domingo, 20 de abril de 2014

Há males que vêm para o bem?

Não restam dúvidas de que o Barcelona enfrenta sua maior crise desde os tempos de Frank Rijkaard. Mesmo com chances de conquistar o campeonato espanhol, a equipe catalã está mergulhada num mar de desconfiança do qual nem mesmo Lionel Messi conseguiu escapar. Logicamente, com o recém-chegado Neymar não seria diferente. Criticado por algumas atuações e, sobretudo, pela avalanche que sua contratação gerou no clube, Neymar se juntou ao companheiro de ataque no olho do furacão que assola aquele que um dia foi melhor time do mundo.
Nesse cenário, a lesão no pé esquerdo sofrida pelo camisa 11 do Barça no clássico diante do Real Madrid pela Copa do Rei não poderia ter acontecido em momento mais oportuno. Pelo menos no que diz respeito à Seleção Brasileira. As quatro semanas previstas para recuperação devem coincidir com o término de La Liga e o início da preparação para a Copa do Mundo. Isso significa que, além do descanso, Neymar não sofrerá riscos de uma lesão mais séria às portas da competição mais importante de sua carreira.
Luiz Felipe Scolari não disse, no entanto é provável que tenha gostado de saber que seu principal jogador será preservado até o Mundial. Não só no aspecto físico como também psicológico: “Mesmo jogando numa posição diferente, ele está muito acima de outros jogadores do Barcelona, mas a imprensa [espanhola] fecha os olhos para os outros”, disparou o técnico durante um evento organizado por patrocinadores. Um discurso claramente lançado com o objetivo de blindar ainda mais a joia da coroa. Numa só declaração há a opinião sobre o que julga ser um posicionamento equivocado do atacante e sobre uma suposta cobrança maior sobre o brasileiro.
Fora de combate, Neymar está mais distante das lentes e da crise que sufoca o Barcelona. Poderá se apresentar ao seu comandante com a cabeça mais leve e o corpo mais descansado. Não se imagina uma Seleção Brasileira campeã do mundo sem seu maior craque decidindo jogos onde a técnica e a consistência tática não são suficientes. Uma das razões para o hexacampeonato ser possível é o fato de Neymar vestir a camisa amarela. Essa é outra constatação que Felipão nunca transformou em palavras, mas não há dúvida de que está plenamente ciente dessa dependência.   
Coluna escrita originalmente para o site Doentespor Futebol.
Imagem: EFE

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Chega a ser um absurdo ver a FIFA dedicar tão pouco tempo para a preparação das seleções para a Copa. Deveriam valorizar melhor o produto e dar, no mínimo, 1 mês para que as seleções se preparem e para que os jogadores tenham um pouco mais de tempo de recuperação de alguma lesão e principalmente cheguem mais descansados para o Mundial. Isso se não deslocarem a época da Copa, como o PVC sempre fala; jogá-la em agosto ou setembro seria uma ideia ao menos interessante.

Sobre o Neymar concordo com você, acaba que a lesão pode, se for bem tratada e com uma recuperação adequada, ser favorável ao Brasil.

Michel Costa disse...

Realmente seria o ideal, Alexandre, mas isso esbarra num calendário do qual os clubes não pretendem abrir mão.
Arrigo Sacchi costumava dizer que a Copa seria perfeita se disputada em setembro, mas isso esbarraria na pré-temporada europeia e esse é um empecilho quase intransponível. Afinal, um clube nunca vai aceitar a hipótese de ver seus principais atletas se preparando por diversas seleções para uma competição de tiro curto e considerar que essa é a pré-temporada ideal para o que vem pela frente.
Por outro lado, a FIFA poderia pressionar as confederações na tentativa de antecipar as datas de término das competições. Aí sim, os jogadores poderia estar à disposição de seus países com um tempo minimamente necessário para preparação.