sábado, 22 de janeiro de 2011

O caminho de Messi.

Responda rápido: Em que time jogavam Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho quando alcançaram o auge de suas carreiras? Se você respondeu Barcelona, acertou. E mesmo que haja discussão acerca de outros bons momentos desses craques, vale citar que todos receberam o prêmio de melhor jogador do mundo quando defenderam os Blaugranas. Lembrando que o Fenômeno ainda recebeu outros por Internazionale e Real Madrid.
Tentar cravar um único motivo para essas grandes fases dos brasileiros citados é querer simplificar as coisas. No entanto, pelo menos parte da resposta está no fato do Barcelona ser clube que os abrigava no auge. A filosofia ofensiva e comprometida com o futebol bem jogado do clube é ideal para receber grandes talentos. Além disso, ao contrário do que marcou o passado recente do rival Real Madrid, o Barça sempre se preocupou com o condicionamento físico de seus atletas, algo fundamental no futebol moderno.
Neste momento, o maior craque do time catalão atende pelo nome de Lionel Messi. Os absurdos que o atual melhor do mundo vem produzindo nas últimas temporadas vêm suscitando comparações com o compatriota Diego Maradona, mas as atuações nem tão inspiradas com a camisa albiceleste deixam no ar o porquê de Messi não jogar tão bem por sua seleção e, de certa forma, também servem para enfraquecer a comparação com El Diez.
Uma hipótese está na inferioridade técnica e tática da Argentina quando comparada ao Barcelona. Nos últimos anos, nossos hermanos sofreram com um selecionado mal convocado e mal organizado pelo próprio Maradona, um amontoado ironizado pelo técnico da Alemanha Joachim Löw após o massacre por 4 a 0 nas quartas de final do último Mundial: “Sabíamos que na Argentina eram cinco para defender e cinco para atacar. A Alemanha funciona como um time.”
Messi foi sacrificado por Diego nessa Argentina. Ao contrário do que muitos pensam, o goleador do Barça é atacante puro e não um meia que chega à frente. Inclusive, no clube, Messi vem atuando como um “falso 9”, com o espanhol Villa caindo na esquerda. Na Copa, Messi foi escalado como enganche atrás de Higuaín e Tévez. Um equívoco, pois, apesar de craque, o camisa 10 não tem as características para jogar no meio. Falta-lhe o passe longo, a cabeça erguida para distribuir o jogo e a consciência de que no meio-campo carregar demasiadamente a bola pode não ser uma boa ideia.  
Agora sob o comando de Sergio Batista, espera-se que o pequeno gênio jogue na seleção como sabe, ou seja, mais próximo do gol.. Algo visto no amistoso diante do Brasil, vencido pelos argentinos com um gol solitário seu. Mas se ainda é prematuro dizer que esse Messi já é o mesmo do Barcelona, pelo menos o caminho para que isso se torne uma realidade já foi indicado. Agora depende dele.

12 comentários:

Prisma disse...

Michel, não vejo Sergio Batista como esse técnico q possa fazer um esquema de jogo igualmente ao do Barcelona para Messi jogar. A questão é como e quanto tempo o selecionado argentino irá atuar de forma à satisfazer Lionel Messi. Mas se Batista conseguir fazer do minimo para o possivel na Argentina para q Messi tenha as condições de jogo, quem sabe ele não consiga uma copa. Estave revendo o post "As dez maiores mentiras do futebol brasileiro" no Top 10 e sugiro AS DEZ MAIORES MENTIRAS DO FUTEBOL MUNDIAL, até misturando o futebol brasileiro.

Michel Costa disse...

Acredito que nenhum treinador conseguiria fazer a Argentina jogar como o Barcelona, Prisma. E não é por falta de jogadores, mas porque acho impossível que uma seleção consiga atingir o ponto de excelência do Barça sem treinar como um time treina. Talvez a Espanha chegue perto por poder importar meio time barcelonista.
O que quero dizer no post é que Batista pode colocar Messi mais adiantado e elaborar um meio-campo capaz de criar situações de gol para ele. Daí em diante, caberá ao atacante fazer a sua parte.

Quanto a sugestão de Top 10, considere anotada!

Abraços.

Riccardo Joss disse...

Acredito que ser melhor do mundo jogando pelo Barça seja mais fácil que ser o nr.1 jogando no Napoli, em uma época áurea do calcio.

Michel Costa disse...

Também acho uma missão menos difícil, Riccardo. Porém, Messi tem a seu favor o fato de manter números absurdos e ser o protagonista máximo de um time considerado por muitos um dos maiores da história. De certo modo, me lembra Pelé que jogava no timaço do Santos, mas sempre foi a maior estrela.

Abraços.

Thomas disse...

Ambos são jogadores dotados de grande qualidade técnica, isso é indiscutível. Porém, Maradona leva vantagem pelo "simples fato" de, além de ter brilhado pro sua Seleção, tê-la conduzido à 2 finais, sagrando-se campeão em 1986. Além disso, Maradona chama a atenção para si com seu jeito polêmico; Messi, com seu jeito tímido, não tem esse apelo, esse carisma.

P. L. F. V. disse...

Realmente, Michel, me impressiono a cada jogo do Barça. Como esse tal de Messi é genial! Sou mais novo, você sabe, e posso dizer que Lionel é o melhor jogador que eu já vi - embora tenha consciência de que não posso dizer (ainda) da história. Mas, vendo lances de grandes craques do passado, como Maradona, não acho tão absurdo comparar a capacidade de definição dos jogadores. E também acho que, para ele ser colocado mais lado a lado com Diego, falta convencer mais na albiceleste.

Michel Costa disse...

Estou de pleno acordo, Thomas. Além de ter sido fundamental para a Argentina em duas Copas e importante em outras duas (82 e 94), Maradona tem um carisma que Messi nunca terá. Aquele jeito apaixonado de El Diez, aquela identificação com o povo argentino são únicos.
Por outro lado, tecnicamente falando, acredito que Messi pode alcançar Diego. Desde que consiga atuar bem pela seleção assim como faz no Barça.

Abraços.

Michel Costa disse...

De fato a comparação não é absurda, Vinícius. Aliás, faz todo sentido.
No entanto, como comentei com o Thomas, se Messi não atuar de forma decisiva pela Argentina sempre ficará a impressão de que ele só é monstruoso graças ao suporte técnico e psicológico do Barça.

Abraços.

João Caniço disse...

Concordo em parte com a tua leitura, Michel, mas sou da opinião que, independentemente da posição de Messi em campo na selecção argentina, o facto de Iniesta e Xavi serem espanhóis complica muito esse objectivo de igualdade ou maior equilíbrio de rendimento entre as duas formações representadas por Messi. O futebol colectivo do Barça, simples e primeiro toque, tem uma envolvência tal que liberta Messi para a finalização. Sou suspeito porque sou português, mas além de considerar Cristiano Ronaldo mais completo que Messi, penso que CR7 é mais decisivo e importante no esquema madridista do que Messi no Barcelona. Curiosamente, ambos vivem fases de menor fulgor nas respectivas selecções, embora Ronaldo tenha arrancado bem com o novo seleccionador Paulo Bento. Quanto a Sergio Batista não conheço os seus dotes como treinador, logo não vou comentar.
Abraços

Michel Costa disse...

Em termos coletivos é mesmo difícil, JP. Só que o mais importante é que Messi jogue bem pela Argentina, o que não implica, necessariamente, que ele tenha um suporte do mesmo nível. Espero que ele tenha condições de mostrar que é um dos grandes. Acho que isso era atrapalhado pelos equívocos de Maradona.
Quanto a comparação com o C.Ronaldo, concordo que o português é mais completo. Chuta mais forte, é ambidestro, é mais rápido, mais alto e mais forte e ainda rivaliza em números com o argentino (33 gols e 17 assistências em 29 jogos de Messi contra 32 gols e 9 assistências em 30 jogos de CR7). Porém, não vejo no craque lusitano a mesma genialidade que observo no barcelonista. Mal comparando, me lembra o auge de Van Basten e Maradona. O primeiro era uma máquina de fazer gols. Era técnico e letal. Mas um segundo era mágico. E isso bastava.

Abraços.

João Caniço disse...

Boa comparação, Michel. Não por acaso Mourinho, da primeira vez que viu Ronaldo em acção, ainda este era júnior do Sporting, perguntou a alguém se quem estava em campo era o filho do Van Basten.
Ah! E também concordo que a melhor posição para Messi é na frente de ataque, tal como joga no Barcelona, ocupando a faixa da direita até ao centro, com ampla liberdade de movimentos para o seu mágico pé esquerdo.
Abraços

Michel Costa disse...

É verdade, JP. Tinha me esquecido dessa observação de Mourinho. Pelo visto, Mou conseguiu enxergar longe ao ver o púbere Cristiano Ronaldo em ação.

Abraços.