domingo, 10 de abril de 2011

Falcão não é o ideal.

Poucas coisas simbolizam tão bem o amadorismo de nossa cartolagem quanto a política demissionária que caracteriza o futebol brasileiro. A frequente troca de técnicos não só impede a realização de trabalhos visando o médio/longo prazo, como dá mostras que a diretoria não sabia o que procurava quando contratou determinado profissional.
No entanto, a demissão de Celso Roth do Internacional era algo não só inevitável como deveria ter acontecido logo após o Mundial de Clubes. Não havia mais clima para a permanência de Roth após a derrota para o Mazembe. A decisão de manter o técnico depois de um fracasso tão retumbante só serviu para prolongar o trauma da queda diante dos africanos. Naquele momento, o melhor era demitir o técnico, “zerar a contagem” e começar tudo de novo com outro profissional, preferencialmente, de outra mentalidade.
O problema é que Paulo Roberto Falcão não parece ser esse nome. Longe da função há mais de quinze anos e sem nenhum resultado relevante na carreira, considerá-lo para o cargo neste momento é mais ou menos o que o Flamengo fazia quando tentava Júnior no comando técnico do time principal.
Para ser justo, é preciso dizer que Falcão não teve grandes chances para mostrar seu trabalho. Na Seleção, foi incumbido da missão de reformular o grupo de 1990 sem utilizar jogadores “renegados” que atuavam no exterior. No Inter, pegou uma das piores fases do Colorado e o Japão ainda engatinhava no futebol.
A questão aqui é que o Inter não é um time para apostas. Trata-se de uma das maiores forças do futebol brasileiro, estabelecido num patamar em que não deveria haver margens para experiências. Qualquer equívoco na escolha de seu novo treinador pode significar uma temporada perdida. Um luxo que o atual campeão continental não deveria se dar.
Crédito da Imagem: Edu Rickes / Globoesporte.com

9 comentários:

minicritico disse...

Ao anunciar Falcão como técnico da Seleção em 90, Ricardo Teixeira certamente achou que tinha ali o novo Beckenbauer, que acabava de se sagrar campeão mundial com a Nationalmannschaft: calvo (hahaha), inteligente, ex-jogador, craque consagrado etc. Mas não foi bem assim. Falcão só é lembrado por ter convocado Cafu pela primeira vez para vestir a amarelinha. Fosse diretor do Inter, eu teria apostado no Dunga. Mas boa parte da imprensa simplesmente não permitiria.

minicritico disse...

O que inegavelmente vai ser muito interessante é ver os dois maiores ídolos da dupla Grenal dirigindo seus respectivos clubes. Mas haja matéria no Globoesporte.com sobre o assunto... Se prepare!

Michel Costa disse...

As razões para a indicação do Falcão foram essas sim, Mini-Crítico. E acabou se mostrando um erro.
Também acredito que se fosse para escolher um ex-jogador do clube o nome deveria ser o de Dunga que em quatro anos de Seleção mostrou que tem jeito para a coisa.
Quanto as matérias envolvendo a dupla, fiquei com uma dúvida: Será que eles chegaram a se enfrentar ou o Renato estreou depois da saída do Falcão para a Roma?

Lui disse...

Tá na cara que o Inter tenta claramente fazer dar certo a fórmula do Grêmio atual. Levar um ídolo ao comando. Talvez o maior nos dois casos. A diferença é que o Inter foi mais "Liverpool" do que Grêmio. Se não der certo, será bem feito, pela tentativa de "plágio" do rival. Se der, confesso que me agradarei, pois essa tendência (de pôr ex-ídolos jogadores como técnicos) é a minha preferida. Vamos ver como é...

Mauro Vaz disse...

Trazer o Dunga? A desculpem... Vivemos em uma democracia... Mas se fosse para trazer o Dunga, então que ficassem com o Roth. Trocar um amante de voltantes por outro?
O que penso é que Falcão não teve as oportunidades que deveria (claro que isso é o que penso... democracia, haha).
E confio que irá dar certo! Sou colorado, tenho que apostar haha

Michel Costa disse...

A grande diferença é que Renato tem muito mais rodagem que Falcão, Lui. Só no Fluminense, ganhou uma Copa do Brasil e levou o time à final de uma Libertadores.
Falcão, por sua vez, não teve experiências positivas e não trabalha como técnico há 16 anos.
Neste momento, o Rei de Roma não passa de uma aposta.

Abraço.

Michel Costa disse...

Bem, nada melhor do que a opinião de um torcedor, Mauro. Sei que a expectativa é grande, mas até projetar o que será essa passagem de Falcão pelo Inter é algo difícil.
De qualquer modo, esteja certo de que eu serei um dos primeiros a admitir caso ele dê certo em sua antiga/nova função.

Abraço.

Repolho disse...

Não tenho opinião formada sobre o tema, casos semelhantes já resultaram em sucesso, fracasso ou um "não fede nem cheira".
Entretanto pensando apenas como gremista, creio que o próximo gre-nal será muito midiático, o que pode elevar o nível da disputa.
Michel, o Falcão treinou o Renato durante alguns amistosos e a na copa américa de 91.

Michel Costa disse...

Não me lembro de casos semelhantes, Repolho. Ou seja, alguém que teve uma curta carreira como técnico e voltou quase duas décadas depois para tentar sucesso. E acho que essa é a maior dúvida das pessoas. Nesses últimos anos, o comportamento dos jogadores mudou. Hoje, eles são mais introspectivos (graças à internet, etc) e possuem verdadeiras empresas por trás deles. Já os jovens, que sonhavam jogar no time de cima, agora querem um contrato com a Europa o quanto antes. Em suma, tudo mudou.
Espero que Falcão tenha a percepção disso.

Abraço.

Ps: Valeu pela lembrança de Renato sob o comando de Falcão na Seleção. Mas será que eles se enfrentaram como jogadores? Acho que não.