Baseado na série de posts do blog de Maurício Stycer intitulada “Tipos de Leitor” – espaço onde o jornalista destrincha os habitantes da blogosfera – o “Além das Quatro Linhas” abordará os diferentes tipos de jornalistas das mais diversas mídias. Mas, como este blogueiro se limita ao assunto futebol, vamos manter o foco apenas nos jornalistas esportivos...
O Sônia Abrão
Jornalista, Sônia Abrão tornou-se conhecida do grande público brasileiro ao se tornar apresentadora de um programa vespertino que tem como foco esmiuçar crimes e tragédias até o esgotamento. Sob um verniz de seriedade, a atração comandada por Sônia convida especialistas e também curiosos a tratarem desses temas de maneira repetitiva, cansativa e, por que não dizer, sensacionalista. De qualquer modo, pelo tempo que está no ar, não deve faltar público.
Com as últimas polêmicas envolvendo a arbitragem brasileira, um tipo diferente de jornalista esportivo está ganhando espaço. Para ele, o futebol está em completo segundo plano. O negócio é discutir sobre as decisões dos apitadores sob a segurança de inúmeros replays sem se dar conta que a essência desse esporte, pelo menos por enquanto, é deixar nas mãos da equipe de arbitragem o que acontece em campo. Vão errar, vão acertar, mas só possuem aquele momento para decidir. E enquanto FIFA e International Board não chegaram a um acordo sobre o uso da tecnologia, todas as conversas sobre o tema levarão do nada a lugar nenhum. Logicamente, isso não significa fazer vistas grossas para o assunto arbitragem, mas perceber que ele deve ter apenas a dimensão que merece.
Contudo, nosso personagem não se limita a falar apenas de arbitragem. Polêmicas ligadas ao futebol também fazem parte do seu métier. Messi x Pelé, Adriano, Ney Franco x Rogério Ceni, tudo o que for assunto que possa ser estendido infinitamente e capture cliques e “likes” é válido. Pena que o futebol, origem de tudo, perca seu espaço para debates rasos e filosofia de botequim. Mas, assim como a Sônia Abrão, imagino que esse jornalista também tem o seu público. Felizmente, não faço parte dele.
4 comentários:
Acredito que esse tipo de jornalista não sabe a função da profissão. Sabendo que o "povão" gosta de uma polêmica, insiste neste tema enjoadíssimo. O que interessa são os clicks, (quanto maior for, maior o interesse de publicitários). Em vez de passar informação e análise de qualidade, sua verdadeira função.
É isso que o Danilo escreveu; o que conta são as "polêmicas", os acessos nos blogs ou então fazer marola. Incrível como a maioria das discusões sobre arbitragem também já começam com aquela coisa de "conspiração", "estão prejudicando time A ou B", num claro exercício de política e média com a torcida dos times prejudicados (e praticamente são todos, pois todos os times sofrem benefícios ou prejuízos, algo normal no futebol).
A infantilização do jornalismo esportivo também causa isso, quase não há reportagem mesmo, há uma uniformidade nas pautas, abordagens, sempre com tentativas de tiradas irônicas por parte dos repórteres ou apresentadores; comentaristas sem capacidade para a função completam o quadro.
Vi que você criticou o Bate-Bola por dar muita atenção à esse tipo de polêmica de arbitragem e concordo que houve um exagero, mesmo ressaltando que é um programa de nível bem superior à maioria dos demais.
Talvez, em alguns casos, eles até saibam qual é a sua função, Danilo. No entanto, acreditam equivocadamente que o interesse do jornalismo esportivo está em esmiuçar esse tipo de caso. Para mim, o esporte sempre deve estar em primeiro plano, embora não se deva ignorar o que está em volta.
Considero o Bate-Bola e o Linha de Passe os melhores programas esportivos da TV brasileira, Alexandre. No entanto, o conteúdo desses programas foi mais do que decepcionante nas últimas semanas. No caso do BB, mais da metade da atração era ocupada com debates sobre arbitragem. Esse último episódio envolvendo o Palmeiras foi assunto a semana inteira. Somando tudo, devem ter falado horas sobre o caso. O futebol mesmo ficou esquecido em algum canto.
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