Em sua passagem pelo Brasil após a saída do
Chelsea, André Villas-Boas observou bem o jogador com o qual gostaria de contar
em sua próxima equipe. Paulinho era (e ainda é) um meio-campista talhado para
atuar de uma intermediária a outra, atacando e recompondo a defesa. Não era o
típico armador capaz de fazer seu time jogar, mas uma arma ofensiva perigosa se
bem utilizado. Quando o técnico português assumiu o Tottenham tratou logo de
indicar Paulinho como reforço. Infelizmente para o brasileiro, a má campanha
dos Spurs na Premier League fez com que o homem que o recomendou fosse demitido
antes do fim do primeiro turno. E ao que tudo indica, seu substituto, Tim
Sherwood, não vê o camisa 8 com os mesmos olhos.
Com pouco mais de um quarto dos minutos jogados por
sua equipe nas últimas partidas, Paulinho reclamou via imprensa: "Sei
que na Europa há essa prática de rodízio no elenco. Faz parte da cultura daqui.
Mas eu, sinceramente, não gosto muito. Quero jogar toda semana. Entendo que
quem decide é o treinador, mas não me sinto muito confortável”, disparou. Vendo
sua autoridade contestada, Sherwood rebateu: "Escolho os jogadores com
base no que eles fazem no treinamento, não em suas reputações ou em seus
preços. Ele sabe que, se treinar e jogar bem, estará no time" declarou ao
microfone da Sky Sports. “Vou provar meu valor” foi a resposta definitiva do
ex-corintiano.
Discussões
à parte é evidente que Paulinho se incomoda com a reserva estando num período
tão próximo da Copa. Luiz Felipe Scolari já deixou bem claro que deseja ver
seus titulares jogando. Não por acaso, o goleiro Júlio César trocou o banco de
reservas do Queens Park Rangers pela meta do Toronto FC. O meia-atacante Bernard,
que ainda não assumiu uma posição entre os titulares do Shakhtar Donetsk, é
outro nome que preocupa, assim como o zagueiro David Luiz que tem sido mais
aproveitado no meio-campo do que na posição em que foi um dos pilares da defesa
brasileira na Copa das Confederações. A este último, o coordenador técnico Carlos
Alberto Parreira deu o animador recado de que a quantidade menor de jogos vai
servir de descanso para o Mundial.
Todavia,
a situação de Paulinho é um pouco mais complicada, pois a concorrência em sua
posição aumentou consideravelmente. Além de Hernanes, que não agradou tanto em suas
aparições, Ramires e Fernandinho pedem passagem. De volta à lista de convocados
após um mal-entendido com Felipão, o meia do Chelsea tem a versatilidade a seu
favor. Graças a sua boa condução de bola e excepcional velocidade, Ramires pode
atuar em quase todas as posições do meio-campo. Por sua vez, Fernandinho tem a
seu favor o poder de armação que seus concorrentes não têm. Apesar de ter sido
inicialmente testado como primeiro volante no amistoso contra a África do Sul,
o camisa 25 do Manchester City só mostrou suas maiores qualidades quando Luiz
Gustavo entrou na vaga de Paulinho liberando-o para o jogo.
A
princípio, Scolari deve manter Paulinho entre os titulares pelo menos para o
início da Copa. Caso repita as boas atuações dos tempos de Corinthians, quando
seus gols surgiam nos momentos mais oportunos, Paulinho pode perfeitamente
manter seu nome no onze inicial. Do contrário, corre o risco de entrar para a
fatídica estatística que mostra que a foto de um time na primeira partida de
uma campanha nunca é igual a da última.
Foto: Offside/Rex