segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Uma liga onde poucas estrelas brilham

2004. Este foi o último ano em que o título do campeonato espanhol não teve como ganhador Barcelona ou Real Madrid. Naquela temporada, o técnico Rafa Benítez levou o Valencia à segunda conquista nacional sob seu comando reunindo uma equipe que contava com nomes como Cañizares, Ayala, Aimar e Ricardo Oliveira. Um grupo relativamente modesto e uma pontuação final (77) que não permitiria sonhar com a primeira colocação nos dias de hoje.
Como se sabe, a principal razão para a polarização dos títulos recentes é financeira. O último estudo publicado pela consultora Deloitte coloca o time merengue no topo da lista dos clubes que mais faturam no futebol mundial (€ 479,5 milhões), seguido justamente pelo Barça e seus não menos impressionantes € 450,7 milhões. Na 19ª posição, encontra-se o Valencia com € 116,8 milhões, ou seja, um quarto do faturamento do clube da capital. Mais abaixo, está o Atlético de Madrid atingindo quase € 100 milhões. Números que tornam um feito ainda maior a perseguição do Atlético ao líder Barcelona. Neste momento, apenas três pontos separam os blaugranas dos rojiblancos, mas é difícil esperar que a brava equipe liderada pelo ídolo Diego Simeone e pelo artilheiro Falcao Garcia possa suportar a pressão da corrida pelo título ao final do certame.
Os recentes bons resultados da “classe média” espanhola – sobretudo na Copa da UEFA/Liga Europa – indicam que seu nível é bom. Nada a ver com os “18 Bangus” que insinuam por aqui, mas ainda abaixo do que seria o ideal quando se observa o nível interno de competitividade. O melhor parâmetro disso está na campanha do Real Madrid. Após a derrota fora de casa para o Bétis no fim de semana, o técnico José Mourinho se viu a 11 pontos do Barcelona, uma distância que numa liga onde a obrigação é tropeçar pouco se torna praticamente inalcançável. Mesmo assim, seus atuais 26 pontos já garantem a terceira colocação isolada a quatro do Málaga. Em outras palavras, um desempenho ruim do Madrid já é suficiente para mantê-lo na zona de classificação para a UEFA Champions League. Não é o que se espera de um campeonato competitivo.  
Imagem: AFP

2 comentários:

Yuri disse...

Sou simpático ao Campeonato Espanhol, gosto muito dos times em si, muito mais que a Serie A, por exemplo. Por isso nessa discussão quase unilateral do desequilíbrio de La Liga eu faço meio papel de antagonista.


Eu acho que a diferença mesmo está em MESSI e CRISTIANO RONALDO. São dos fenômenos simultâneos que estão dando a impressão de um desnível e má qualidade dos pequenos e médios que é exagerada. Se você perguntar para 100 pessoas que você goste das análises sobre futebol, mais de 80 dirão que os 2 melhores times do mundo são Real e Barça, e 99 delas dirão que os dois melhores jogadores são Messi e Cristiano Ronaldo. O extraordinário está aí.

O número de pontos que sozinhos, Messi e CR7 dão à seus times, é muito grande. Sem eles, o Valencia de Jonas e Soldado e o Atleti de Falcao colariam e com certeza disputariam o título tanto quanto o Atlético-MG esse ano (não chegando no final, mas quase). Os médios espanhois em si não são bons, para mim são OS MELHORES que existem na Europa. Melhores que os ingleses nos resultados e na técnica de bola. O talento ibero-americano faz muita diferença, é onde estão os melhores do mundo em geral.

Eu até brinquei em 2011 que a Premier League seria tão bipolarizada quanto a briga Real-Barça, mas ninguém ia reclamar disso pois a briga era entre United e City. E foi polarizadaça, os outros nem chegaram perto. A diferença é que ocorre alternância, mas no fundo todos se polarizam. O difícil é quando caem as duas melhores equipes do mundo no mesmo país.

O único campeonato grande que pode se dizer competitivo é o Alemão. Acertar os 3 primeiros é um exercício divertido, bem difícil, coisa que na Itália e na Inglaterra é fácil. Mas se você quer competitividade geral, o negócio é o Francês. É o Brasileirão europeu, diversidade muito grande, imprevisibilidade e forças alternantes.

Michel Costa disse...

Concordo que Messi e Cristiano Ronaldo fazem muita diferença, Yuri, mas temos que lembrar que esse abismo já existia antes do argentino "explodir" e antes do português desembarcar em Madri. Além disso, pela receita que possuem, mesmo que os dois craques não estivessem no país, certamente haveriam outros no lugar. Poderiam não produzir tanto, é claro, mas manteriam a diferença de nível.