terça-feira, 29 de maio de 2012

A4L recomenda: O jogo da minha vida

Nunca concordei com a visão de que jogador de futebol é um boa-vida por natureza. Muito menos chamo de mercenário um atleta que busca contratos mais vantajosos. Todavia, mesmo despido desses preconceitos, não deixei de me surpreender com o livro escrito pelo zagueiro Paulo André Benini. Sabia que a vida de um jogador que busca seu espaço era dura, porém, não imaginei que fosse tanto. A luta para ganhar espaço no time, a distância dos amigos e familiares, as condições precárias de nossas categorias de base, as lesões, as decepções com empresários oportunistas, tudo isso mostra o quão persistente precisa ser alguém que sonha vencer nesse esporte.
Confesso que também me surpreendeu saber que Paulo André tem uma carreira mais consistente do que eu pensava. Para este blogueiro, o zagueiro do Corinthians tinha uma trajetória mais modesta e só conseguiu espaço quando Tite barrou o capitão Chicão durante a campanha do título brasileiro de 2011. Não é nada disso. Nascido em Campinas, Paulo é um atleta na concepção da palavra. Quando criança, praticava diversos esportes e teve uma educação acima da média quando comparado aos outros boleiros. Em campo, começou como meia-direita e foi parar na defesa por um feliz acaso. Talvez por ter começado a carreira no meio, sempre demonstrou uma classe incomum para a função combinada com boa presença no jogo aéreo. Em 2005, atuando pelo Atlético Paranaense, disputou a Bola de Prata da revista Placar (que venceu em 2011) com Lugano e Gamarra, último passo antes de se transferir para o futebol francês.
No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a maneira como essa obra foi escrita. Fazendo uso de uma escrita simples, sem nenhum tipo de pedantismo e permeada por um sentimento de amor ao esporte, Paulo André faz de “O jogo da minha vida” uma leitura divertida, instrutiva e também emocionante. De longe, trata-se da melhor publicação escrita por um brasileiro sobre futebol. Simplesmente imperdível.

4 comentários:

Fabiano Dias disse...

Poucos atletas tem a cabeça firme igual ao Paulo André. Dá de contar nos dedos de uma mão. Infelizmente essa é a realidade. A maioria vem de classe média para baixo. Lutam, passam pela parte pior que é a categoria de base, e quando começam a ganhar seu dinheirinho ficam vislumbrado com tudo isso: festas, baladas, mulheres fáceis, fama e outras coisitas mais. E em muitos casos esquecem de jogar bola como Ronaldinho Gaucho, Jô, entre outros.

Sou natural de Criciúma-SC, e conheci dois jogadores da base do Tigre, não pessoalmente, mas assim de vê-los perambulando pelo bairro de onde eu morava. Os mesmos são primos. Um se chama Anderson Bill: zagueiro alto, técnico, tinha uma boa saída de bola. Outro Maicon Sisenando: lateral forte no apoio e na marcação. Em 2000 o Cruzeiro levou os dois para a sua base. Os dois até foram titulares mas como disse no primeiro parágrafo, o vislumbre da fama repentina sucumbiu o Anderson Bill, que já rodou vários times no interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, deve estar em algum da segunda divisão de lá. E o Maicon todos já sabem. Está hoje na Inter de Milão. Teve cabeça firme, teve foco, talvez bem orientado pelo pai, que também foi um excelente lateral direito.

Michel Costa disse...

Concordo que o Paulo André é acima da média quando comparado aos outros jogadores, Fabiano. Mas uma coisa que me chamou a atenção no livro foi a constatação de que a figura do jogador boêmio está ficando para trás quando comparada ao contingente de atletas profissionais da atualidade. Sem dúvida, essa é uma boa notícia.

Fabiano Dias disse...

É verdade Michel. A cobrança por parte da imprensa e torcedores hoje em dia é grande, principalmente com o advento do twitter onde qualquer coisinha se propaga e se torna uma tragédia. Mas ainda vemos noticias de jogador tal fazendo festinha aqui e acolá, sendo que muito deles não tem nem aquela fama de jogador nível A, ou seja, aqueles que tiveram seus 5 minutos primeiros de fama, já se acham os tais imortais.

Falando nisso, tem um certo jogador da seleção, que é títular absoluto, que já começa a demonstrar um certo cansaço, por estar presente em "todas" partidas e uns extras por fora (compromissos comerciais e "baladas"). Eu já percebi esse certo cansaço nos dois jogos das quartas-de-final da Libertadores. Será que vai haver cobrança nele também?

Michel Costa disse...

Fala de Neymar? Pode ser. O ritmo dele é realmente acelerado. Dizem que ele não bebe nada e isso faz diferença. Se tiver o sono recomendado ao atletas, acho que dá para levar sem muitos sustos. Mas esteja certo que na primeira queda de produção mais acentuada vão citar a rotina puxada do garoto.