terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Da admiração ao pó

Tenho conhecimento do episódio relatado abaixo há alguns anos. Trata-se daquele tipo de situação que mesmo não acontecendo contigo praticamente obriga a colocação no lugar das pessoas envolvidas. Ao contrário do meu amigo que gentilmente cedeu essa passagem de sua vida para o “Além das Quatro Linhas”, nunca fui um grande entusiasta do trabalho de Juca Kfouri. Nada a ver com a imagem que ele passa, mas tudo a ver com o pouco que ele acrescenta. Os nomes dos dois jovens que hoje se tornaram jornalistas da melhor qualidade não serão revelados. No entanto, sempre acreditei que essa história precisava ser contada. Talvez porque ela ajude a desmistificar certas coisas...
"Ainda lembro como se fosse hoje: um amigo acabou me acompanhando em uma viagem à redação de um conhecido site esportivo em São Paulo. Cruzamos inclusive com o Daniel Kfouri, filho do Juca, por lá e na sequência fomos até o Pacaembu para conhecer o Museu do Futebol (que estava sendo inaugurado naquela semana). Para nossa surpresa, logo na entrada cruzamos com o Juca acompanhado do mesmo filho, subindo uma escadaria que fica logo na entrada e exibe uma apresentação virtual do Pelé como anfitrião do museu.
Não pestanejamos em falar com ele, até porque para dois moleques que ainda cursavam a faculdade de jornalismo no interior paulista aquela parecia uma oportunidade única. Tenho certeza de que era evidente o brilho em nossos olhos. Recordo que meu amigo estava com uma câmera fotográfica na mão e já chegamos explicando que ele se tratava de uma grande referência na profissão que escolhemos. Uma imagem, um aperto de mão, uma palavra, qualquer coisa já seria muito para nós.
Pois bem... A repulsa do cara foi a mesma de um elitista abordado por mendigos na rua. Ele se recusou a nos cumprimentar e se afastou como se estivéssemos sujos, bêbados ou coisa do tipo. Olhávamos para o filho dele na esperança de que ele nos reconhecesse, mas o sujeito de lenço preto no pescoço demonstrava a mesma indiferença arrogante do pai. Meu amigo ainda tentou tirar uma foto, registrando o momento que hoje fazemos questão de esquecer, mas com uma entonação bastante áspera, Juca bradou: ‘Vocês podem me dar licença? Na saída eu posso até falar com vocês, mas agora me deem licença!’.
Eu sei como é, pessoa famosa em lugar público, mas nada justifica a grosseria daquele instante. Confesso que poucas vezes eu fui tão humilhado na minha vida. Parecia que estávamos insultando o cara e não ressaltando nossa admiração por sua figura. Eu e meu amigo permanecemos atônitos, tentando entender o que havia acontecido ali. Caía a máscara que esse sujeito, de fato, sempre usou! Juca parecia até aqueles pop stars de Hollywood, bem diferente do senhor de sorriso simpático que cresci assistindo com meu avô no antigo Cartão Verde da TV Cultura. O cara que eu aprendi a admirar desde a infância, lendo à revista Placar (o que posteriormente se tornaria meu passaporte para o jornalismo). 
Teríamos feito algo errado? Seria essa a postura das personalidades envolvidas com o futebol nacional? Pensei nisso durante anos e hoje, tendo a oportunidade de conhecer outros ídolos da modalidade, sei que não! Meu amigo em questão, que atualmente é repórter de uma grande rede de televisão e convive diariamente com estrelas da mesma dimensão, tem a mesma certeza! Agora sabemos que não se poderia esperar muito de alguém oriundo de um meio privilegiado, apegado a panelas corporativistas e que não se pauta necessariamente pela coerência em suas falas."
Desde que soube desse episódio nunca mais li e ouvi Juca Kfouri da mesma forma. Mesmo não havendo uma conexão direta, ficava pensando como alguém que sempre se mostra preocupado com o destino do futebol brasileiro pode ter, ao mesmo tempo, um comportamento como esse. Numa de suas últimas colunas na Folha de São Paulo, Juca diz que gostaria de ter alguém com o caráter de Tostão em seu time. De minha parte, gostaria que houvesse mais Tostões no jornalismo.

10 comentários:

Fabiano Dias disse...

O Sr. José Carlos Amaral Kfouri nunca me enganou. Sempre achei ele arrogante. Ele gosta de humilhar as pessoas mesmo. Tenho uma amiga que foi humilhada por ele na frente de todos em um evento aqui em BH.

Danilo disse...

Típico jornalista que se acha acima do bem e do mal. As vezes falta verdade na profissão. Tudo que diz é dá boca pra fora. Julga a todos, sem olhar pra suas atitudes. "Sou jornalista, tenho que julgar" (Porém quando julgado...). Isso é arrogância. Mas muito mais hipocrisia. Se veste de deus e ataca todo mundo com apenas a sua versão, "a verdade absoluta". Blindado pela profissão usada de maneira errada. Infelizmente este tipo é muito comum. Mais tostões, por favor...

Michel Costa disse...

Então, pelo visto, o episódio narrado no post não é um caso isolado. Obrigado pela contribuição, Fabiano.

Michel Costa disse...

Tostões são bem vindos em todos os lugares, Danilo. Infelizmente, eles são raros.

Leonardo Prado disse...

Que achou da casa nova do Grêmio, MIchel? sem um Tostão dos cofrs públicos, afora o uso de isenção de icms na compra dos materiais de construção. a Mesma coisa que eu comprar um carro com o IPI zero da Dilma. O Grêmio saiu da segundona direto para um palácio novinho em folha, comprado as próprias custas (sim, é o nosso minha casa minha vida, e vamos pagar o carnê em dia!!). COMO É BOM SER GREMISTA MICHEL!! Forte Abraço.

Michel Costa disse...

A arena é sensacional, Leonardo! Lembra muito os estádios mais modernos do mundo. Só fiquei com uma dúvida: O que aconteceu na partida inaugural diante do Hamburgo? Os alemães reclamaram demais. Além do gramado (que é novo e isso realmente pode gerar problemas), disseram que não havia água nos vestiários e que tiveram que sair no meio da torcida gremista. A festa foi muito bacana, mas acho que isso manchou um pouco. Infelizmente.

Abraço, meu camarada!

Leonardo Prado disse...

Velho, os problemas ocorreram de fato, devido ao prazo estipulado para inauguração, que não pode ser atrasado, pois o olímpico não tem mais condições de receber jogos pois nem goleiras tem mais, e o clube usou, e o fez muitíssimo bem, do advento da mudança de casa, uma máquina de faturar $$, com incontáveis ações de apelo sentimental, com o chavão "em 2012, viva o olímpico." E ganhou muita grana "vendendo" o fato de que as rodadas de 2012 eram as últimas disputadas no casarão, e mobilizou seu povo e o instigou a ir, frequentar e principalmente gastar dinheiro no clube. E o fez muito bem, porém as fortes chuvas do inverno e da primavera atrasaram a obra, que foi feita em tempo recorde, mas não foi 100% concluida no prazo, daí ocorreram sim problemas, mas não faltou água, pelo contrário, houve excesso de água, com vários banheiros apresentando vazamentos devido a pressão da água ser exagerada. Os alemães podem reclamar, mas foram muito bem tratados por todos, e se saíram no meio da torcida, certamente não foram importunados em momento algum, por que o Grêmio e seu povo vivem um conto de fadas, um sonho nunca imaginado, de inaugurar a primeira arena multiuso, fora da copa, antes de todos, e dando de ombros pro mundial da fifa, e sem ajuda da DILMA, que aliás fez de tudo para o colorado sediar o mundial. Demos um tapa de luva na cara dos rubros. Está convidado a vir conhecer nossa casa nova Michel, e quando o fizer, venha comer um assado e tomar uma cerveja comigo e a torcida, no melhor local, as imediações da cancha!! Forte Abraço.

Leonardo Prado disse...

Detalhe: temo que a arena do grêmio sofrerá inúmeras interdições, pelo fato de a torcida do grêmio ficar em cima do campo literalmente. e pelo estilo dos gremistas (o grêmio é disparado o clube que mais interditou estádios no brasil) isso pode ser um grande problema, que deverá ser sanado com forte conscientização por parte do clube. Pra ti ter uma idéia, a Arena já nasce interditada!! o Grêmio tomo uma partida de gancho no último jogo do olimpico, porque a torcida jogou rojões na casamata adversária no GREnal da última rodada do brasileirão. A arena é mais inclinada que a bombonera (e sim, é de propósito, afirmam os engenheiros do projeto). A casa nova foi feita sob medida para a torcida do Grêmio. É caldeirão! agora só falta um detalhezinho apenas: TIME!! hahaha... precisamos de time a altura da casa não é mesmo, afinal, o Grêmio não é o Atlético mineiro muito menos um botafogo da vida, não mesmo... rsrsrsrs..

Michel Costa disse...

Opa, convite aceito, Leonardo. Quando for ao Sul, certamente entrarei em contato com o amigo.

Sem dúvida a nova casa do Grêmio é linda. Vi o amistoso de ontem e pude comprovar isso. Só o gramado é que está precisando de um "tapa"... hehe.

Grande abraço, fera.

minicritico disse...

Indesculpável.