quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pontos e Vírgulas.

Coluna destinada a comentar as opiniões emitidas pelo órgão responsável pela chegada de informações ao público aficionado pelo futebol: a imprensa esportiva. Afinal, bem ou mal, é através dela que tomamos conhecimento de (quase) tudo o que cerca o mundo da bola.
Orgulho e Preconceito.
Desde que FIFA e revista France Football unificaram suas premiações de melhor jogador do ano é sempre a mesma conversa. Parte da imprensa esportiva que sempre desdenhou do troféu entregue pela entidade agora diz que a Bola de Ouro perdeu o seu valor, uma vez que os jornalistas responsáveis pelos votos representam apenas um terço de um total também composto por técnicos e capitães das seleções nacionais.     
Embora seja inegável que, matematicamente, a classe perdeu espaço na indicação, também é verdade que receber a chancela da FIFA é um bônus para a publicação. Isso sem falar como era contraproducente que os dois prêmios concorressem entre si, sendo que o objetivo de ambos é exatamente o mesmo: Consagrar o melhor jogador do mundo na temporada.
Além disso, desde 1995 quando a Bola de Ouro também passou a contemplar jogadores nascidos fora da Europa, France Football e FIFA apontaram o mesmo vencedor dez vezes em 15 anos. Quando isso não aconteceu, Mathias Sammer (1996), Figo (2000), Owen (2001), Nedved (2003) e Shevchenko (2004) levaram a Bola de Ouro para casa no mesmo ano em que Ronaldo (1996), Zidane (2000), Figo (2001), Zidane (2003) e Ronaldinho (2004) receberam o título de melhor do ano. Ou seja, mesmo nos anos em que não houve consenso, ninguém foi premiado sem merecer.      
Messi recebe de Guardiola a Bola de Ouro FIFA 2010.
Outro ponto curioso nesse debate acontece quando desqualificam como votantes treinadores e jogadores de países sem tradição no futebol, mas se esquecem que o representante do Brasil é simplesmente Cléber Machado, alguém que dispensa maiores comentários. Primeiro, será que o bravo narrador global tem mais condições de apontar o melhor jogador do mundo do que Buffon ou Joachim Löw? Segundo, o que impede que um treinador de um pequeno país seja um estudioso do futebol? E terceiro, por que cargas d’água um jornalista esportivo entende mais de futebol do que um profissional da área?
Sinceramente, acredito que há uma grande dose de preconceito quando a classe jornalística desdenha da capacidade crítica dos profissionais em questão. Não por acaso, a recíproca se mostra verdadeira quando algum atleta deixa claro que pensa da mídia esportiva. Em comum nas opiniões, apenas o desdém pelo conhecimento alheio.    

4 comentários:

Rafael Olivares disse...

Pois é, eu acho que li alguns dos textos sobre os quais você está falando, e reagi da mesma forma que você. Isso porque nem sabia que o Cleber Machado estava envolvido!

Além disso, prêmio é só prêmio, não é mesmo? O que o Messi, o Cristiano, o Neymar querem é gol, título, campeonato. E, mesmo assim, não tem muito como o prêmio ir para alguém que não o mereça.

Um abraço.

Michel Costa disse...

Olá, Rafael.

O Cléber foi o jornalista brasileiro designado para votar nos últimos anos. Quem acompanha a trajetória do narrador sabe muito bem que ele não é a pessoa mais indicada para a missão. Fosse o PVC, por exemplo, eu tiraria o chapéu para a escolha.
Quanto ao prêmio, até acredito que não seja um objetivo primordial de Messi, mas tenho minhas dúvidas no caso de C.Ronaldo e Neymar... hehe.

Abraço.

Rafael Olivares disse...

Exatamente isso que eu quis dizer, talvez tenha me expressado mal. Essa postura da classe dos jornalistas já seria estranha mesmo se apenas os melhores votassem - e mesmo na Globo existem opções melhores (eu iria com o Noriega). Mas colocar a classe jornalística acima dos profissionais do esporte, quando o jornalista que representa a classe é o Cléber, é um pouco demais.

Realmente, o Neymar e o CR7 talvez tenham ambições pessoais pelo prêmio sim. Por isso que gosto do Suárez!

Um abraço!

Michel Costa disse...

É o que eu penso, Rafael. Não se vê, por exemplo, um técnico ou jogador renomado dizendo que jornalista não tem capacidade de avaliar atletas por não serem profissionais da área.
Quanto ao Cléber Machado, comentaram ontem no Redação Sportv que ele deve votar este ano e que há mais um designado, só não disseram quem. Bem que poderia ser o PVC. Assim, equilibraria um pouco as coisas...hehe.

Abraço.