domingo, 5 de agosto de 2012

Tão longe, tão perto

A apertada vitória por 3x2 sobre Honduras,  assegurou a Seleção Brasileira entre as equipes que disputarão medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres. No entanto, como este blog havia tratado, o Brasil ainda está longe de apresentar um bom jogo coletivo. Assim como na vitória sobre a Bielorússia, os comandados de Mano Menezes não conseguiram criar muitas tramas a abusaram dos levantamentos na área e das ações individuais.
Placares à parte, impressiona como o time não apresenta evolução tática mesmo depois de uma considerável sequência de partidas. Se somarmos os cinco amistosos às partidas no torneio olímpico, teremos nove jogos e um bom período de treinos em que pouco, além de uma ideia, foi mostrado. E a questão é: Essa ideia está correta?
Reza a lenda que a Seleção Brasileira quase sempre teve defesas ruins, mas compensadas por um ótimo ataque. Bobagem. Em Copas do Mundo, o Brasil divide com a Itália a condição de melhor defesa da história da competição e viu seu ataque marcar mais gols do que qualquer outro país. Olhar para a defesa, se não era uma obsessão, sempre foi uma preocupação brasileira. Inclusive, se fosse possível resumir nossos conceitos futebolísticos não escritos, diria que nossa defesa e marcação sempre foram vistas como a base para os talentos individuais fluírem com liberdade. E talvez esteja nesse ponto o maior equívoco do atual time olímpico.
Historicamente, marcar à frente nunca foi uma característica do futebol brasileiro. Por formação, nossos jogadores mais talentosos podem até contribuir com a marcação, mas não são especialistas nisso. Em consequência, a pouca aptidão para essa função faz com que se abram latifúndios na retaguarda que qualquer equipe mais qualificada transpõe sem muita dificuldade. Um perfil de rival que, ao contrário do que vem acontecendo nos Jogos, certamente não estará em falta na Copa.
Nesse raciocínio, até o argumento de que os adversários de 2014 se postarão atrás pode ser contraposto quando lembramos que o Brasil sempre rompeu defesas baseando-se na criatividade e no talento e não na marcação alta. Era justamente dessa qualidade que o competitivo time de Dunga se ressentia. Da maneira como vem atuando, vencendo sem convencer, o Brasil pode até ser campeão olímpico. Todavia, estará muito distante de apresentar um futebol capaz de ser hexacampeão mundial.
Imagem: Reuters

4 comentários:

Douglas Muniz disse...

Ola Michel. Esse lado esquerdo da seleção é a Mãe do Ano. Cobertura zero, beque saindo toda hora (e sempre atrasado...). Defensivamente o time precisa melhorar demais. Me lembro de uma conversa que tive com outras pessoas que acompanha o selecionado (incrível, mas elas existem) e sempre notei algo incrível: zagueiro bom, é zagueiro protegido. Sim, beque por natureza, precisa jogar protegido, num sistema defensivo sólido, assim ele ganha confiança e sua produtividade cresce. Vejo por exemplo as criticas ao Juan (que considero um zagueiro de bom potencial), ele joga no lado onde o seu lateral mais desce, não tem uma composição defensiva, na marcação, onde o Sandro (que vem tão mal quanto) e o Rômulo (oscila em alguns momentos, porém é discretíssimo...) não garantem a proteção necessária. A linha de três meias, os seus extremos não participam da composição defensiva e a bomba explode em quem não deve. Imagine se o beque hondurenho não tivesse sido expulso, hein?!

Abraços!!!

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Juizinho amigo do Brasil no jogo contra Honduras; a expulsão do atleta de Honduras no primeiro tempo foi totalmente desnecessária; foi falta em cima do Neymar, mas não havia necessidade do segundo amarelo, apesar da ingenuidade do jogador ao fazer uma falta 3 minutos depois de levar o primeiro amarelo; o penalti para mim até existiu, mas a imagem de arbitragem caseira ficou clara. A defesa brasileira dá muitos sustos ainda e, sem Oscar e Neymar inspirados, o time brasileiro penou para vencer um time com 10 jogadores; o ouro está perto, mas será bem mais complicado do que muitos imaginam, a não ser que os maiores talentos do time resolvam. Falta realmente o time ter uma cara e usar mais a marcação sob pressão; depender apenas de lampejos individuais é algo que chega a ser até preguiçoso. Concordo com o Douglas também; falta uma proteção mais eficiente para a zaga e acertar a cobertura das laterais, mas acho o Juan limitado para ser titular dessa seleção.

Michel Costa disse...

Tem razão quanto a proteção dos zagueiros, Douglas. No entanto, Juan é realmente fraco no combate direto. Para sorte de Mano, ele não vai precisar recorrer ao zagueiro quando a seleção principal verdadeiramente se formar.

Abraço.

Michel Costa disse...

Tem razão, Alexandre. Se o ouro realmente vier, acontecerá pela qualidade individual dos jogadores e não pelo jogo coletivo que até agora mostrou pouca evolução.
Quanto a marcação alta, não sei se essa é a melhor maneira. Como bem lembrou o PVC, dos 12 gols que o Brasil marcou até agora, nenhum foi resultado de bola roubada no ataque. Em compensação, vários gols sofridos aconteceram porque a defesa estava adiantada e mal arrumada.