sábado, 2 de junho de 2012

Várzea eterna

Ontem, um grande amigo e rubro-negro fanático me cobrou um post sobre a saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo. Depois de tudo o que já foi dito em todas as mídias possíveis, é difícil escrever algo que não soe repetido. Deste modo, resolvi apenas registrar minha opinião sobre o assunto e constatar que o desfecho dessa história não me surpreendeu em nenhum momento.
Quem acompanha o dia-a-dia do Flamengo percebia, há meses, que a trajetória do meia-atacante na Gávea não seria duradoura. A começar pelo atraso no pagamento do direito de imagem, acordo não honrado pela Traffic e que o clube assumiu sem ter condições de fazê-lo. Se o seu irmão e empresário, Roberto Assis, promoveu um leilão público pelo jogador no início de 2011, era de se imaginar que um atraso de tantos meses não seria tolerado. Da parte da agremiação, os atrasos para os treinos, a vida boêmia, as aparições sem condições para treinar, o mau relacionamento com alguns companheiros e, sobretudo, o pouco retorno técnico eram pistas de que o “casamento” havia chegado ao fim.
Então, volto minha atenção para os dirigentes. Durante os meses em que Ronaldinho esteve no Flamengo não faltaram episódios que davam razão para um rompimento por justa causa. O pior deles talvez tenha acontecido em janeiro com o caso da mulher presente no hotel onde a delegação rubro-negra na concentrava em Londrina. Naquele momento, Vanderlei Luxemburgo, ex-técnico do time, fez questão de expor ao público o que estava acontecendo, mas a decisão de diretoria foi a de passar a mão da cabeça do gaúcho e demitir o treinador – que sofria um desgaste com o grupo, é verdade – na primeira oportunidade. Algo que, vindo da atual diretoria, também não surpreende.
Mesmo antes de sua gestão chegar ao fim, a presidente Patrícia Amorim se junta a outros cartolas de passagem tão desastrosa quanto. A possível dívida de R$ 40 milhões com seu ex-camisa 10 é só mais um exemplo de como o clube de maior torcida no País é dirigido neste momento. O patético apelo aos torcedores, pedindo união contra Ronaldinho é de uma hipocrisia poucas vezes vista. É uma tentativa torpe de colocar a massa contra o (ex-) atleta e aliviar a própria barra. Muitos cairão nessa conversa e odiarão Ronaldinho como faz a torcida do Grêmio. Uma contratação de impacto para tentar acalmar os ânimos provavelmente fará parte desse roteiro.
Por outro lado, como mostra a história, a tendência é que depois dessa tormenta, a poeira baixe e as coisas caminhem um pouco melhor. A ausência de uma figura cheia de regalias e que atrai tantos holofotes pode fazer com que o grupo de jogadores consiga o mínimo de foco no Campeonato Brasileiro. Mas que ninguém se engane. A pior mazela do Flamengo continua na Gávea. Enquanto o clube for dirigido de maneira oportunista e amadora, não há perspectiva de melhora. E quando se olha para o passado, não há razão para grandes esperanças.  
Imagem: Agência Estado.

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