domingo, 8 de maio de 2011

Tipos de Jornalista Esportivo.

Baseado na série de posts do blog de Maurício Stycer intitulada Tipos de Leitor – espaço onde o jornalista destrincha os habitantes da blogosfera – o “Além das Quatro Linhas” abordará os diferentes tipos de jornalistas das mais diversas mídias. Mas, como este blogueiro se limita ao assunto futebol, vamos manter o foco apenas nos jornalistas esportivos...
O Passional.
Nada mais normal do que um jornalista esportivo torcer por um time. Afinal, ninguém é filho de chocadeira e o gosto por essa área decorre, geralmente, da paixão por um clube. Difícil é saber dosar esse sentimento e separar o amor da profissão.
Todavia, o que não falta são armadilhas no caminho. Um caso clássico são os programas televisivos em que cada jornalista da bancada “defende” determinado clube. No meu estado, dois bons exemplos são o Minas Esporte (Band) e o Alterosa Esporte (TV Alterosa). Não foram poucas as vezes que o debate entre os participantes descambou para o escárnio ou para discussões mais ásperas.
Frequentemente, essa ligação forte com o clube também pode colocar a paixão acima da razão e provocar críticas a técnicos e jogadores, algo que, queiram ou não, acaba influenciando na opinião pública. Não são raros os episódios em que treinadores são demitidos após sofrerem com verdadeiras campanhas desses jornalistas/torcedores. São comuns também, casos de jogadores patrulhados em sua vida particular em suas horas de folga.
Outro reflexo, este menos perigoso, pode ser notado em avaliações demasiadamente duras sobre o time do coração. Na tentativa de ser neutro, o profissional acaba reclamando além da conta, cobrando uma excelência que não existe, ainda mais num futebol instável como o brasileiro.
De todos os tipos de jornalista, o “Passional” talvez seja o que menos consciência tem dos danos que pode provocar na rotina do clube que diz torcer ou que ama em segredo. Porém, graças a essa paixão, a análise fica em segundo plano e quem paga por isso é o torcedor.  

12 comentários:

Eduardo Junior - Blog Europa Football disse...

Logo me vem a cabeça o Renato Maurício Prado. Menospreza os times pequenos que enfrentam o Flamengo, vangloria os destaques do seu time rubro negro e crucifica os mais ruins.

Sobre os programas, acho que seria interessante ver um programa com esse propósito de unir jornalistas que assumem so times que torcem, mas fazendo algo mais light, algo que faça com que os telespectadores tenham consciência que estão assistindo a um debate descontraído e não um verdadeiro debate, com análises imparciais. Quem sabe algum dia?

Djan disse...

Inesquecível os comentários de Gerson nos jogos do Fluminense, realmente eram cômicos, tipo:
- E aí Gerson como está lendo o jogo?
Essa defesa do Flu tá de bricaderira, pô! tem que mandar todo mundo embora!

Michel Costa disse...

Até que a proposta do Minas Esporte (pelo menos na época em que eu assistia) era essa Eduardo. Na maior parte do tempo, os participantes mantinham um bom nível. Por sua vez, o Alterosa Esporte sempre fez questão de manter um viés cômico no seu formato. O problema é que as brincadeiras já ficaram sérias muitas vezes.
Quanto ao Renato Maurício Prado, discordo em parte. Para mim, ele está mais para corneteiro do próprio time do que qualquer outra coisa.

Abraço.

Michel Costa disse...

Salve, Djan!
Bem, pelo menos o Gérson tem a "desculpa" de ser um ex-jogador comentarista e não um jornalista. Sei que isso não é grande consolo, mas...
Falando em Gérson, me lembro do nervosismo do Canhota na Band quando do primeiro rebaixamento do Flu. Em certo momento, ele pegou um monte de papéis sobre sua mesa, rasgou enraivecido dizendo que assim deveriam fazer com o regulamento e que tinha que haver virada de mesa. Trata-se de um dos momentos mais constrangedores da história dos programas esportivos brasileiros.

Abraço.

Thiago Ribeiro disse...

no entanto, acho que os melhores - na minha opinião - dos jornalistas esportivos são aqueles que têm times declarados, como o Beting - Palmeiras -, o Assaf - Flamengo -, Márcio Guedes - Botafogo -, entre tantos.

porém não acredito que seja uma "característica" dos bons jornalistas esportivos, mas uma coincidência, o melhor analista tático que eu leio hoje no Brasil é o André Rocha, que eu nunca vi declarar time.

Michel Costa disse...

Bem lembrado, Thiago.
Mas, como você mesmo lembrou, é difícil afirmar que isso não é coincidência. No entanto, apesar de gostar muito do Assaf, acho que ele faz parte da turma que acaba tomando partido do seu time de coração. Assim como o M.Guedes.

Abraço.

Michel Costa disse...

Ah, salvo engano, o André Rocha tem bom gosto. Ou seja, é flamenguista :-)

minicritico disse...

Aqui em São Paulo, reside talvez o exemplo mais escandaloso desse tipo de jornalista no Brasil: o corintiano Chico Lang, da TV Gazeta. Bom... isso sem falar do Neto, né? Esse dispensa comentários.

Michel Costa disse...

O Chico Lang é mesmo uma aberração. Não o citei no post porque o vi pouquíssimas vezes. O caso Neto é aquele negócio, né? Ex-jogador acha que virou comentarista só porque "esteve lá dentro", mas acaba protagonizando momentos ridículos como aquele em que chamou Sir. Bobby Charlton de tiozinho. Não que ele não seja (hehe), mas pegou mal demais para um "comentarista" não conhecer a maior lenda do time que disputava a partida que ele estava "comentando".

Thiago Ribeiro disse...

então o André Rocha tem esse defeito? :-)

mas Neto, Casagrande, Falcão, não são jornalistas, ou são.

mas tem casos mais drásticos: Juca Kfouri, esse é doentil!!!

Michel Costa disse...

Não. Neto, Casagrande e Falcão são ex-jogadores exercendo as funções de comentaristas, blogueiros e colunistas. Por isso mesmo não os incluo entre os "Passionais". Embora os dois últimos não tenham esse perfil.
Sobre o Juca, até acho que ele consegue dosar bem seu corintianismo na hora de comentar. Por outro lado, não consegue dominar a própria arrogância.

Abraço.

Thiago Ribeiro disse...

é verdade, às vezes confundo e não sei se é só arrogância ou "timismo"!
hahahah