domingo, 13 de março de 2011

Comparações.

A maior parte de nossas reflexões se baseia em comparações. Se hoje está quente ou frio, se alguém é mais alto, se uma distância é longa demais. Para isso, é comum o estabelecimento de parâmetros que se tornam elementos fundamentais no raciocínio comparativo.  
No futebol não é diferente. Sempre fazendo uso de comparações, estabelecemos nossos próprios conceitos acerca do velho esporte bretão. E a comparação entre jogadores e times são as mais comuns. Quando Ronaldo anunciou que estava pendurando as chuteiras, logo vieram as comparações com Romário e Zico na tentativa de estabelecer o Fenômeno como o melhor brasileiro desde Pelé. Se o assunto é o fantástico Barcelona, logo surgem as comparações com grandes times da história como o Real Madrid de Di Stéfano, o Milan de Sacchi ou o Santos de Pelé.
Porém, poucas comparações encontram tanta discordância quanto a avaliação do poderio do futebol brasileiro no cenário mundial. Obviamente, os extremos desse debate se encontram nos argumentos dos chamados brasileirinhos” e “estrangeirinhos”, duas classes que foram tema de um post há alguns dias.
Para este blogueiro, a maior razão para opiniões tão distintas se encontra no pequeno campo de observações que dispomos neste momento. Graças, sobretudo ao nosso calendário, são raras as partidas envolvendo clubes brasileiros e europeus. Inclusive, uma das pouquíssimas chances de vermos esses embates é exatamente na final do Mundial Interclubes, algo que não ocorre com tanta frequência.
Nessas poucas ocasiões, não se viu o baile europeu que muitos costumam prever e muito menos um show de talento brasuca como crêem os ufanistas. No entanto, é possível dizer que a diferença de poderio econômico fica evidente quando as escalações das equipes se sobrepõem. Diferença ainda mais acentuada após a Lei Bosman, quando as estrelas do futebol mundial passaram a se concentrar cada vez mais em um número cada vez menor de equipes. 
Partindo desse cenário, é comum ouvirmos opiniões que, em sua maioria, se baseiam em atuações individuais dos mesmos jogadores nos dois continentes e no status internacional de cada um deles. Pouco, muito pouco para se tirar conclusões. E, curiosamente, nota-se que muitas vezes os argumentos levam em consideração apenas os fatos que reforçam as teses de cada lado.
Um exemplo disso se deu com o retorno de Ronaldo ao Brasil após o término de seu compromisso com o Milan. Mesmo muito acima do peso ideal de um futebolista, o Fenômeno conseguiu ser decisivo para o Corinthians em diversas oportunidades como nas finais do Paulistão 2009 e da Copa do Brasil do mesmo ano. Pronto. Esse era o argumento definitivo para medir o futebol nacional. O fato de Ronaldo ser um gênio contava pouco diante do “irrefutável” argumento de que um jogador muito acima do peso era importante aqui. Só não explicam como um Rivaldo magro e sem lesões não decidiu no Cruzeiro em 2004 e por que um disciplinado Ronaldinho não desequilibra no Flamengo como se esperava.
Do mesmo modo, o futebol razoável apresentado pelo Sporting Braga nas competições europeias também vem sendo usado como uma amostra de que até um time composto por jogadores brasileiros de terceira linha pode fazer algum barulho. No mesmo raciocínio, o Shakhtar Donetsk e sua trupe de jovens e talentosos brasileiros são usados como indicativo de que um bom time brasileiro pode fazer sucesso na UEFA Champions League.     
Na realidade não faltam exemplos de todos os tipos. Desde os atletas que atuavam em alto nível no Brasil e mantiveram a qualidade na Europa, assim como destaques nacionais que fracassaram no exterior. E o mesmo se aplica àqueles que regressam a sua terra natal. Muitos deles jogam bem e se tornam peças relevantes em seus times enquanto outros mostram que não tem muito a contribuir. Cada caso precisa ser analisado individualmente e não são suficientes para se basear uma conclusão. Embora, para muitas pessoas, esses exemplos funcionam como a ciência mais exata, desde que, claro, confirmem o que elas julgam ser a verdade.        
Crédito da Imagem: Globoesporte.com

Nenhum comentário: