domingo, 22 de janeiro de 2012

Contagem Regressiva: Janeiro de 2012

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Maníaco-depressivos.
Esse é o termo usado pelo jornalista Tim Vickery para descrever o comportamento do torcedor brasileiro. “Somos um lixo/Projeto Tóquio” é outra expressão usada pelo inglês para explicar nossa atávica travessia entre os extremos. E eu iria mais longe, pois creio que esse comportamento também se estende ao nosso jornalismo esportivo, logicamente, com as devidas exceções.
A verdade é que todos temos, em maior ou menor grau, propensão a dramatizar situações que envolvam nossos times ou a Seleção. Neste momento, o Brasil vive, além da transição no comando técnico, uma entressafra de jogadores. Enquanto a geração composta por Ganso, Neymar e Lucas Moura não assume definitivamente o seu lugar, nomes como Adriano e Ronaldinho saem de cena de forma até melancólica, enquanto Júlio César, Maicon, Kaká e outros vivem o dilema de chegar em boas condições físicas à Copa do Mundo.
Apesar disso, não seria exagero dizer que o Brasil tem três jogadores numa hipotética seleção mundial. Neste momento, o planeta não vê laterais melhores do que Daniel Alves e Marcelo. Do mesmo modo, é difícil encontrar um zagueiro em melhor forma do que Thiago Silva. Aos três, podemos somar o recuperado Júlio César, o zagueiro David Luiz, Lucas Leiva – o melhor jogador do Liverpool na temporada passada e maior ladrão de bolas da liga inglesa – Ramires (não consigo levar Fernandinho e Elias realmente a sério), Ganso (ou Hernanes), o agora taticamente útil Robinho, Neymar e Leandro Damião. Sem contar os bons Dedé, Maicon, Sandro, Hulk e Alexandre Pato.    
No entanto, a imaturidade das principais peças do setor ofensivo causa bastante dúvida – para não dizer descrença – da imprensa. Dentro do extremo característico, ouvi um apresentador de um programa esportivo da TV fechada dizer que não há a mínima chance do Brasil ser campeão em 2014. Como assim? Nos tornamos a Bolívia sem a altitude e ninguém me contou? Compreendo que o momento, sobretudo o início do trabalho de Mano Menezes, não induz a um grande otimismo, mas não duvido que uma vitória convincente sobre uma rival como a Argentina transforme todo esse pessimismo numa precipitada euforia. Fazer o quê? Somos assim.    
Os rivais:
A CBF divulgou no último dia 12 o calendário da Seleção Brasileira para o primeiro semestre de 2012. Serão cinco amistosos de fevereiro e junho, onde os adversários parecem ter sido milimetricamente escolhidos para não provocar grandes danos até os Jogos de Londres.
Em 28 de fevereiro, o Brasil enfrentará a Bósnia em território suíço. Em maio, na Alemanha, a Seleção pega a Dinamarca no dia 26 e no dia 30 ou 31 viaja aos Estados Unidos para um compromisso diante dos donos da casa. No mês seguinte, o time de Mano encara o México em Dallas no dia 3 e, seis dias depois, a Argentina em Nova Jersey. Embora não se configure uma sequência demasiadamente complicada, fica claro que houve uma busca por rivais que possam proporcionar algum desconforto para a Seleção, mas, ao mesmo tempo, sem colocar a cabeça do técnico na guilhotina. Pode não ser a alternativa mais corajosa, porém, é a mais inteligente.
De olho na Copa:
Numa jogada de mestre, Ricardo Teixeira e Ronaldo conseguiram controlar um dos maiores críticos da Copa no Brasil: Romário. Através do Fenômeno, o Comitê Organizador Local anunciou a reserva de 32 mil ingressos do Mundial para portadores de necessidades especiais e convidou o Baixinho para participar da cerimônia. Como se sabe, o deputado federal tem como bandeira a luta pelos direitos dessa parcela da população e não esconde a emoção quando fala sobre o assunto. Não por acaso, suas críticas ao Mundial se tornaram bem menos ácidas após a aproximação do velho companheiro de ataque.
Na última semana, Jerome Valcke, secretário-geral da FIFA, mostrou-se preocupado com o andamento das obras da Arena das Dunas em Natal e embora tenha mantido todas as doze sedes, alertou que a Copa do Mundo pode ser realizada com apenas oito sedes. Por outro lado, o secretário elogiou a Fonte Nova que cumpre à risca seu calendário de obras.
Abaixo, o andamento das obras nas doze sedes:         
Dentro do previsto: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Salvador;  
Apresentando atrasos: Cuiabá, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus e Natal.
Imagens: Terra, O Globo.

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