminação. 
Antes da Copa de 2006, Parreira se proclamava um “gestor de talentos” tantas eram as opções daquele momento. O experiente treinador conduziu todo o processo após o pentacampeonato de 2002 com tranquilidade. Promoveu as saídas de veteranos como Rivaldo e as entradas de jovens jogadores como Kaká e Robinho no momento certo, venceu a Copa América de 2004 com um time praticamente reserva, faturou a Copa das Confederações no ano seguinte e, de quebra, classificou a Seleção em primeiro lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas. Tudo como manda o figurino, até chegar à preparação em Weggis, Suíça. Ali, Parreira percebeu que parte de sua constelação estava dizimada por uma temporada desgastante, enquanto outra se apresentou absolutamente fora de forma. E quando isso se somou a uma preparação quase circense estava claro que não poderia dar certo.
Em seguida, Dunga chegou para colocar ordem na casa. Na visão da CBF nada melhor do que um ex-capitão durão para colocar os craques folgados nos eixos e resgatar o “amor à camisa”. Ricardo Teixeira chegou a dizer que seria a Seleção mais fechada de todos os tempos. Todavia, como a velha piada do gênio da lâmpada que não fazia nada certo, os desejos de torcida e imprensa foram atendidos por vias tortas. O time se tornou uma espécie de exército, trancafiado, longe de tudo e com o seu comandante em guerra com a imprensa. Devoção a causa não faltava, porém, o talento ficou em segundo plano. Novamente, não deu certo.  
Não me surpreendi quando Teixeira apareceu no programa “Bem Amigos” do Sportv logo após a derrota brasileira para a Holanda se eximindo de qualquer responsabilidade e jogando o então ex-treinador Dunga aos leões. O dirigente disse que o Brasil seguiria um novo rumo e que a renovação era o caminho, mesmo que isso implicasse em derrotas no percurso.
Entretanto, a primeira iniciativa da nova “filosofia teixeiriana” não poderia soar mais incoerente. Se as pessoas pediam um time mais solto e suplicavam pelo renascimento da escola brasileira, nada mais ilógico do que oferecer o comando desse novo projeto a Muricy Ramalho que, embora tenha inegável capacidade para montar times competitivos, não é muito mais do que um Dunga com currículo. Felizmente, o então técnico do Fluminense recusou o chamado. 
Então, por linhas tortas, a CBF chegou a Mano Menezes. Inteligente, o técnico gaúcho conseguiu combinar o desejo dos fãs com seu entendimento do futebol atual e construiu uma filosofia baseada no protagonismo e na iniciativa de jogo. Para tal missão, Mano conta com uma boa e jovem geração com características compatíveis com a proposta de jogo. Todavia, não será de uma hora para a outra que esses jovens formarão um time na acepção da palavra. Isso vai demandar tempo e treinamento. Maus resultados no início não deveriam colocar em xeque tudo o que se planeja para esta Seleção. Caso contrário, estaremos provando mais uma vez que para o futebol brasileiro a única filosofia que se enxerga é a da vitória.    
Créditos das imagens: AFP (Parreira), Reuters (Dunga), Agência Estado (Mano Menezes).

domingo, 3 de julho de 2011

Sinal amarelo.

Há alguns anos, uma crítica do comentarista Walter Casagrande me causou algum espanto: “O Parreira é muito pragmático. Ele treina até as substituições!” Na ocasião, assim como hoje, dei razão ao ex-treinador. Afinal, nada melhor do que treinar para as situações adversas que o seu time pode encontrar.
Vendo as intervenções do técnico Mano Menezes durante o modorrento empate por 0 a 0 diante da Venezuela, me lembrei daquela passagem. Segundo o jornalista Paulo Vinícius Coelho, Mano não realizou nenhuma alteração durante os treinos da Seleção em Los Cardales. Não por acaso, as entradas de Fred no lugar de Robinho e Lucas Moura na vaga de Pato (talvez o melhor em campo) não fizeram sentido.
Obviamente, a falta de variações não foi a única razão para o futebol praticado. Jogadores importantes como Ganso e Neymar ficaram abaixo do que se esperava e faltou movimentação. Robinho, sumido em campo, é quem deveria ter saído para a entrada do incisivo Lucas.
Agora, a Seleção terá cinco dias para se preparar para o duelo diante do Paraguai. Passado o nervosismo da estreia, é hora desses jovens começarem a mostrar do que são capazes. Talento não falta. Atitude, talvez.     
Crédito da Imagem: AFP

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Rei? Ainda não.

Ser titular e principal jogador de uma seleção pentacampeã mundial aos 19 anos não é para qualquer um. Também não é fácil ser o maior destaque de uma Copa Libertadores com essa idade. Pois Neymar conseguiu isso e pode alcançar muito mais.
E “pode” é a palavra-chave. Neymar tem toda condição técnica para se tornar um dos melhores do mundo, mas isso ainda não aconteceu. Para tanto, falta a inevitável transferência para o futebol europeu, a afirmação numa grande liga europeia e disputar pelo menos uma competição oficial com a Seleção principal.
Exatamente por isso, me causam espanto as inúmeras matérias elevando a jóia santista ao status de craque consagrado. Isso sem falar nas comparações com Messi, ora ampliadas pela disputa da Copa América. Como comparar um verdadeiro gênio eleito o melhor do mundo duas vezes – e que provavelmente será eleito pela terceira vez – com um jogador cinco anos mais novo e com um currículo bem mais modesto? Difícil.
Mas que fique claro. Este texto não tenta, de forma alguma, diminuir Neymar. Até acho que o brasileiro é melhor hoje do que Messi era com a mesma idade. Em 2006, o argentino ainda disputava a ponta direita do Barcelona com o apenas esforçado Giuly, muitas vezes era visto como uma espécie de fiel escudeiro de Ronaldinho Gaúcho e no Mundial da Alemanha, só foi titular em uma oportunidade. O intuito aqui é apenas dimensionar diferentes estágios nas carreiras de dois atletas acima da média. Neymar pode até superar Messi um dia. Porém, ainda existe um longo caminho a ser percorrido.