Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que a nota emitida pela ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) em defesa do árbitro Ricardo Marques é equivocada do início ao fim. Ao tentar atingir de forma covarde o Botafogo enquanto instituição e desviar o foco das reclamações do alvinegro carioca quando de sua eliminação da Copa do Brasil diante do Avaí, a associação deixou de marcar uma posição firme para se tornar a vidraça da vez.
No Brasil, não há figura mais desrespeitada que o árbitro. Baseados em imagens da TV, dirigentes, técnicos, jogadores, torcedores e jornalistas tratam os profissionais do apito que se eles fossem a escória da sociedade. Como se todos fossem vendidos e mal-intencionados e que por isso devem pagar para todo o sempre.
Não discuto aqui se a arbitragem brasileira é boa, regular ou péssima. Não discuto se os critérios adotados por nossos mediadores transformaram o futebol nacional em quase outro esporte. Discuto sim, a covardia dos outros profissionais que creditam todos os fracassos na conta dos árbitros.
Quantas vezes ouvimos alguém se referir a um árbitro de maneira muito mais dura do que a ANAF em sua nota? Quantas vezes ouvimos um juiz ser chamado de ladrão por marcações que dividem a opinião de todos? Inúmeras. Mas nunca ouvimos manifestações como a de hoje contra essas acusações quase sempre levianas.
Infelizmente, um dia que poderia ter ficado marcado como o início de um movimento contestador dos profissionais da arbitragem – que poderia até desembocar na profissionalização da classe – tornou-se apenas o dia em que uma nota equivocada deflagrou mais uma “polêmica da semana”. Lamentável.
Crédito da Imagem: R7
2 comentários:
Michel, foi feito muito carnaval em torno dessa nota. Não vi nada demais nela. E olha que me sinto muito à vontade para dizer isso, porque detesto esses abutres, que são os árbitros de futebol.
abs
Venditti
Olá, Venditti.
Particularmente, considero a nota lamentável. Tudo está errado ali. A ANAF deveria ter se limitado a responder às críticas botafoguenses e não agredir o clube dessa maneira. Ao fazer isso, ela simplesmente perdeu a razão na discussão, uma vez que desceu demais o nível de uma debate que poderia ter sido muito proveitoso.
Quanto aos árbitros em geral, ao contrário da grande maioria, não tenho nada contra. São pessoas normais com virtudes e defeitos. Como em todas as classes, existem os honestos e os desonestos, os competentes e os incompetentes. Mas, como eles trabalham com o objeto da paixão de milhões de pessoas, acabam tachados de pilantras mesmo sem ter suas índoles reveladas. Empresários de futebol sofrem com o mesmo tipo de preconceito.
Abraços.
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