sábado, 13 de abril de 2013

Ciclos

Após ver sua Juventus ser eliminada da UEFA Champions League pelo Bayern de Munique, o técnico Antonio Conte foi enfático ao dizer que os clubes italianos estão estagnados perante as grandes potências europeias. Citou ainda os investimentos e projetos dos rivais continentais, o atraso do Calcio e observou que só a união da sociedade italiana será capaz de resgatar o outrora melhor futebol do planeta. Quem se interessou pelo esporte nos anos 1990 sabe bem a qual período Conte se refere. Da década de 1980 até o início dos anos 2000, a Itália foi a Meca do futebol, abrigando todos os craques da época com raras exceções. No entanto, amarga agora seu terceiro ano seguido sem nenhum representante nas semifinais da Liga dos Campeões.
Não é difícil explicar o que aconteceu com os italianos. Atualmente, futebol de alto nível se faz com dinheiro. E, óbvio, é preciso haver um bom planejamento para saber utilizá-lo, mas os tempos em que um Ajax era capaz de montar uma equipe imbatível usando quase que exclusivamente suas categorias de base ficaram para trás. Mesmo o Barcelona com suas famosas canteras precisa de uma receita gigantesca para manter tantos astros em sua folha de pagamento. Todavia, a diferença entre o clube catalão e seus pares italianos está na origem dessas receitas. Enquanto o Barça se sustenta a partir de um excepcional planejamento estratégico traçado a partir de 2003, as agremiações da Velha Bota vivem, em grande parte, do dinheiro de seus mandatários. Quando a crise que assola a Europa chegou, as torneiras se fecharam e os clubes ainda não têm ideia de como lidar com isso.
A primeira e natural reação foi o corte nos gastos. Times como Milan e Internazionale que se notabilizavam por suas monstruosas contratações, repentinamente, se viram obrigados a realizar apenas negócios de ocasião. A Intenção, a princípio, parece ser a adequação ao Financial Fair Play buscando fazer uso apenas das receitas obtidas pela própria associação. Em outras palavras, os clubes teriam de andar com suas próprias pernas, configurando uma nova situação. O que ainda não perceberam é que para se equipararem novamente às principais forças do continente será preciso investir e colher os frutos mais adiante. Apenas recuar pode significar o redimensionamento do próprio clube, reduzindo suas metas e, consequentemente, ficando para trás na corrida internacional por títulos.
Semelhante, embora menos traumática, é a situação dos clubes britânicos. Há alguns anos o domínio inglês na Europa era mais do que evidente. Apesar de o atual campeão europeu ser o londrino Chelsea, as quartas-de-final desta edição da UCL não contaram com nenhum inglês e cenários como a classificação de três ingleses para as semifinais como ocorreu entre 2007 e 2009 parece coisa do passado. Ou de outro ciclo. Ciclo que agora é dominado pelos gigantes Real Madrid, Barcelona e Bayern, também presentes na mesma fase da edição passada. O “intruso”, desta vez, é o Borussia Dortmund respaldado pelo excelente trabalho do técnico Jürgen Klopp e apoiado por sua fanática torcida. Quanto tempo este ciclo vai durar não se sabe, mas é bom que os italianos ouçam os conselhos de Conte se quiserem participar dessa festa.
Crédito das imagens: EFE e AFP

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