terça-feira, 5 de abril de 2011

Leonardo não está pronto.

Logo que Leonardo foi confirmado como técnico da Internazionale, escrevi um post enfatizando que sua contratação era muito mais uma aposta de Massimo Moratti do que outra coisa. Vibrante e articulado, o brasileiro sempre teve uma boa relação com o mandatário interista e isso facilitou sua chegada após a demissão de Rafa Benítez.
Na ocasião, o que mais preocupava não eram os resultados finais obtidos pelo treinador no Milan, mas os momentos em que ficava nítida sua inexperiência para comandar equipes de ponta do futebol europeu.
Mesmo lembrando o desequilíbrio do elenco do Milan que ele comandou, alguns momentos chamaram a atenção muito mais pelos desarranjos defensivos e equívocos táticos do que por qualquer outra coisa. Na Serie A 2009/10, alguns resultados falam por si mesmos: As duas derrotas diante da então rival Inter (2 a 0 e 4 a 0) sem que houvesse a mínima reação, os dois empates diante do Livorno e as derrotas para o Palermo. Na UEFA Champions League, um resultado agregado de 7 a 2 para Manchester United em que o time inglês nunca esteve ameaçado. Isso sem contar aberrações como Huntelaar na ponta direita.
Por tudo isso, nunca enxerguei razões para sua contratação por uma Inter que acabara de se decepcionar com um treinador com muito mais currículo e que, com a temporada em andamento, não poderia dar-se ao luxo de errar de novo.
Mas errou. Durante os últimos meses, os Nerazzurri venceram sem convencer. O ataque marcava muitos gols, mas a defesa sofria gols primários. Diante do Bayern, pelas oitavas de final da Champions League, a eliminação só não aconteceu devido a uma mistura de sorte e superação. Contra o Milan, no último fim de semana, essa sorte não apareceu e o placar só não foi mais elástico que os 3 a 0 registrados porque Júlio César estava numa noite inspirada. Hoje contra o Schalke 04, na partida de ida das quartas de final, o desastre se repetiu. Novamente mal posicionada, a retaguarda interista foi presa fácil para um ataque composto pelo quase desconhecido brasileiro Edu e pelo interminável Raúl.
Obviamente, a culpa não é exclusiva de Leonardo. Futebol é um esporte coletivo e o técnico não é um enxadrista que tem suas ordens e ideias obedecidas cegamente pelas peças disponíveis. Porém, alguns erros, sobretudo aqueles que dizem respeito à escalação e posicionamento do time, são de responsabilidade do treinador. Lamentavelmente, erros semelhantes ao que ele cometia no Milan, quando sua inexperiência deixou evidente que seu momento ainda não havia chegado. E, pelo visto, ainda não chegou.
Crédito da imagem: EFE

2 comentários:

Carlos César disse...

Michel, Espero que o bom nome do Leonardo não fique manchado irremediavelmente, por estas passagens no futebol europeu, e consequentemente caia no limbo. Torço por ele, pela pessoa de bem que é. Tomara que dê a volta por cima.

Michel Costa disse...

Salve, Carlos!

Sempre vi Leonardo com mais jeito de dirigente do que de treinador. Quando ele assumiu o Milan, nem tinha completado ainda o curso em Coverciano. Em compensação, como diretor da Fundação Milan, parecia a pessoa certa no lugar certo.
Vendo agora seu trabalho na Inter, é possível notar falhas primárias na defesa, tanto na bola parada quanto com a bola rolando. A marcação do meio-campo segue meio indefinida e a armação parece ficar mais por conta da individualidade do que da coletividade.
Até acredito que ele pode se tornar um bom treinador um dia. Mas, para isso, será preciso trilhar uma trajetória que a maioria dos profissionais do ramo trilhou.

Abraço.

Ps: Ainda bem que eu tô de férias :P