domingo, 30 de janeiro de 2011

Question.

Aviso!
O Question, em sua terceira edição, está de volta ao Além das Quatro Linhas e terá seu primeiro desafio publicado na próxima sexta-feira. Assim como na edição anterior, o primeiro acertador receberá três pontos e os outros acertadores receberão um ponto.
Ao final de quinze semanas, será declarado vencedor aquele que somar mais pontos. O primeiro critério de desempate é o maior número de “primeiros acertos”. O segundo critério é o último “primeiro acerto”. E o terceiro critério é o maior número de “segundos acertos”. Embora este último seja praticamente impossível de ser utilizado.
Novamente, os desafios terão como objeto fotos de jogadores ou treinadores do presente e do passado ou uma combinação de dicas que resultam num único nome. Aqueles que participaram das outras edições já sabem como funciona.
O primeiro colocado receberá em casa um livro, a sua escolha, com o tema futebol. Na primeira edição do Question, o vencedor foi o grande Rodolfo Moura que, infelizmente, encerrou os trabalhos no Calcio Serie A, blog-irmão deste. Como campeão, Rodolfo escolheu “As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos” de Mauro Beting. Na segunda temporada, o prêmio ficou com o indecifrável Yuri Barros, que escolheu “Vencer ou Morrer: Futebol, Geopolítica e Identidade Nacional” de Gilberto Agostino.
No mais, espero contar com a presença de todos para que a terceira edição seja a mais disputada de todas. Até a próxima sexta!  

sábado, 22 de janeiro de 2011

O caminho de Messi.

Responda rápido: Em que time jogavam Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho quando alcançaram o auge de suas carreiras? Se você respondeu Barcelona, acertou. E mesmo que haja discussão acerca de outros bons momentos desses craques, vale citar que todos receberam o prêmio de melhor jogador do mundo quando defenderam os Blaugranas. Lembrando que o Fenômeno ainda recebeu outros por Internazionale e Real Madrid.
Tentar cravar um único motivo para essas grandes fases dos brasileiros citados é querer simplificar as coisas. No entanto, pelo menos parte da resposta está no fato do Barcelona ser clube que os abrigava no auge. A filosofia ofensiva e comprometida com o futebol bem jogado do clube é ideal para receber grandes talentos. Além disso, ao contrário do que marcou o passado recente do rival Real Madrid, o Barça sempre se preocupou com o condicionamento físico de seus atletas, algo fundamental no futebol moderno.
Neste momento, o maior craque do time catalão atende pelo nome de Lionel Messi. Os absurdos que o atual melhor do mundo vem produzindo nas últimas temporadas vêm suscitando comparações com o compatriota Diego Maradona, mas as atuações nem tão inspiradas com a camisa albiceleste deixam no ar o porquê de Messi não jogar tão bem por sua seleção e, de certa forma, também servem para enfraquecer a comparação com El Diez.
Uma hipótese está na inferioridade técnica e tática da Argentina quando comparada ao Barcelona. Nos últimos anos, nossos hermanos sofreram com um selecionado mal convocado e mal organizado pelo próprio Maradona, um amontoado ironizado pelo técnico da Alemanha Joachim Löw após o massacre por 4 a 0 nas quartas de final do último Mundial: “Sabíamos que na Argentina eram cinco para defender e cinco para atacar. A Alemanha funciona como um time.”
Messi foi sacrificado por Diego nessa Argentina. Ao contrário do que muitos pensam, o goleador do Barça é atacante puro e não um meia que chega à frente. Inclusive, no clube, Messi vem atuando como um “falso 9”, com o espanhol Villa caindo na esquerda. Na Copa, Messi foi escalado como enganche atrás de Higuaín e Tévez. Um equívoco, pois, apesar de craque, o camisa 10 não tem as características para jogar no meio. Falta-lhe o passe longo, a cabeça erguida para distribuir o jogo e a consciência de que no meio-campo carregar demasiadamente a bola pode não ser uma boa ideia.  
Agora sob o comando de Sergio Batista, espera-se que o pequeno gênio jogue na seleção como sabe, ou seja, mais próximo do gol.. Algo visto no amistoso diante do Brasil, vencido pelos argentinos com um gol solitário seu. Mas se ainda é prematuro dizer que esse Messi já é o mesmo do Barcelona, pelo menos o caminho para que isso se torne uma realidade já foi indicado. Agora depende dele.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Contagem Regressiva: Janeiro de 2011

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Corrida pela 10.
Os últimos meses de 2010 foram marcados pela preocupação de parte da imprensa esportiva sobre quem cumpriria a função de meia armador da Seleção Brasileira e, consequentemente, utilizaria a camisa 10. Naquele momento em que Paulo Henrique Ganso e Kaká se encontravam lesionados, muitos pediram ao técnico Mano Menezes a convocação do argentino Darío Conca, então destaque do Fluminense, e questionavam as poucas opções de um selecionado que, historicamente, se notabilizou justamente por revelar craques com as características necessárias para a tarefa.
Para completar, o recente amistoso contra a Argentina reforçou essa ideia devido às escolhas duvidosas de Mano. Em vez de optar por jogadores que atravessam melhor fase como Hernanes, Alex (Spartak Moscou) ou o jovem Bruno César, o técnico decidiu “ressuscitar” Ronaldinho Gaúcho e apostar em seu ex-comandado Douglas, hoje no Grêmio. Curiosamente, o lance que resultou no gol da vitória argentina se originou de uma bola perdida no meio-campo por um distraído Douglas, causando ainda mais preocupação e pouca reflexão. Isso mesmo, pouca reflexão, já que as primeiras semanas de janeiro trouxeram uma pergunta bem diferente.
Com a promissora recuperação de Ganso e a volta de Kaká aos gramados após a cirurgia no joelho, a pergunta passou a ser “é possível Ganso e Kaká jogarem juntos?”. Logicamente, é importante observar a evolução de Kaká nas próximas partidas do Real Madrid e como Ganso estará no fim de fevereiro, período em que seu retorno é previsto. Todavia, não deixa de ser notável como a opinião sem muita reflexão pode mudar tanto em tão pouco tempo.  
Os rivais.    
No próximo dia 25, o técnico Mano Menezes divulgará a lista de convocados para o amistoso com a França, em Paris, no dia 9 de fevereiro. O palco da partida será o Stade de France, o mesmo da fatídica final da Copa de 1998.
Para promover o encontro, a Federação Francesa de Futebol divulgou o cartaz criado pelo fotógrafo e publicitário Dimitri Daniloff, conhecido pela dose de surrealismo que dá a seus trabalhos. No cartaz, o conhecido galo francês se opõe a uma mulher trajada com uma típica fantasia de Carnaval.
Para o amistoso, Mano acena com a volta de alguns jogadores que estiveram no último Mundial, mas que ainda não haviam figurado em nenhum chamado do novo treinador. A maior expectativa está no retorno de Kaká.
Sub-20.
Teve início ontem o Sul-Americano Sub-20 2011 que além de classificar quatro participantes para o Mundial da categoria, classificará campeão e vice para os Jogos de Londres 2012.
Neste ano, o Peru será a sede da competição e os dez participantes estão divididos em dois grupos:
Grupo A: Argentina, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela;
Grupo B: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Paraguai.
O time brasileiro será comandado pelo técnico Ney Franco que vem mantendo o seguinte time base sistematizado num 4-2-3-1: Gabriel (Cruzeiro); Danilo (Santos), Bruno Uvini (São Paulo), Juan (Internacional) e Alex Sandro (Santos); Zé Eduardo (Parma) e Casemiro (São Paulo); Lucas (São Paulo), Oscar (Internacional) e Neymar (Santos); Henrique (Vitória). O santista Neymar é a estrela da companhia e forte candidato a destaque da competição.
Ao contrário de outras ocasiões em que a CBF contratava profissionais quase desconhecidos para comandarem sua base, Ney Franco foi saudado como uma opção de respeito, dado seu renome e experiência em categorias menores.      
De olho na Copa.  
Após a repercussão de que poderia ficar com todos os lucros da Copa 2014, Ricardo Teixeira recuou e estabeleceu o percentual de apenas 0,1%. As alterações no contrato social foram realizadas alguns dias após a denúncia do diário esportivo Lance!
Outro assunto que dominou os noticiários é a possibilidade da reforma do Maracanã alcançar a absurda cifra de R$ 1 bilhão. Segundo o jornalista Luiz Ernesto Magalhães de O Globo, os sinais de deterioração na cobertura do estádio podem elevar em R$ 300 milhões os R$ 705,5 milhões inicialmente previstos.
Em linhas gerais, podemos classificar o andamento das obras nas sedes da seguinte forma:
Dentro do previsto: Belo Horizonte e Salvador;
Apresentando atrasos: Brasília, Cuiabá, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife;
Situação preocupante: Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre e São Paulo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Top 10

As dez maiores mentiras do futebol brasileiro.
10º - Reinaldo jogou mais do que Ronaldo. Esta é mais comentada aqui em Minas, mas até o “canhotinha” Gérson já disse que Ronaldo não engraxaria as chuteiras de treino de Reinaldo. Tenho certeza que o ídolo atleticano jogou muita bola, mas dizer que um atacante que nunca se firmou na Seleção - mesmo sem ter tido uma concorrência fora de série - foi muito mais jogador do que o maior artilheiro das Copas é, no mínimo, forçar a barra;
9º - Quem “fez” o Pelé foi Garrincha.  Clichê muito repetido pelos mais velhos. Era uma forma de dizer que o ponta botafoguense foi melhor que o Rei. Sei que ambos nunca perderam uma partida atuando juntos pela Seleção, mas ainda não consegui entender a influência do ponta nos mais de mil gols de Pelé pelo Santos;
8º - Zagallo é apenas um sortudo. Além de não ser verdade, essa é uma afirmação injusta. O Velho Lobo tem um dos melhores aproveitamentos entre todos os técnicos que já passaram pela Seleção (79,1%) e, ao contrário do que muitos pensam, promoveu alterações consideráveis no time de João Saldanha antes de conquistar a Copa de 1970;
7º - O Brasil deixou de produzir bons meias. Particularmente, acredito que o pior já passou. No início dos anos 1990, os nomes se resumiam a Raí, Silas e Valdo. Hoje, temos Kaká, Paulo Henrique Ganso, Hernanes, Alex (Spartak), Diego, Bruno César e outros. Boas opções para a camisa 10;
6º - “Time tal é o Brasil na Libertadores!” Fico imaginando um palmeirense torcendo para o Corinthians conquistar uma Libertadores. Isso não existe. Em geral, o que os torcedores mais querem é ver seus rivais derrotados. No fundo, a expressão não passa de tentativa de chamar a audiência;
5º - O Brasil só é derrotado em Copas quando joga mal. É por acreditar nisso que muitas pessoas não conseguem entender as derrotas do Brasil em Copas e são capazes de chamar um vice-campeonato de fracasso. Nenhum país revela tantos jogadores quanto o Brasil, mas isso não significa que seu selecionado é imbatível. Historicamente, em diversos momentos, outras seleções foram melhores e venceram de maneira justa;
4º - A derrota do Brasil em 1982 matou o futebol arte. Não matou, mas aplicou uma lição ao mostrar que no futebol moderno até mesmo um time de craques precisa marcar se quiser vencer. Infelizmente, muitos técnicos brasileiros não entenderam o recado e até hoje estão apegados a conceitos defensivos e descompromissados com a qualidade do jogo;
3º - O futebol do passado é muito melhor do que o de hoje. Não é o que os tapes de antigos jogos mostram. Acontece que a velocidade do jogo mudou e tudo ficou mais intenso. Diante dessa mudança, muitos preferem o futebol mais cadenciado do passado. Mas isso é muito mais uma questão de preferência do que de qualidade;
2º - O Campeonato Brasileiro é o mais difícil do mundo. Pode ser o mais disputado, dado o nível parelho das melhores equipes brasileiras, mas não é o mais difícil quando comparado com as melhores ligas europeias. E o que pode ser difícil para o Fluminense pode não ser para o Barcelona ou para o Manchester United;
1º - A Copa de 1998 foi vendida aos franceses. De todas, acho essa a pior. Além de ser uma acusação leviana, desafia até mesmo a lógica. Fico imaginando executivos de Nike/CBF e Adidas/FFF negociando a venda do título e depois subornando os 22 ricos jogadores brasileiros além da comissão técnica que, entre outros, tinha o correto Zico. E, se era uma partida entregue, por que não despistaram e levaram aquele vareio? Não poderia ser apenas um a zero para não atrair suspeitas?
É cada uma...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A4L Tube.

O novo Rei de Nápoles.
Impressionante a fase vivida pelo uruguaio Edinson Cavani no Napoli. Em 27 partidas, o atacante já anotou 20 gols pelos partenopei (13 pela Serie A) e se tornou objeto de cobiça dos gigantes europeus, embora o clube nem pense em negociá-lo.
Todavia, quase tão impressionantes têm sido as narrações histéricas de Carlo Alvino do Canale 9. A emoção que o italiano deixa transparecer nos gols do camisa 7 é inigualável. Confira abaixo:

Descobriu algum vídeo interessante ou engraçado cujo tema é futebol? Mande-o para meu e-mail: a4l@bol.com.br, colocando no assunto “A4LTube”. Ele poderá ser publicado aqui!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Estranhas Seleções.

Sempre após as competições, surgem as famosas seleções do campeonato. Normalmente, esses selecionados geram discussões acaloradas, onde um ou mais jogadores invariavelmente são injustiçados.
Como bom louco por futebol, costumo escalar mentalmente as mais diversas e estranhas seleções. Da melhor à pior. Aliás, esse é um bom passa-tempo para esperar o sono chegar.
Algumas delas faço questão de divulgar. Talvez rendam um bom debate ou boas risadas...
Seleções da década.
Eu sei. Este blog já elegeu sua seleção da década há um ano. Inclusive, contando com a participação dos ilustres amigos (clique aqui para ler o post). No entanto, a iniciativa do jornalista inglês Sid Lowe de escalar as seleções da década de Barcelona, Real Madrid e La Liga e as recentes publicações da IFFHS me chamaram tanto a atenção que não deu para resistir.
Deste modo, resolvi postar minhas seleções da década nas quatro ligas que mais acompanho: Brasil, Espanha, Inglaterra e Itália. O resultado pode ser conferido abaixo:
Brasil (4-4-2): Rogério Ceni; Leonardo Moura, Thiago Silva, Miranda e Kléber; Mineiro, Hernanes, Kaká e Alex; Robinho e Tévez. Técnico: Muricy Ramalho.
Aqui, é bom deixar claro que a seleção é formada pelos jogadores que melhor atuaram no Brasil e não pelos craques que surgiram neste país, mas foram brilhar na Europa como Júlio César, Maicon e Ronaldinho.
Espanha (4-3-3): Casillas; Daniel Alves, Roberto Ayala, Puyol e Roberto Carlos; Xavi, Iniesta e Zidane; Messi, Eto’o e Ronaldinho. Técnico: Vicente del Bosque.
Impossível seguir uma tática equilibrada na Espanha. São craques demais para deixar de fora. Assim, temos um 4-3-3 sem um marcador de ofício.
Inglaterra (4-4-2): Cech; Carragher, Ferdinand, Terry e Ashley Cole; Cristiano Ronaldo, Gerrard, Lampard e Giggs; Henry e Drogba. Técnico: Sir Alex Ferguson.
No meio-campo, uma britânica linha de quatro. Neste caso, uma linha quase imbatível.
Itália (4-4-2): Buffon; Zanetti, Nesta, Cannavaro e Maldini; Pirlo, De Rossi, Kaká e Nedved; Del Piero e Ibrahimovic. Técnico: Fabio Capello.
Difícil barrar Thuram, Totti e Shevchenko. Ficam como menções honrosas.
Esqueci de alguém? Viu alguma injustiça? Comente!

sábado, 8 de janeiro de 2011

A Copa não pode pesar tanto.

Nesta segunda-feira, a FIFA e a revista France Football irão anunciar o vencedor da Bola de Ouro de 2010. Nesta edição, os finalistas Iniesta, Xavi e Messi, jogadores do Barcelona, concorrem ao prêmio mais esperado do ano e, por que não dizer, mais polêmico também.
Qualquer pessoa que acompanhou com atenção a temporada europeia e a Copa do Mundo sabe que o holandês Wesley Sneijder não poderia ficar de fora do trio finalista em hipótese alguma. Dos pés do meia partiram boa parte dos passes decisivos para a conquista da Tríplice Coroa da Internazionale. No Mundial, cinco dos gols que levaram a Holanda à final contra a Espanha foram anotados por ele. Precisa mais?
No entanto, segundo o que apurou o jornal italiano La Gazzetta dello Sport, o prêmio deve ficar com o espanhol Andrés Iniesta, autor do gol que deu o primeiro título mundial à Fúria. Obviamente, trata-se de um tento de valor incalculável, mas que poderia ter sido anotado por qualquer um, como o lateral Capdevila por exemplo. Fosse então o jogador do Villarreal o autor, estaria ele pelo menos na pré-lista da FIFA? É possível.
A verdade é que em ano de Copa, a eleição de melhor do mundo fica absolutamente condicionada ao resultado do torneio. Foi assim com Ronaldo em 2002, com Cannavaro em 2006 e deve ser assim agora. O que se fez durante a temporada fica completamente em segundo plano ou, no máximo, serve de complemento do evento. Algo que, infelizmente, depõe contra a credibilidade da premiação.    
Crédito da imagem: Getty Images

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Maneiras e maneiras de se ver futebol.

Até este momento, não se sabe o destino de Ronaldinho Gaúcho. Grêmio, Flamengo e Palmeiras estão oficialmente em leilão pela contração do craque. Sim, leilão, não existe uma palavra que defina melhor o tipo de negociação proposta por seu irmão e agente, Roberto de Assis.
No entanto, o mais certo é que Ronaldinho atue no futebol brasileiro em 2011. Bons analistas como Eduardo Cecconi (aqui) e Carlos Pizzatto (aqui) já projetaram como o jogador poderia ser bem aproveitado no Grêmio (seu destino mais provável), mas ainda não há pistas de como o técnico Renato Portaluppi encara essa questão, com o mesmo se aplicando ao rubro negro Vanderlei Luxemburgo e ao alviverde Felipão.
Embora seja visto por muitos no Brasil como meio-campista, Ronaldinho sempre se deu melhor quando atuou mais à frente, caindo pela ponta esquerda. Foi assim no Barcelona quando alcançou seu auge e foi assim no Milan quando chegou a ficar entre os 30 pré-selecionados de Dunga para o último Mundial. Nas duas ocasiões, uma coisa em comum: a pouca (ou nenhuma) contribuição com o sistema defensivo das equipes.
Pessoas ligadas à antiga diretoria do Barcelona dizem abertamente que a liberdade dada a Ronaldinho se justificava pela magia de seu futebol. Porém, assim que sua produção caiu, as críticas não demoraram a surgir e o banco de reservas acabou sendo o seu destino.
No Milan, se viu uma situação semelhante quando o treinador Massimiliano Allegri preferiu optar pelo voluntarioso Boateng como trequartista a apostar no gaúcho como criador do time. Um equívoco terrível na visão deste blogueiro. Nessa função, o ganense apresenta boa chegada ao ataque e chute forte, mas é só. É de se lamentar que um time que na última década contou com meias do calibre de Boban, Rui Costa e Kaká, hoje tenha um atleta tão limitado tecnicamente naquela faixa do gramado.
Nos últimos tempos, é comum ouvirmos que determinado jogador não serve para o futebol europeu, mas pode fazer a diferença no Brasil. Logo em seguida, exemplos como Romário, Ronaldo, Adriano e Petkovic são citados sem que haja muita contestação. Nunca vi a questão dessa maneira. Para mim, antes de tudo, existe a maneira diferente do brasileiro ver futebol.
Para muitos técnicos, jornalistas e torcedores brasileiros é plenamente aceitável que um meia habilidoso ou um atacante goleador não tenha obrigações defensivas e/ou grande movimentação desde que seja capaz de criar boas jogadas ou marcar muitos gols em troca. Essa é uma cultura brasileira e, por que não dizer, sul-americana. Se está correta ou não, é outra história.
Por sua vez, não faltam casos de meias e atacantes que, apesar da técnica, sempre foram contestados pela rígida visão europeia: Valderrama, Romário, Baggio, Petkovic, Hagi, Ronaldo, Rivaldo, Riquelme, Djalminha, Alex e Robinho foram, cada um ao seu modo, criticados ou cerceados no Velho Continente.
Ainda no PSV, Romário levava o técnico Gus Hiddink à loucura graças a sua total displicência tática. Felizmente para o Baixinho, seus gols em escala industrial garantiam sua titularidade. Gols que o levaram ao Barcelona, como um pedido especial de Johan Cruyff e onde foi mantido sob controle mediante acordos com o chefe que permitiam suas noitadas em troca do balançar das redes. Talvez essa tenha sido a maior razão para Romário nunca ter sido alvo de grande cobiça do futebol italiano, destino de quase todos os craques nos anos 80 e 90.
No mesmo Barcelona em que brilhou Romário, Ronaldo também fez sua história. O Fenômeno foi um Pelé na temporada 1996/97, mas teve que ouvir do então auxiliar José Mourinho que ele deveria participar mais do jogo e não ficar à sombra de seus gols. Anos depois, ainda na Catalunha, Rivaldo enfrentou problemas com o holandês Louis van Gaal que chegou a dizer que o seu compatriota Zenden era mais jogador que o pernambucano.
O genial Roberto Baggio é um exemplo famoso de craque barrado em grandes equipes por contribuir pouco taticamente. Mesmo em seus melhores momentos havia quem o contestasse. No épico “Todos corações do mundo”, um torcedor resume bem o que muitos italianos pensavam do nativo de Caldogno: “É um grande campeão, mas é uma dama. Não corre.” Certa vez, em visita ao Brasil, o meia-atacante se defendeu: “Os técnicos de hoje preferem um jogador capaz de correr 10 km numa partida do que alguém que saiba o que fazer com a bola.”
Até algum tempo atrás, ouvia-se por estes lados pedidos de convocação para o sérvio Dejan Petkovic. Primeiro pediam para o Brasil, depois para seu próprio selecionado. O meio-campo pouco inspirado da Sérvia e Montenegro no Mundial de 2006 deu mais munição aos críticos de sua ausência. Mas uma rápida história contada por Pet dá uma ideia de como a visão europeia é diferente da nossa: “Fui bem numa das poucas chances que tive na seleção. Fiz um gol e dei uma assistência. Quando a partida terminou, perguntei para o técnico o que ele tinha achado e ouvi que eu tinha perdido bolas importantes no meio-campo. Reclamei e só fui chamado de novo num amistoso diante do Brasil.”
Petkovic é um caso emblemático do nosso futebol. Em 2009, ele dificilmente teria vaga num clube pequeno da Espanha ou da Itália, mas foi um dos pilares do título brasileiro do Flamengo naquele ano. Por sua vez, esse mesmo clube europeu deve contar em suas fileiras com algum titular que resume seu futebol a fôlego e abnegação. E receberia um lutador como o romanista Rodrigo Taddei de braços abertos. Afinal, como disse Baggio, os técnicos adoram isso.
Portanto, nunca fiz coro aos que dizem que Petkovic joga no Brasil por que o nível do futebol daqui é muito mais baixo. Historicamente, sempre houve mais liberdade para aqueles que podem decidir individualmente uma partida. Era assim com Júnior no mesmo Flamengo em 1992 e foi assim com Zico no final de sua carreira. Isso num futebol pré-Lei Bosman, quando a maior parte dos grandes jogadores brasileiros ainda fazia a festa de nossos estádios.
Trata-se de uma maneira de enxergar futebol. E, diante dos esforços dos clubes envolvidos na tentativa de trazer Ronaldinho, não resta dúvida de que ele receberá toda liberdade criativa que necessita. Além, é claro, de jogadores destacados para correr para ele.     
Crédito das imagens: Reuters (1 e 2) e O Globo (3).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Equilíbrio suspeito.

A acirrada disputa pelo título da Premier League nesta temporada vem levantando uma pertinente questão: O campeonato inglês está mais competitivo porque os times médios estão mais fortes ou porque os grandes estão mais fracos?
Em princípio, a resposta parecer estar na segunda opção. Ao comparar o desempenho do atual líder Manchester United (41 pontos em 19 partidas) com os campeões dos últimos cinco anos notamos que os Red Devils apresentam um aproveitamento de 72%, inferior aos 75% do Chelsea na temporada passada, aos 80% do mesmo Chelsea em 2005/6 e abaixo do desempenho do próprio United em seu tricampeonato (78% em 2006/7, 76% em 2007/8 e 79% em 2008/9).
Mesmo invicto após disputar o equivalente a um turno, o Manchester United ainda apresenta alguma defasagem em relação a suas campanhas anteriores. As saídas de Cristiano Ronaldo e Carlos Tévez e a má fase de Wayne Rooney explicam, pelo menos em parte, essa queda de rendimento. Por outro lado, o bom momento do búlgaro Dimitar Berbatov ajuda a equilibrar as coisas.
A tese da queda de rendimento dos melhores times também encontra respaldo na campanha do Manchester City, o segundo colocado. Observando que os Sky Blues somaram os mesmos 41 pontos dos rivais locais em 21 partidas, constatamos um aproveitamento de 65%, bem abaixo dos 74,6% do vice-campeão United na temporada passada e inferior a todas as campanhas dos vices nas quatro campanhas anteriores.
E se o Arsenal vem se animando com a possibilidade de encerrar a fila que já dura seis temporadas, é bom que melhore seus atuais 65%, desempenho abaixo dos 66% que deram ao clube de Londres apenas a terceira colocação no certame passado. E até mesmo a elogiada campanha atual do Tottenham (60%) está abaixo do que os Spurs alcançaram para arrebatar a quarta vaga para a Champions League (61%).
Mas nenhuma queda foi tão acentuada quanto a do Chelsea. Seus 35 pontos no campeonato em andamento, correspondem a meros 58%, muito longe dos 75% que deram o título na temporada passada e ainda mais distantes dos 80% de 2005/6, última temporada completa do técnico José Mourinho nos Blues. Tal diferença é atribuída por muitos à saída do auxiliar-técnico Ray Wilkins, mas a menor profundidade de um elenco que perdeu peças como Ricardo Carvalho, Ballack, Deco, Joe Cole e Belletti também deve ser considerada.
De qualquer modo, está nítido que a competitividade atual da Premier League é muito mais fruto da queda de rendimento dos grandes times do que qualquer outro fator. Se por um lado isso torna a disputa muito mais emocionante do que em ocasiões passadas, por outro, deixa evidente que o momento dos clubes britânicos não é mais o mesmo. Todavia, ainda não é possível precisar se isso é apenas um reflexo momentâneo ou se estamos diante do início do declínio da melhor liga do mundo.
Crédito da imagem: Reuters.