segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Professor Pardal italiano.

Archimede Pitagorico é o nome em italiano do famoso personagem de Walt Disney que no Brasil conhecemos como Professor Pardal, mas bem que o simpático personagem também poderia se chamar Gian Piero Gasperini. O termo, usado no Brasil para designar treinadores de futebol que preferem inventar a apostar no óbvio e no lógico, cai como uma luva no atual técnico da Internazionale.
Apegado a um anacrônico 3-4-3 adotado no Genoa, sua última agremiação, Gasperini insiste em utilizá-lo também na Inter, mesmo em se tratando de um elenco cujas características deixam implícito que esse sistema tático não é o ideal. Na derrota por 4x3 para o Palermo na Sicília, a ausência de zagueiros rápidos o suficiente para cobrir os espaços de uma defesa a três fez com que o veterano Zanetti fosse deslocado para o setor. No meio, sem combatividade para a função de volante/meia, Wesley Sneijder, o melhor do time, começou o jogo no banco de reservas. Todavia, diante da partida apagada do argentino Mauro Zárate, o meia holandês foi lançado no ataque, aberto pela esquerda (figura 1).

Talvez por sua própria natureza de meio-campista ou por uma decisão particular, Sneijder logo derivou para a posição central atrás da dupla de ataque formada por Milito e Forlán, onde criou boas situações de gol. Sem a bola, o camisa 10 abria para preencher o flanco canhoto, mesmo sem a profundidade necessária para atacar por aquele espaço em seguida.


Até quem observa o plantel Nerazzurro à distância percebe que o esquema adotado por Gasperini não acomoda seus melhores jogadores de maneira satisfatória. Pelo que se viu nas temporadas anteriores e nas últimas contratações, talvez o melhor sistema fosse o 4-3-1-2 (figura 2) que José Mourinho usava em situações onde era fundamental ganhar o meio de campo. Outra possibilidade, esta mais ofensiva, seria a montagem de um 4-3-3 (figura 3) que, sem bola, marcaria como o usual 4-2-3-1. Nessas duas hipóteses, Sneijder ficaria centralizado, local onde se sente mais confortável em campo.

Logicamente, não é impossível que o grupo interista se adapte às ideias de seu novo treinador. Porém, num campeonato de pontos corridos, o encaixe pode não acontecer a tempo de a equipe recuperar terreno, uma vez que Milan, Napoli e Juventus dão sinais de estarem mais entrosados. Nesse cenário, não será surpresa se Gian Piero Gasperini não comer o panetone.     

12 comentários:

Rodolfo Moura disse...

Michel,
Poxa, você já está querendo fritar o Gasperini? Brincadeiras à parte, quem também está se compliando é o Luis Enrique, não?
Abraços,

Michel Costa disse...

Salve, Rodolfo!
Pensei bastante antes de criticar o sistema de Gasperini, mas, como a reclamação está geral, acabei não resistindo e dei o meu pitaco também...hehe.
Quanto a Roma, acho que há uma diferença. Quando Luis Enrique foi contratado já se sabia que a mudança de estilo poderia demorar a vingar. A Inter, ao contrário, faz parte daquele grupo de times que não podem esperar. Não por acaso, as trombetas devem soar bem mais pelo lado de Milão.

Abraço.

João Caniço disse...

Porque Ranocchia não jogou, Michel? Castigado? Ou apenas opção? De facto a teimosia de Gasperini por este lunático esquema táctico soa a ridícula. Abdicar do melhor jogador da equipa diz tudo. Sempre ouvi dizer e considero correcto que são os jogadores que fazem a táctica e não o inverso.
Abraços

Michel Costa disse...

Pois é, JP. Ranocchia foi barrado porque Gasperini queria um jogador mais rápido na defesa para marcar as jogadas laterais do Palermo. Em campo, o que se viu foi uma defesa exposta, com os sicilianos entrando como bem entendiam.
Sobre a adaptação do sistema ao elenco, não poderia estar mais de acordo. Mas, pelo visto, Gasperini não aprendeu nada dessa lição.

Abraço.

Thiago Ribeiro disse...

e o pior é que só ele usa o 3-4-3 em 3 linhas, E ISSO É ILÓGICO!!

o WM de Chapman o meio era um quadrado, a amplitude era dada pelos pontas, dois meias criando e dois defendendo!

o 3-4-3 do Ajax e do Barça de Cruyff o meio era um losano - de longe o mais eficiente -!

ora, se vc tem pontas, pra que wingers? E vice-versa!!!

além da linha defender mal! se vc tem um triÂngulo mediano num 433/451 quem os dois centrais vão marcar contra 3 homens? além disso, serão 3 defensores contra 3 atacantes! MORTAL!!!!

eu vejo o 3-4-3 (losango) com bons olhos, contra equipes de 2 atacantes, de resto é ineficiente!

em 2007 Cuca encantou o Brasil com um carrossel no WM, aquele time afundou com as brigas internas, mas tática e tecnicamente era bastante a frente dos demais, principalmente que aqui todo mundo jogava no 4-3-1-2 e no 3-4-1-2, esquemas aos quais o WM se sai muito bem!

Sem esquecer do Barça, que contra 4-4-2 ortodoxos recuas Busquets pra zaga e avança os laterais e vira um 3-4-3 losango, e quando enfrenta times no 4-1-4-1 avança os laterais e forma um WW (2-3-2-3) como a Itália bicampeã do mundo (1934-38).

Vale conferir esses sistemas de jogo, pois são recentes (2007 pra cá) e variações de outros esquemas táticos (o Botafogo, por exemplo, no papel era um 4-2-1-3, o lateral-esquerdo virava zagueiro, e o lateral-direito virava meia-direita).

Thiago Ribeiro disse...

ih, ó só o que eu acabo de ler:

http://www.zonalmarking.net/2011/09/12/palermo-4-3-inter-gasperini-3-4-3-tactics/

e o título:

Palermo 4-3 Inter: Gasperini’s 3-4-3 exposed

e eu tou puto pq não vi o jogo da Juve!

Michel Costa disse...

Ótimo comentário, Thiago. Dizem que Gasperini trata seu 3-4-3 como revolucionário. Na visão dele, os jogadores abertos obrigam o adversário a jogar pelo meio facilitando a marcação. Na prática, ninguém achou ninguém e o Palermo chegou a marcar um gol após uma humilhante linha de passe.
Sinceramente, não acredito em grandes revoluções no futebol. As que acontecem são gradativas e a última está ligada ao estebelecimento do 4-2-3-1 e suas variações. Algo bem marcado após a Copa de 2006.
Certamente Gasperini não está inventando a roda e a Inter deve pagar por isso.

Abraço.

Johnny disse...

Não cheguei a ver o jogo porque o horário era o mesmo do jogo do meu Timão, mas dá pra perceber que Gasperini cometeu burradas e burradas com esse 3-4-3. Primeiro: EXISTE UM LATIFÚNDIO ENTRE O MEIO DE CAMPO E O ATAQUE!!! Como um treinador de um clube da grandeza da Inter faz isso?! Os jogadores adversários podem muito bem rodar por ali na meia cancha tranquilamente, até porque Cambiasso e (principalmente) Stankovic não são jogadores rápidos o suficiente pra tentarem ocupar os espaços vazios. Outra, se a Inter rouba a bola, vai fazer o quê?! Tocar pro Jonathan "pensar" o jogo(!!)? Nagatomo (!!!)? E deixar o Sneidjer no banco ?! Gasperini deve ter confiado no fato de que Zárate fosse miraculosamente dar assistências adoidado por causa do bônus ganho per passe. Na boa, até treinador de videogame (tipo eu =D) enxergaria falhas nesse esquema tático.

Johnny disse...

PS.: Adílson Batista e Redknapp devem ter chorado de orgulho do Gasperini

Michel Costa disse...

Tem razão, Johnny. Mas, depois de toda a pressão (inclusive de Moratti) sofrida após a derrota para o Palermo, Gasperini já acena com a possiblidade de mudar o esquema tático. Vamos ver se isso realmente vai acontecer, porém, minha pergunta agora é: Gasperini sabe montar times com uma defesa em quatro?

Abraços.

Thiago Ribeiro disse...

so pra ilustrar o q eu disse sobre o Barça virar um 3-4-3 em losango quando enfrenta qualquer tipo de 4-4-2:

http://globoesporte.globo.com/platb/olhotatico/2011/09/13/barcelona-2x2-milan-por-isso-amamos-o-futebol/


lembra muito o q o fogão de cuca fazia em 2007, com a diferença que o lateral-direito igualava o meia, virando um quadrado!

abraços

Michel Costa disse...

Muitos tem enxergado o Barça atual como um 3-4-3. Não vejo tanto assim. Primeiro, não há simetria, pois não existe um ala pela esquerda jogando como o Daniel Alves. Pra mim, o atual sistema catalão lembra na defesa o Milan de Ancelotti que prendia um lateral e liberava outro quando tinha a formidável linha com Cafu, Stam, Nesta e Maldini.
Posso estar enganado, mas tenho visto assim.

Abraço.