sábado, 16 de abril de 2011

Tipos de Jornalista Esportivo.

Baseado na série de posts do blog de Maurício Stycer intitulada Tipos de Leitor – espaço onde o jornalista destrincha os habitantes da blogosfera – o “Além das Quatro Linhas” abordará os diferentes tipos de jornalistas das mais diversas mídias. Mas, como este blogueiro se limita ao assunto futebol, vamos manter o foco apenas nos jornalistas esportivos...
O Merchan
Antes de tudo é preciso dizer que, ao contrário do que muita gente imagina, não há problema nenhum em ganhar dinheiro. Hoje, os patrocinadores são imprescindíveis para que qualquer mídia consiga sobreviver no mercado de maneira minimamente competitiva.
O “Merchan” do título é o jornalista ou empresa que coloca o patrocinador ou seus interesses acima da notícia ou da informação correta. O trecho a seguir foi retirado de uma coluna de um conhecido apresentador de programas esportivos de rádio e televisão e é absolutamente emblemático: “Antigamente, a notícia era o quadro e a propaganda era a moldura. Hoje, a notícia é a moldura.”
Não é preciso ser especialista na área para observar o absurdo escrito acima. No jornalismo, a notícia sempre será mais importante do que a propaganda. Afinal, ninguém compra um jornal, liga a TV ou acessa a internet por causa dos anúncios. A não ser, é óbvio, se estiver à procura de algum produto ou serviço.
Infelizmente, nem sempre as coisas funcionam como deveriam. É muito comum notarmos casos em que a informação fica em segundo plano. E fazendo o raciocínio contrário, também é possível perceber quando uma marca é omitida a partir do momento em que se torna componente ou o próprio nome de alguma equipe esportiva. A Red Bull Racing é o melhor exemplo. Red Bull Racing é o nome da equipe de Fórmula 1. Não é RBR ou qualquer coisa do tipo. É o mesmo que Ferrari ou McLaren. Se o nome é esse, tem que dizê-lo e não inventar outro.
A iniciativa mais conhecida de um clube de futebol brasileiro de tentar comercializar o nome de seu estádio, os chamados naming rights, naufragou justamente por isso. Em 2005, o Atlético Paranaense anunciou uma parceria com a Kyocera que partir de então batizava a Arena da Baixada como Kyocera Arena. Em 2008, a parceria foi desfeita pelo Atlético, mas o objetivo nunca foi atingido completamente, pois a emissora que transmite o Campeonato Brasileiro simplesmente ignorava o acordo. Equipes de voleibol que se associam a marcas conhecidas também sofrem com tal política.
Aliás, é justamente essa conduta que nos obriga a ver o rosto de um jogador ou treinador ampliado ao máximo na tela para que os parceiros dos clubes não apareçam. Dá até para ver os poros nos rostos deles. Isso sem falar naquelas câmeras que fecham o quadro em cima do campo só para não mostrar as placas publicitárias ao redor do gramado. Uma “maravilha” para quem gosta de tática e uma ofensa para quem gosta de futebol.

Crédito da Imagem: Universo Pânico

11 comentários:

Thomas de Carvalho Silva disse...

O melhor de tudo é que o programa já tem uns 30 comerciais, cada um de 5 mins, e ainda assim temos q aturar propagandas de óleo para carro durante uma discussão futebolística... Sobre as propagandas, lembro-me duma temporada na qual o Atleti (A. Madrid) fez um contrato com uma empresa de cinemas, e os uniformes do time mudavam constantemente, de acordo com o filme que estivesse em cartaz! Inclusive, uma camisa muito famosa foi uma usada na divulgação do filme "Homem Aranha": http://migre.me/4g80I

Tudo de bom, aquele abraço!

Michel Costa disse...

O Chievo também alterou sua camisa quando do lançamento do filme do Homem Aranha, Thomas. De certa maneira, essa iniciativa de mudar o uniforme em prol da publicidade também está afetando as camisas dos clubes brasileiros que estão poluídas com tantos anunciantes, sendo que muitos desses tem cores absolutamente diferentes das cores do clube e nem por isso eles são alterados (tipo o laranja do BMG na camisa do Fla).

Grande abraço.

Eduardo Junior - Blog Europa Football disse...

Outro exemplo igual ao do volei (que tem por exemplo, agora na final da Superliga o Sada/Cruzeiro, mas que os jornalistas chamam só de "Cruzeiro") é o futsal. Aqui em SC, o maior time de futsal já visto na história desse país (não é exagero, é verdade) era a Malwee (que é uma fabricante de roupas), mas eu sempre vi na TV "Jaraguá". O time se chamava literalmente Malwee/Jaraguá. E há outros tantos times de futsal com patrocinador no nome, mas que só vem o nome da cidade serem destacados.

Só pra constar, o Jaraguá não tem jogado mais, porque a Malwee deixou o clube e sem recursos, o time fechou as portas por algum tempo.

Michel Costa disse...

Boa lembrança, Eduardo. Assim como no volei, parcerias são fundamentais para a sobrevivência do futsal de alto nível. Negar publicidade a essas parcerias é, de certa forma, sabotar o trabalho.

Abraço.

P. L. F. V. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
P. L. F. V. disse...

Algumas mídias esportivas (especialmente a Toda Poderosa) chamam o Sendas, clube de futebol do Rio de Janeiro que disputa a segunda divisão estadual, de "São João de Meriti" (sua cidade sede). Pra quem não sabe, Sendas é uma rede de supermercados.

Michel Costa disse...

Essa é a política global, Vinícius. Não pronunciar nomes de empresas que batizam associações esportivas. Em alguns casos, vá lá, mas quando o nome é exatamente o nome da empresa não dá para mudar e inventar outro. Isso é desinformação e colocação dos interesses financeiros acima da notícia correta. Lamentável.

Abraço.

Anônimo disse...

Michel, parabéns pelo post, que rende horas e horas de discussão. É preciso haver bom senso e equilíbrio em tudo. Acho lamentável a Globo dizer RBR, por exemplo, ou omitir o nome de empresas que investem no esporte. Mas há o exagero proporcionado pela figura que vc, para quem o merchan é mais importante que a notícia.
abs
Venditti

Michel Costa disse...

Olá, Venditti.
Claro, é muito importante separar as coisas e, como coloquei no texto, existem tipos e tipos de "merchan". No caso da Globo, acho que é mais uma política questionável do que qualquer outra coisa. Enquanto isso, o primeiro personagem citado é bem pior.

Abraços.

Unknown disse...

Olá, pensando aqui lembrei do Pão de Açucar Esporte Clube, time que disputou a Copa São Paulo algumas vezes. Que pela Globo era chamado de PAEC. Hoje o time mudou de nome, atualmente é o Audax São Paulo Esporte Clube. Disputa a Série A2 do Campeonato Paulista e a Copa Paulista de Futebol. Quem quiser saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Audax_S%C3%A3o_Paulo_Esporte_Clube

Michel, seu blog é uma maravilha, parabéns pelo trabalho. Abraço

Michel Costa disse...

Muito obrigado, Philippe.

Abraço e espero contar sempre com sua visita.