quarta-feira, 26 de junho de 2013

Clássico é clássico

Particularmente, sou contra análises do tipo “evoluiu, involuiu” a cada partida da Seleção Brasileira nessa nova era Scolari. As coisas não funcionam dessa maneira. Cada jogo e cada adversário reservam níveis diferentes de dificuldades e, ao suplantá-los, parece evidente que o Brasil está se moldando como time. Contra o Japão, um rival que havia chegado ao País há pouco tempo, uma partida mais tranquila. Diante do México, o velho problema de ter um oponente que sabe enfrentar a Seleção. Na terceira rodada, uma Itália que, apesar de desfigurada, foi capaz de fazer frente e testar verdadeiramente o sistema defensivo verde-amarelo. Três partidas, três histórias.
Desta vez não foi diferente. Astuto como sempre, o técnico uruguaio Óscar Tabárez sabia que precisava conter o ímpeto ofensivo que o Brasil costuma mostrar, sobretudo na primeira metade do primeiro tempo, pois só assim poderia chegar à vitória. Para tanto, recuou sua defesa e seus volantes para reduzir os espaços que os brasileiros poderiam usar para tabelas ou jogadas em profundidade e deixou seu trio ofensivo formado por Forlán, Suárez e Cavani tentando marcar a saída de bola. Não por acaso, diante de apenas três marcadores e um meio-campo mais recuado, não foi um problema para o Brasil fazer com que a bola passasse para o campo de ataque. Todavia, diante de uma Celeste tão trancada, foi um problema acionar os atacantes em situação de marcar.
Se essa foi a breve análise tática, é preciso dizer que Brasil x Uruguai foi bem mais do que isso. Foi um autêntico clássico, dos mais disputados, como manda a tradição. Após um início complicado, diferente dos jogos anteriores, o Brasil só entrou definitivamente na partida após o pênalti defendido por Júlio César. Mesmo assim, só conseguiu abrir o placar após um milimétrico lançamento de Paulinho que encontrou Neymar na área no lance que acabou resultando no rebote que Fred, como sempre, estava presente para concluir em gol.
Em desvantagem, os uruguaios voltaram para o segundo tempo dispostos a empatar e adiantaram suas linhas. Num momento de pressão, a bola não foi rebatida por Thiago Silva que preferiu sair jogando com Marcelo e viu Cavani se antecipar ao lateral para deixar tudo igual. Ouvindo a voz do Mineirão, mas muito mais o que viu nos treinamentos, Felipão lançou o dinâmico Bernard no lugar de um apagado Hulk e viu o garoto mudar a cara do jogo a favor do Brasil. Hernanes, na vaga do oscilante Oscar, também foi uma bola dentro do técnico que viu sua equipe chegar ao gol da vitória num momento em que se encontrava melhor técnica, tática e, sobretudo, fisicamente em relação ao Uruguai.
Mais do que uma partida ruim da Seleção Brasileira, a semifinal desta Copa das Confederações foi uma partida dura. Somente passando por esse tipo de situação que um grande time se forma. Existem problemas e, baseado nas entrevistas de Felipão, está claro que o técnico percebe isso. Disputar a final deste torneio é prova de que existe evolução desde que o treinador assumiu. Mas o produto final desta Seleção só será visto na Copa do Mundo.
Imagem: Getty Images

6 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Não entro nessa que o time evoluiu ou involuiu por 1 jogo; foi mal ontem, mas no geral do torneio, o Brasil encontrou uma formação e um grupo, o que é mais importante.

Acho que o Hernanes e o Bernard melhoraram o time, mas ainda é cedo para saber se o Bernard deva ser titular. O Hernanes vem mostrando a mais tempo que deveria jogar na Seleção, mesmo junto do Paulinho, que quando chega na frente ajuda demais. O Uruguai tentou buscar uma bola na frente, mas faltou o Tabárez ter coragem de tirar o Forlán, reforçar o meio campo e deixar o Suarez na frente incomodando a zaga brasileira. Claro que, se a final for contra a Espanha o Brasil chega abaixo, mas jogando em casa o Brasil não pode ser desprezado.

Michel Costa disse...

Também acho cedo para dizer que Bernard deve ser titular, mas a cada dia cresce a impressão de que Hulk deve perder a posição até a Copa. Nem falo da perseguição da torcida, mas de desempenho mesmo. Antes, Lucas parecia pedir espaço. Depois, era a entrada de Hernanes no meio. Agora é o atleticano que também pede passagem. A julgar por sua performance meio desconectada do time, não duvido que seja barrado na sequência do trabalho.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Mudando um pouco de assunto: Daria para trocar a bancada do RJ do Linha de Passe para contratarem esse cara hein: https://www.facebook.com/RafaelOliveiraEI/posts/481335891946037

Michel Costa disse...

Trocaria fácil também. Vi quando o Rafael publicou que não fazia mais parte do IE. Mas, pelo visto, seu destino será a Fox e não a ESPN. E Deus sabe como o primeiro canal precisa mais de profissional como ele.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Também acho que vai para a FOX, por ter menos gente que a ESPN, por ser no RJ e para ele ter a chance de comentar o campeonato inglês, mas acho que a ESPN, no geral, é mais canal que a FOX e ele seria muito útil por lá. E mesmo a ESPN não poderia abrir mão de um reforço da qualidade do Rafael.

Michel Costa disse...

Seria um grande reforço para a ESPN, mas desconfio que o canal já tenha comentaristas suficientes. E, pelo visto, Sorín é mais um deles.
Rafael terá muito mais espaço na Fox. Mas, até agora, ninguém falou em Sportv. Quem sabe?