domingo, 12 de agosto de 2012

Até 2016

Cá entre nós, não via a hora das Olimpíadas acabarem. Para quem é fanático por futebol, chega a ser torturante ver os programas esportivos que ocupam 90% de seu tempo falando sobre o velho esporte bretão dando lugar a competições que não chamam a atenção de ninguém nos quatro anos anteriores ou posteriores ao evento. É quando surgem os “especialistas” de última hora. Pessoas que nunca falam sobre outros esportes e que o único Zanetti que conheciam era o argentino da Inter, de repente estão falando, escrevendo e tuitando sobre coisas que evidentemente não conhecem, mas nem por isso deixam de apresentar suas teses sobre o baixo desempenho brasileiro em alguma modalidade obscura.

Mas o pior não é isso. Pior é o papa-medalha. Aquele sujeito que fica zapeando pelos canais procurando uma medalha para chamar de sua. E coitado do atleta que não consegue o ouro. É tachado de “amarelão” e de não honrar seu país. Sem falar naqueles que pedem “seu” dinheiro de volta a cada derrota. Parece consumidor no Procon. Se pelo menos fosse intelectualmente honesto deveria pedir investimentos no esporte como ferramenta auxiliar da saúde e da educação e não como trampolim para pódios olímpicos.
Felizmente, isso acabou. Pelo menos até 2016. Até lá, o COB seguirá queimando seus recursos com uma política esportiva equivocada, mas poucos estarão atentos a isso. Talvez se algumas medalhas esperadas para o Rio de Janeiro não chegarem é provável que se lembrem de Nuzman e sua turma. Então será tarde.

6 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Sou meio termo nesse sentido; gosto de alguma coisa da Olimpíada (basquete, o próprio futebol, até handebol assisto), mas de fato é sempre bom voltar a termos a sequência natural da temporada futebolística. Isso de torcer pelo Brasil nas grandes competições me remete àquela frase: Infeliz do povo que precisa de heróis. Evidente que isso existe também em outros países, mas no Brasil isso é levado às últimas consequências, como se fosse algo para nos redimir de nossas frustrações em outras áreas da sociedade e da vida. Com isso vemos essa forçação de barra, principalmente na TV aberta. Esse discurso que “falta apoio” é relativo; falta maior divulgação durante os outros 11 meses do ano e, principalmente, falta BASE ESCOLAR, o que não significa que vamos fazer 150 campeões olímpicos imediatamente. O que vale é massificar o esporte e principalmente, promover a educação com a ajuda dele.

Michel Costa disse...

É exatamente o que eu penso, Alexandre. Como escrevi no post, deveríamos cobrar uma política voltada ao desenvolvimento da cultura esportiva no Brasil. Investimento não falta, nem apoio. Falta, sim, investir no lugar certo.
Cobrar medalhas me parece algo mais oportunista do que qualquer outra coisa. No entanto, desconfio que muitos ligam a TV com o objetivo exclusivo que ver alguém conquistando uma medalha qualquer.

Douglas Muniz disse...

E ai Michel, tudo bem?
Cara, eu acompanhava o seu trabalho também quando o blog era no UOL. Me lembro de ter lido um post seu analisando o Fluminense de 1984, principalmente no jogo contra o Corinthians, válido pelas quartas de final da Copa Brasil 1984, você teria como recuperá-lo e postar novamente no blogspot? Eu gostaria demais de ver o texto novamente e quem sabe conseguir o jogo, achei muito interessante, foi uma das melhores analises que vi sobre um jogo e de concepção tática histórica...

Abraços!!!

Michel Costa disse...

Douglas,
Salvo engano, não publiquei o citado post.

Abraço.

João Caniço disse...

Michel, não posso deixar de reparar que os paralelismos com as Olímpiadas vistas aqui em Portugal são impressionantes. A generalidade do povo português só liga ao futebol e, em particular, ao seu clube - Benfica, Porto e Sporting - durante 4 anos. E é apenas no Verão dos anos bissextos que se revela uma obsessão desmedida por medalhas num país que pouco ou nada investe no Desporto. É uma falta de cultura desportiva que até mete dó de ver. Deve ser trauma de países lusófonos pelos vistos... Abraços

Michel Costa disse...

Então existe uma diferença, JP: O Brasil tem gastado muito com os esportes olímpicos e sem ver o retorno no desempenho dos atletas. Estima-se que o último ciclo olímpico consumiu perto de R$ 2 bilhões. E agora, além da chamada "Bolsa Atleta", devemos ter a "Bolsa Medalha". Parece piada, mas não é. Essa nova bolsa dará mensalmente cerca de R$ 15 mil mensais para ajudar atletas bem ranqueados. O Brasil precisa mesmo é de massificação do esporte. Só que isso não interessa a quem só pensar em faturar com essas políticas públicas.

Abraço.