quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Taticamente Falando.

Espaço destinado a comentar um assunto que é interessantíssimo para alguns, mas tido por muitos como aborrecedor ou difícil de ser assimilado. Todavia, sem o mínimo conhecimento desse aspecto, o futebol não pode ser compreendido em sua totalidade.
4-2-3-1, o esquema da moda.
No futebol, além dos grandes times e dos grandes craques, as eras também são marcadas pelos sistemas táticos. Do revolucionário “WM” de Herbert Chapman nos anos 1920 e 1930 até os nossos dias, muita coisa aconteceu. Tivemos o 4-2-4 eternamente ligado a um período dourado do futebol brasileiro, o 4-3-3 que é usado até hoje, o 4-4-2 difundido pelos ingleses, o 3-5-2 dinamarquês, o 4-2-2-2 que se tornou febre no Brasil nos anos 1990, até chegarmos ao 4-2-3-1 dos dias atuais.
Ao lado do eterno 4-4-2 com meio-campo em linha, o 4-2-3-1 (figura 1) é o sistema tático mais utilizado no futebol moderno. Popularizado no Mundial de 2006, quando as finalistas Itália (que também se alinhava num 4-4-1-1 com Totti à frente do meio-campo) e França encontraram nesse módulo a melhor forma de escalar seus times, o 4-2-3-1 se consolidou nas principais ligas do planeta e hoje é o esquema preferido de boa parte dos técnicos brasileiros. Na Seleção, foi o sistema default de Dunga - à época, descrito como “4-2-3-1 torto” (figura 2), pois tinha o armador Elano pela direita e o atacante Robinho pela esquerda - e foi usado por Mano Menezes em diversos momentos.
Basicamente, o sistema em questão pode ser definido como uma linha de quatro na defesa, com uma dupla de centrais e laterais que apóiam moderadamente, dois volantes que, preferencialmente, precisam saber o que fazer com a bola nos pés, uma linha de três formada por um armador central e dois meio-campistas laterais (também chamados de pontas, dada a similaridade das funções), além do centroavante, não necessariamente fixo entre os zagueiros.
Dentre os pontos positivos do sistema, podemos destacar o bom preenchimentos dos espaços defensivos com o recuo dos pontas e a chegada dos mesmos ao ataque assim como o do meia central. De negativo, o possível isolamento do único atacante caso os três meias não consigam se aproximar de maneira constante, além da hipotética sobrecarga do meia central caso a armação não seja divida com os volantes e os ponteiros. Em outras palavras, não existe esquema perfeito. Assim como outros sistemas, o 4-2-3-1 também reúne prós e contras. Adaptar os jogadores ao melhor sistema e promover os devidos ajustes é tarefa do técnico. O que nem sempre é fácil.

6 comentários:

Rodrigo Alves disse...

Fala michel!

Eu confesso q entrei de cabeça no 4-2-3-1..é o meu preferido tb qnd penso oq eu faria nos times q assisto. Eu acho encaixa bem no caso dos volantes (nossos meias nao tao incisivos acabam virando volantes) e os infinitos segundos atacantes q brotam aqui tem q se sacrificar um pouco...acho importante pra formacao do jogador. Acho o nosso 4-2-2-2 mto arcaico..mas ultimamente tenho aprendido tanto sobre a falta d verdades absolutas no futebol, q fico imaginando uma geração q pode fazer funcionar e influenciar o mundo neste esquema. Esquema tal q é tao difundido aqui, q os jornlistas nao aceitam outra opcao dos treinadores...tudo oq foge do 4-2-2-2 é retranca ou invencao rsrs. Triste. Um abc!!

Michel Costa disse...

Salve, Rodrigo.

Considero o nosso 4-2-2-2 um sistema em desuso. Frank de Boer, técnico do Ajax, até disse que o Palmeiras atua assim, mas talvez ele tenha visto apenas a partida contra o Santos no BR. Afinal, tanto o alviverde, quanto grande parte dos times brasileiros vem adotando o 4-2-3-1. Outro sistema que aos poucos vem sendo deixado de lado é o 3-5-2, talvez o mais utilizado na década passada por essas bandas.

Abraço.

Thiago Ribeiro disse...

cada vez me apaixono mais por este sistema, e atualmente é o meu 2º favorito (ainda gosto mais do 4-3-3). Ou talvez não. Toda vez que monto escalações fictícias pros times que acompanho, acabo fazendo sempre no 4-2-3-1... interessante. muito bom esquema, pois a qualquer instante vc encontra-se defendendo com 9 homens e atacando com 6. Absurdo de eficiência. O 4231 me lembra sempre dos times 424 da década de 60, sobretudo na fase ofensiva.

Outra coisa, que não sei se notaram, mas já perceberam que se um time tem a mesma escalação e troca apenas o meia central por mais um volante ele deixa de ser 4-2-3-1 e passa a ser 4-3-3? (Vide o Real Madrid, qdo ele usa Ozil é 4-2-3-1, mas qdo o troca por um volante extra pra encarar o Barça é um 433, embora as posições e funções dos outros jogadores não tenha mudado nada!!! Qual é o critério mesmo da diferenciação?)

Tanto que o Zonal Marking usa o termo numérico 4-3-3/4-5-1, já que a definição está cada vez mais SUBJETIVA. É claro que aí aparece um problema da leitura do triângulo central, que já comentei no meu blog: Com um triângulo de base alta, os pontas ficam longe demais do meio, então na indefinição de que se são atacantes ou se são meias usa-se o 433 e pronto. Lembrando que há também o 4-1-4-1 (mas aí implicaria ou em wingers muito defensivos, alinhados com os volantes, ou na utilização de apenas 1 volante, dois meias e dois wingers), ou o que seria mais preciso, um 4-3-2-1 (o que pode dar margem à muitas outras visualisações do desenho).

Sobre os Defeitos. Há mais um que é o "ponto cego" entre volante, lateral e ponta. Ponto cego natural para qualquer time que não jogue com mais de 3 homens na 2º linha (no 4-3-1-2, 442, ou 3-4-1-2). Isto é, dois homens que cubram a frente dos laterais e pelo menos mais um na frente dos zagueiros. É praticamente a única forma de se ultrapassar a linha defensiva do 4-2-3-1 (mas basicamente só dá pra ser explorado por um 433 ou outro 4231!!!!!)

PS1: Gostei da forma que vocÊ usou "externo", lembra as designações antigas do futebol italiano do "giogo a la italina". Normalmente se usa extremo, mas o externo até caiu melhor.

Ultimamente tenho feito como o PVC, uso ponta mesmo, fica mais fácil pro povo entender, mesmo que sejam wingers, e não pontas clássicos utilizados até o início da década de 80. E não dá pra traduzir o termo winger por ala (que seria o correto), pois designa uma outra função no nosso futebol (especificamente no 352), nem como meia (pois no nosso futebol, o meia atua centralizado e avançado. O volante, que é um meia, pois joga no meio, nunca seria chamado assim).

PS2: o que vocês acham dessa onde de revisionismo tático. Quase tudo hoje é 4231!!!! o Brasil de 70 (no papel algo entre 433 e 424): 4231. O Brasil de 82 (no papel um 4222): 4231. O flamengo de 81 (no papel um 433): 4231. Eu já tou até tirando onda e dizendo que o Botafogo de 95 (um 4222) é 4231: Túlio e Ségio Manuel centralizados, Beto (meia) aberto na esquerda e Donizete aberto na direta (dando uma força defensiva) caracterizariam um 4231 hoje facim, facim!

PS3: este post reavivou a minha vontade de terminar um texto enorme que fazia pro meu blog sobre a dominância deste esquema hoje, que tive que parar em virtude do meu projeto de doutorado!

Abraços e desculpa a enormidade de tamanho desse comentário!!!

Michel Costa disse...

Tem razão, Thiago. Tanto os sistemas quanto as nomenclaturas às vezes confundem. De qualquer modo, costumo observar os times sem a bola para tentar decifrar o módulo utilizado. Agora, para escalar seleções de campeonatos procuro usar o 4-3-3, embora, assim como você, também goste do 4-2-3-1.

Abraço.

Ps: Não se preocupe em escrever. Seus comentários são sempre pertinentes :-)

Unknown disse...

Oq dizer do Corinthians q nesse mesmo ano conquistou a América jogando num 4-4-2 com atacantes de lado jogando por fora e meias de criaccr por dentro. Tite e foda!!!

Artou Sosvic disse...

Isso me lembra um texto que escrevi ano passado, sobre essa polêmica dos segundos atacantes que viram quase "secretários de lateral", claro que em outro contexto muito tempo depois dessa discussão aqui: https://abolanatravenaoalteraoplacar.blogspot.com/2019/07/primeiro-caro-leitor-o-texto-que.html.