domingo, 23 de junho de 2013

Brasil mostra a sua cara

Após dez partidas – apenas oito com o time titular – Luiz Felipe Scolari conseguiu dar à Seleção Brasileira o esboço do estilo que pretende adotar até a Copa do Mundo. No curto espaço de tempo compreendido entre a derrota para a Inglaterra em Wembley, no mês de fevereiro, até a vitória sobre a Itália na Fonte Nova, muita coisa mudou. A começar pela defesa, bem mais sólida do que na era Mano Menezes, concedendo menos oportunidades aos adversários, até chegar ao setor ofensivo, onde os gols estão surgindo de variadas formas.
Se Júlio César havia perdido espaço para Diego Alves sob a meta, os nomes da primeira linha são exatamente os mesmos com os quais Mano contava. O que mudou, basicamente, foi a presença de um primeiro volante capaz de oferecer mais proteção à defesa. O que, no caso de Luiz Gustavo, também significa a boa notícia de ter um passe rápido numa saída de bola que ainda não apresenta a eficiência necessária.
O maior dilema da equipe reside na função exercida pelo segundo volante, hoje Paulinho. Embora seja bom jogador, o corintiano não tem como característica armar o time por trás. Seu maior trunfo é a chegada à área adversária para concluir ou servir algum companheiro. Por sua vez, Hernanes é muito mais um meia do que um volante. Seu forte são os dribles e fintas seguidos de chutes de média distância. Tem um passe longo melhor do que o de Paulinho, mas não marca tão bem. Como escrito anteriormente neste espaço, a recuo de Oscar para ajudar na saída de bola pode ser a chave para o onze titular seguir o mesmo e se aperfeiçoar ainda mais.
No campo ofensivo, não é fácil entender as críticas feitas a Hulk. Bastante combativo, rápido e perigosíssimo nos chutes, o paraibano tem feito por merecer seu espaço entre os titulares, sem que Lucas – que não aproveitou bem as chances que teve – ofereça a sombra que justifique sua barração. No comando do ataque, Fred vem comprovando com gols por que Felipão tem optado por um centroavante clássico em vez de adotar a mesma formação de seu antecessor sem um homem fixo à frente.
Por fim, Neymar, craque do time e confirmando a cada partida a razão de ser a maior esperança brasileira tanto nesta Copa das Confederações quanto no Mundial. Criticado antes do torneio por suas atuações abaixo de seu potencial em 2013, o novo atacante do Barcelona vem conseguindo unir fantasia a uma veia goleadora que o fez ser eleito o melhor jogador das três partidas que disputou até o momento. Partidas que mostraram uma Seleção mais pronta e confiante em campo, com uma “cara” de time que, mesmo sem encantar, já se mostra competitivo.
Imagem: Vipcomm

8 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Acho que o Brasil melhorou em relação ao que vinha jogando, é um time que briga mais pela bola, tem uma proteção melhor por parte do Luiz Gustavo e tem no Fred uma referência interessante no ataque. No entanto, penso que ainda falta maior qualidade no meio campo, o Oscar, além de não vir jogando bem, está muito sozinho na condição de armar as jogadas; ele não é esse pensador que arma o time, é uma meia ofensivo que pode jogar até pelos lados. O Fred é ótimo definidor, mas as vezes se mexe pouco, David Luiz é um ponto ainda discutível na zaga e os laterais apóiam e muitas vezes deixam espaços, ou seja, é um time que ainda precisa ser acertado totalmente. A Espanha é um time com pelo menos 3 variações de jogo, jogando com centroavante, sem ele, ou com 2 caras mais avançados, ou seja, está num estágio melhor que o nosso. Só acho que não se pode descartar o Uruguai, é um time que vende a derrota caríssimo a qualquer adversário, para mim o palpite mais lógico do jogo amanhã é empate. No jogo Espanha x Itália, o time espanhol é mais favorito, mas a Itália também é um time valente, e que tem bom toque de bola com esse time do Prandelli. Brasil x Espanha é a final que a maioria quer, mas não está garantida.

Michel Costa disse...

Certamente, Alexandre. Não há nenhuma garantia de que teremos o tão esperado Brasil x Espanha na final e uma boa referência é o que aconteceu na Copa das Confederações de 2009.
Quanto ao meio campo, concordo inteiramente. Não existe hoje a figura de um armador, pois nem Paulinho e nem Oscar cumprem esse papel. Curiosamente, estava assistindo ao clássico Brasil 2x0 Uruguai de 1993 e sabe quem era um autêntico armador do Brasil? Dunga! Além de marcar como um leão, o camisa 8 atuava bem na armação, lançando, fazendo viradas de jogos e distribuindo a bola. Muito distante da figura do brucutu que muitos pintam por aí.

Abraço.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Talvez uma solução intermediária, seria tirar o Hulk e colocar o Hernanes, fazendo um "trinco" com L.Gustavo (ou Fernando) mais fixo e Hernanes e Paulinho armando e marcando, como costuma dizer o Tostão. Oscar mais livre para encostar em Neymar e Fred.

Sobre o Dunga, acho que ele era meio lento, não era o cara certo para ajudar na cobertura dos laterais. Claro que ele já estava em fim de carreira, mas na Copa de 1998 isso ficou claro. Mas com a bola no pé realmente ele não era tão ruim. Não era um volante de chegada, mas na frente da área, fazia um bom papel. Bom lembrar também que na Copa de 1994 ele ficou um pouco mais livre para jogar quando o Mauro Silva foi jogar mais perto dos zagueiros.

Michel Costa disse...

É uma ideia, Alexandre. Só temo que a Seleção possa perder profundidade se atuar desse modo. Mesmo assim, é algo que Felipão poderia ter testado, ao invés de aventar a possibilidade, equivocada para mim, de adiantar David Luiz para o meio. Até acho que o zagueiro tem boa saída de bola, mas só faria sentido se houvesse uma inversão, casual, entre Luiz Gustavo e ele.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Pois é, só que eu acho que o David Luiz pode até jogar melhor no meio campo, saindo e sem a necessidade de dar o último bote, acho ele bem temerário jogando mais atrás. Claro que talvez não seja preciso ele jogar mais à frente, visto que existem volantes ali para jogar, mas para ele jogar, no meu time, até testaria ele ali. Também acho que às vezes pode faltar essa profundidade, com o Hernanes e o Paulinho e sem os 2 extremos, mas o time pode ganhar em posse de bola e qualidade de passe.

Acho que o Felipão tem de ser técnico da Seleção até 2030, vai ter sorte assim lá longe; não que o Uruguai tenha ido muito melhor, mas achar o gol como achou no fim do jogo é mostra de sorte,rs...Só falta a Itália, sem o Balota ganhar amanhã ou o Iniesta não poder jogar a final...

Alexandre Rodrigues Alves disse...

E concordo com o que você falou no Twitter (não tenho conta lá, mas li o que vc escreveu) o Cavani foi o melhor do jogo, mas parece que a FIFA só analisa pelos lances capitais da partida.

Michel Costa disse...

Hehehe... o pessoal falou muito em sorte durante o jogo, mas eu sou contra essa tese. Pra mim, sorte é a mistura de oportunidade com competência.
Acho que foi o André Rocha que comentou que, se fosse com o Mano, Fred furaria aquela bola. Brinquei dizendo que, se o treinador ainda fosse Mano, Fred não faria o gol porque provavelmente não estaria em campo, já que o time principal estava jogando apenas com Neymar à frente.

Sobre o Twitter já te procurei lá e realmente não encontrei. O amigo deveria criar uma conta, afinal, seu nome é muito conhecido dos comentários na ESPN e tenho certeza que não faltariam assuntos a serem debatidos e pessoas interessadas no que você tem a dizer.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Pois é, vou ver se faço um dia, mas eu ainda sou meio jurássico para mexer nessas redes sociais,rs...Mas certamente ao fazer poderíamos comentar mais por lá.

A sorte que comentei foi mais do segundo gol, quando a maioria já esperava a prorrogação. O gol pegou até o Tabarez de surpresa, já que ele perdeu com duas alterações ainda por fazer. No primeiro tempo não dá para falar de sorte apenas, pois o J.Cesar fez a parte dele, e depois dos 30 minutos o time foi um pouco melhor.