sábado, 19 de maio de 2012

Não existe só uma forma de jogar

Confesso que minha expectativa para a decisão desta edição da UEFA Champions League era baixa. Nada contra os finalistas Bayern e Chelsea, mas era difícil acreditar que Real Madrid e Barcelona, as duas melhores equipes do mundo, não conseguiram passar das semifinais. Mesmo assim, sabia que algo especial poderia acontecer.
A partida em si não foi das melhores. Ao seu modo, os Blues procuraram se fechar e aproveitar os poucos espaços concedidos pela defesa bávara. O Bayern, atuando em seus domínios, procurou mais o jogo, criou mais situações e poderia ter vencido ainda no tempo normal. O Chelsea, visitante indigesto, esteve quase morto após perder para o Napoli na Itália e acabou renascendo das cinzas após a demissão do técnico André Villas-Boas e a efetivação de Roberto Di Matteo. Difícil acreditar que o mesmo time que se arrastava sob o comando do treinador português era o mesmo que eliminou o mítico Barcelona de maneira heróica. Mas era. E não era só isso. Ainda havia um título para conquistar.
Não faço parte daqueles que acham que só os times ofensivos devem ganhar. Acredito que cada equipe é livre para traçar suas estratégias, medir seus limites e escolher seu comportamento dentro de campo. Como sempre digo, a Grécia nunca seria campeã europeia se buscasse o ataque. Este Chelsea, provavelmente, também não. Deste modo, nada mais emblemático do que vermos o time londrino levando a decisão para a marca do pênalti. Um título merecido, mesmo que muitos achem que só existe uma maneira legítima de se jogar.
Imagem: Reuters

21 comentários:

Danilo disse...

Michel,concordo com tudo que escreveu nesse texto. Pra mim o que fez a diferença foi a parte psicológica. O time do Bayern errou demais, parece que jogar em casa e ser favorito foi uma pressão. O time atacou o jogo inteiro, e a cada minuto que passava a pressão aumentava, até que no finalzinho fez o gol.Jupp Heynckes deu uma de Joel, tirando o atacante Muller para colocar o fraco zagueiro Van Buyten. A bola puniu e o empate foi susto, pois achava que o time inglês não poderia reagir e a vitória estava garantida. Na prorrogação, Cech defende o pênalti de Robben e Schweinsteiger fica lamentando, parecia nervoso. O jogo foi para os pênaltis. Bayern começou bem, até erra no 4° penâlti. A. Cole empatou 3 a 3. Última cobrança Schweinsteiger, si errasse e o Drogba fizesse o jogo acabaria. PRESSÃO. Schweinsteiger errou. Drogba, experiente, fez.Schweinsteiger ficou chorando feitou moleque de base, uns dos líderes da seleção alemã tem que consolar os mais jovens, e não ser consolado. Chelsea campeão e o fator psicológico fez a diferença.

Fabiano Dias disse...

Como diz o comentarista Miguel Livramento (RBS/SC), o futebol é jogado e o lambari é pescado. Nunca ouvi dizer que esquema e disciplina tática ganha jogo. Ajuda a ganhar, mas se ganhasse só por isso o Barcelona seria campeão de tudo. A Holanda de 74 teria sido campeã. O Chelsea foi para o jogo com uma proposta de se defender e jogar no erro do Bayern, de franco atirador. De fato, isso ocorreu. O Bayern se pareceu muito nervoso, não conseguia controlar a bola no seu ataque. O fator casa talvez tenha atrapalhado nesse quesito, pois sentiu a pressão.

Michel Costa disse...

Também acho que o Bayern demonstrou nervosismo em alguns momentos, Danilo. Sobretudo, com Ribery e Robben que estiveram bem abaixo do que podem produzir. Quanto ao Heynckes, eu não condenaria. Faltava pouco tempo quando ele sacou o Muller e ele precisava vigiar a entrada de Torres. Não deu certo, eu sei, mas não colocaria na conta do treinador alemão.

Michel Costa disse...

Realmente o fator casa não predominou desta vez, Fabiano. Quem estava no estádio dizia que a torcida não estava jogando junto, que estava muito calada. Além disso, o time pareceu nervoso diante da barreira armada pelo Chelsea.
Quanto a expressão, por aqui se diz: "o jogo é jogado e o lambari é pescado"... hehe.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Acreditava mais no Bayern pelo time mais “arrumado” e por jogar em casa, mas depois que o Robben (bom jogador, mas muito previsível) perdeu o penalti, ficou na cara que o Chelsea iria vencer e para falar a verdade, já estava na cara há algum tempo (pelo menos depois da vitória sobre o Barcelona); um time que reagiu depois de tantas vezes estar fora do torneio é uma história realmente incrível. Não é o melhor time da história, mas também não é uma Grécia ou um Once Caldas de 2004 que ganharam de forma feia e inesperada mesmo. Teve qualidades, mostrou experiência e teve no Cech e no Drogba grandes destaques; era um time mediano até ser comprado pelo Abramovich e agora cresceu; É o ideal? não, mas é o preço que pagamos por vivermos no capitalismo. Além disso, quem dirá que outros times não podem ter também algum dinheiro “suspeito”?; sobre o jogo: Mario Gomez voltou ao seu normal no ataque e concordo com o Danilo: Heynckes tirou o Muller muito rápido depois do 1×0, poderia tê-lo deixado em campo para preocupar mais a defesa inglesa. Sobre a maneira de jogar, temos de lembrar que o Chelsea foi para cima do Napoli naquele 4x1, ou seja, ele não jogou apenas se defendendo na campanha; contra o Barcelona qualquer um faria o que Di Matteo fez e contra o Bayern, a falta do Ramires e do Raul Meireles e a falta de condições do Malouda fez as opções do meio campo escassearem.

Danilo disse...

Michel, com 1 a 0 por Bayern, o Chelsea teria que ir com tudo para o ataque. O que sobraria espaço para o Bayern contra-atacar, com Muller em campo, fatalmente iria ampliar o placar. E a melhor defesa, como você sabe, é a posse de bola.

Douglas Muniz disse...

O foda da conquista do Chelsea é que muitos darão valor ao Drogba apenas agora... Mas foi um castigo ao Bayern, sobretudo ao Schweinsteiger (o melhor do Bayern), o Lahm, o Robben que jogaram muito... Futebol é belo e incrível também por isso...

Michel Costa disse...

Tem razão, Alexandre. Citei a Grécia de 2004 no texto apenas como exemplo de como um time que está abaixo dos demais também pode vencer se escolher a estratégia correta, caso se empenhar e tenha uma dose de sorte. Mas, realmente, o Chelsea é um time proporcionalmente melhor do que eram os helênicos naquela Euro. De qualquer modo, acredito que a postura assumida pelo time comandado por Di Matteo foi determinante na conquista. Tivessem partido para cima do Barcelona nas semifinais, provavelmente teriam saído com a sacola cheia.

Michel Costa disse...

Mesmo assim não condeno Heynckes, Danilo. Faltavam menos de dez minutos para o final da partida e se o Bayern tivesse vencido ninguém estaria falando nada. O time bávaro tinha algumas improvisações e colocar van Buyten no jogo era uma forma de reequilibrar o time. O gol de Drogba marcado após o escanteio poderia ter saído da mesma forma. É difícil prever.

Michel Costa disse...

Também acho que foi um castigo pesado para o Schweinsteiger, Douglas. Mesmo tendo passado por dois problemas físicos durante a temporada, o volante jogou demais. Talvez tenha sido o melhor em campo. Para piorar ainda teve o pênalti perdido.
Durante a transmissão alertaram que essa derrota pode influenciar a base que defenderá a Seleção Alemã na Euro. Faz sentido.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Mudando o assunto do post um pouco: Só vi o finalzinho de Juventus x Napoli; primeiro foi bom o Napoli ganhar, pois esse time da Juve até é arrumado, mas não para tanto (ganhar 2 títulos e ainda estando invicta); mas o mais interessante no fim da transmissão foi o Lancellotti dando a entender que foi sua última transmissão na ESPN: Posso estar muito enganado, mas ele diz para o Largo que foi "um prazer trabalhar com ele" e que se veriam "por aí" (citou até Vinicius de Morais!) e se calou ainda faltando uns 10 minutos da entrega da taça; já estavam escanteando ele mesmo, mas será que ele sai (FOX Sports talvez), ou só falou isso pela perda de direitos do Italiano?

Michel Costa disse...

Imaginei que isso fosse acontecer quando fiquei sabendo que a ESPN perdeu o Calcio pra Fox. Mesmo se tratando de um mitônamo como o Lancellotti, é sempre chato quando alguém perde o emprego. Mas, sem a Serie A, não havia razão para a permanência do Silvio que, sim, vinha perdendo espaço há algum tempo.
Bem, vida que segue.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

É, não deu para ter certeza, até porque o Largo fingiu que estava tudo normal até a entrega da taça e o fim da transmissão, mas pareceu mesmo uma despedida; lembro quando ele até participava do Bate Bola junto com o PVC (onde ele mais perguntava as coisas para o Paulo do que comentava); não sou tão contra ele como você é: Se na TV de hoje temos uma pessoa que nem sabe falar português direito com tanto destaque (na Band, não precisa falar quem é), termos uma que faz bom uso da língua a meu ver é uma vantagem; claro que ele viaja muitas vezes nos jogos, mas me parece que ele ao menos tenta se preparar para os jogos; não consegue mais ir tão bem talvez por não ver tanto outras partidas e querer falar de vários assuntos.

Michel Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Michel Costa disse...

Ops, "mitômano".

Alexandre,

O problema é que o Silvio tem a péssima mania de inventar quando não sabe a resposta para uma pergunta. Como no dia em que ele disse que a distância que os jogadores percorrem era medida através de um chip implantado em suas chuteiras. Não existe mais espaço para isso no jornalismo esportivo. Hoje, a informação está a um "google" de distância e não dá para tirar coisas debaixo do braço.
Sem falar na maneira meio ríspida com que ele corrige Largo e os outros. Acho meio antipático.
Quanto a falar de outros assuntos, o Antero é outro mestre nisso. Bem fraquinho também.

Douglas Muniz disse...

Também acho Michel sobre o Antero e o Sílvio, era mais o Bertozzi e o Oddi nos comentários da Série A e da Coppa Italia, conhecem mais e interagem mais com quem assiste e comenta...

Abraços Michel!!!

Michel Costa disse...

Concordo, Douglas. Com a Serie A fora da ESPN, imaginei que o Oddi poderia deixar o canal também, mas, como ele vem comentando jogos da PL e ainda assumiu um cargo na revista ESPN, não foi difícil chegar à conclusão de que ele permaneceria.

Abraço.

Douglas Muniz disse...

A vantagem do Oddi e do Bertozzi também é que eles conhecem mais fora do Campeonato Italiano, o Gian segue na Premier League, mas já comentou a liga BBVA (Liga Espanhola) e o Bertozzi só não comentou a Premier League (Russia) e a Bundesliga... Acho que na próxima temporada eles elevarão o número de transmissões do campeonato alemão, seria uma ótima, pois é um belíssimo campeonato, tanto fora de campo (estádios sempre lotados, festa da tircida e as alemãs, é claro!!!) e com jogos agradáveis em campo...

Abraços Michel!!!

Hellerson Calcio disse...

Depois de muito tempo eu tô de volta. Eu concordo com você. não pode existir somente uma maneira de se jogar futebol. É muito legal cada país ter sua própria identidade. Eu como um louco pelo Calcio vejo beleza também em se defender. Cada um joga com as armas que tem. Valeu cara, agora eu não vou sumir mais não.

Michel Costa disse...

Também acho que a Bundesliga terá mais espaço na grade da ESPN, Douglas. Considero um bom campeonato, mas ainda fico com o bom e velho Calcio. Se os horários estiverem batendo, minha preferência será sempre pela Fox.

Abraço.

Michel Costa disse...

Fala, Hellerson!
Também não vejo problema algum em montar times que buscam mais os contragolpes. Cada treinador deve ser livre para montar sua equipe da maneira que considera melhor. No caso do Chelsea, duvido muito que o título seria conquistado com uma formação ofensiva. Não vejo demérito nenhum na estratégia de Roberto Di Matteo.