domingo, 2 de janeiro de 2011

Equilíbrio suspeito.

A acirrada disputa pelo título da Premier League nesta temporada vem levantando uma pertinente questão: O campeonato inglês está mais competitivo porque os times médios estão mais fortes ou porque os grandes estão mais fracos?
Em princípio, a resposta parecer estar na segunda opção. Ao comparar o desempenho do atual líder Manchester United (41 pontos em 19 partidas) com os campeões dos últimos cinco anos notamos que os Red Devils apresentam um aproveitamento de 72%, inferior aos 75% do Chelsea na temporada passada, aos 80% do mesmo Chelsea em 2005/6 e abaixo do desempenho do próprio United em seu tricampeonato (78% em 2006/7, 76% em 2007/8 e 79% em 2008/9).
Mesmo invicto após disputar o equivalente a um turno, o Manchester United ainda apresenta alguma defasagem em relação a suas campanhas anteriores. As saídas de Cristiano Ronaldo e Carlos Tévez e a má fase de Wayne Rooney explicam, pelo menos em parte, essa queda de rendimento. Por outro lado, o bom momento do búlgaro Dimitar Berbatov ajuda a equilibrar as coisas.
A tese da queda de rendimento dos melhores times também encontra respaldo na campanha do Manchester City, o segundo colocado. Observando que os Sky Blues somaram os mesmos 41 pontos dos rivais locais em 21 partidas, constatamos um aproveitamento de 65%, bem abaixo dos 74,6% do vice-campeão United na temporada passada e inferior a todas as campanhas dos vices nas quatro campanhas anteriores.
E se o Arsenal vem se animando com a possibilidade de encerrar a fila que já dura seis temporadas, é bom que melhore seus atuais 65%, desempenho abaixo dos 66% que deram ao clube de Londres apenas a terceira colocação no certame passado. E até mesmo a elogiada campanha atual do Tottenham (60%) está abaixo do que os Spurs alcançaram para arrebatar a quarta vaga para a Champions League (61%).
Mas nenhuma queda foi tão acentuada quanto a do Chelsea. Seus 35 pontos no campeonato em andamento, correspondem a meros 58%, muito longe dos 75% que deram o título na temporada passada e ainda mais distantes dos 80% de 2005/6, última temporada completa do técnico José Mourinho nos Blues. Tal diferença é atribuída por muitos à saída do auxiliar-técnico Ray Wilkins, mas a menor profundidade de um elenco que perdeu peças como Ricardo Carvalho, Ballack, Deco, Joe Cole e Belletti também deve ser considerada.
De qualquer modo, está nítido que a competitividade atual da Premier League é muito mais fruto da queda de rendimento dos grandes times do que qualquer outro fator. Se por um lado isso torna a disputa muito mais emocionante do que em ocasiões passadas, por outro, deixa evidente que o momento dos clubes britânicos não é mais o mesmo. Todavia, ainda não é possível precisar se isso é apenas um reflexo momentâneo ou se estamos diante do início do declínio da melhor liga do mundo.
Crédito da imagem: Reuters.

6 comentários:

Prisma disse...

Prefiro esperar o fim do campeonato. Mas uma temporada em que o Tottenham vence o Arsenal no Emirates, O Sunderland vence por 3 a 0 o Chelsea em Stamford Bridge, o Newcastle também vence o Arsenal no Emirates, a temporada já esta boa.

Michel Costa disse...

Sim, Prisma. Só teremos a resposta definitiva daqui a algum tempo. E talvez uma só temporada não seja suficiente como campo de observação. O post faz uma análise do cenário atual, em que se fala do equilíbrio na briga pelo título e tenta debater as causas. No caso da derrota do Chelsea que você citou, ela aconteceu no auge do declínio da equipe, justamente numa parte em que Ancelotti não pôde contar com a zaga titular e Lampard. Já a derrota do Arsenal para o bom Newcastle nada mais é do que a rotina do time de Londres que, há um bom tempo, costuma deixar pontos importantes pelo caminho. Abraços.

Matheus Cristian disse...

Michel, fico com a segunda opção: os menores estão fortalecidos.

Parabéns pelo novo blog. Continuarei passando por aqui, como passava no UOL.

Grande abraço!!!

Michel Costa disse...

Obrigado, Matheus. Conto com sua presença.

Abraços.

João Caniço disse...

Parabéns pelo 'novo' blog, Michel. Naturalmente, vou continuar a passar regularmente pelo teu espaço.
Sobre a 'Premiership' também creio estarmos na presença do início do declínio como a maior liga europeia. O investimento absurdo e muitas vezes suspeitos de multimilionários (alguns deles criminosos?) transformou o campeonato numa loucura em termos financeiros não surpreendendo os muitos milhões de libras que os principais clubes acumulam em dívidas. Com o fim dessa fase louca, excepção talvez só o City que continua a comprar como se não houvesse amanhã, o campeonato irá ser cada vez mais equilibrado, mas por baixo, como tão bem provaste nas diferenças pontuais para edições anteriores.
Abraços

Michel Costa disse...

Muito obrigado pela participação, JP. Sobre a PL, minha dúvida está justamente nesse declínio. A queda no rendimento dos grandes clubes somada às questões financeiras que você citou também me fazem acreditar no enfraquecimento da liga mais forte do mundo. Porém, acredito que o curto tempo de observação impede uma análise mais profunda. O jeito é continuar observando...

Abraços.