Um dia após a vitória do Barcelona sobre o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, um vídeo produzido pelo clube merengue (e indicado por Yuri Barros) mostrou aquilo que poucos conseguiram ver: No lance em que é expulso, Pepe simplesmente não toca na perna de Daniel Alves. Porém, como a ação é muito rápida e a encenação do lateral brasileiro perfeita, o árbitro Wolfgang Stark acabou mostrando cartão vermelho direto para o zagueiro/volante.
Não culpo o juiz alemão. A impressão do momento era de “jogo busco grave” o que na regra significa expulsão. E, apesar de ser difícil afirmar, José Mourinho está entre os que viram o que verdadeiramente aconteceu. Portanto, está no seu direito de reclamar, embora a insinuação de favorecimento ao time catalão tenha ares de choro de perdedor.
No entanto, o que me causou estranheza nesse episódio é o número de pessoas que defendeu a expulsão mesmo depois de saber que não houve contato entre os jogadores no citado lance. “Se pega ou não, é irrelevante”, me escreveu o jornalista Leonardo Bertozzi. “Não precisa haver o toque para haver expulsão”, disse o também jornalista Júlio Gomes aos canais ESPN.
Diante de tais afirmações, absurdas para este blogueiro, a melhor alternativa foi consultar a regra 12 (faltas e conduta antidesportiva) para tentar encontrar justificativa para tal posicionamento dos profissionais da televisão. Leiam os trechos selecionados abaixo:
As faltas e condutas antidesportivas serão sancionadas da seguinte maneira:
Tiro livre direto. Será concedido um tiro livre direto a equipe adversária se um jogador comete uma das seguintes seis (6) faltas de uma maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com o uso de uma força excessiva:
1. Dar ou tentar dar um pontapé em um adversário; ...
Faltas puníveis com uma expulsão. Um jogador será expulso e receberá o cartão vermelho se cometer uma das seguintes faltas:
1. For culpado de jogo brusco grave;
2. For culpado de conduta violenta; ...
Ou seja, ao contrário do que eu imaginava, é possível a marcação de uma falta apenas com a tentativa de se dar um pontapé no adversário. Porém, para expulsão, somente o “jogo brusco grave” e a “conduta violenta” poderiam ser interpretados como lance para cartão vermelho. Assim, se Pepe não atingiu Daniel, não há nada que justifique a exclusão do luso-brasileiro de campo, a não ser que Wolfgang Stark tenha se equivocado, o que também ocorreu com a maioria dos telespectadores.
Além de toda essa polêmica em relação à falta cometida por Pepe, uma questão que poderia estar sendo debatida com mais atenção – inclusive pela UEFA – é a irritante conduta dos jogadores do Barcelona de simularem agressões com o intuito de induzir os árbitros a expulsar adversários. Na temporada passada, Thiago Motta foi expulso por um lance em que Busquets valorizou um contato razoavelmente leve. Desta vez, o prejudicado foi Pepe.
Como o Barcelona pratica um futebol incrível e o Real Madrid jogou como time pequeno, as pessoas tendem a dizer que as reclamações não procedem e que o melhor time venceu. Concordo que o Barça é a melhor equipe do mundo e é justamente por isso que penso que os blaugranas não precisam usar esse tipo de artifício para vencer.