Em recenteentrevista ao Globo Esporte sobre o livro “É Tetra!”, fui perguntado se considerava
a pressão que a Seleção Brasileira sofrerá neste Mundial equivalente ao que
passou em 1994 quando enfrentava o incômodo jejum de 24 anos sem um título
mundial. Na ocasião, sem contar com muito tempo para processar o questionamento,
respondi que eram pressões semelhantes em circunstâncias diferentes. Se há 20
anos o panorama econômico era caótico e o grande ídolo Ayrton Senna partia,
agora temos uma população indignada com os gigantescos gastos nos estádios da Copa
e o fantasma de perder uma competição dentro de casa.
Circunstâncias diferentes e, por que não dizer,
pressões diferentes. Carlos Alberto Parreira e seus comandados embarcaram para
os Estados Unidos com um fardo esportivo que não era inteiramente deles e,
embora a vitória sobre o Uruguai em 1993 tenha mostrado um time consistente,
não havia o favoritismo de outras ocasiões. Durante o início da caminhada rumo
ao tetracampeonato, a imprensa internacional percebeu que ali havia um possível
campeão bem antes da brasileira. Em caso de derrota, Parreira provavelmente
seria execrado por uma suposta retranca, mas a vida seguiria sem maiores
dramas.
Desta vez não. Uma derrota brasileira no torneio
que se iniciará em breve pode ser o estopim de uma crise de grandes proporções.
Seguindo a lógica cartesiana das massas, um fracasso potencializaria a sensação
de que muito se gastou e nada se ganhou. E como teremos eleições poucos meses
depois, quem está no poder irá se tornar o alvo mais provável. Para estes, bem
mais importante do que ser a “Copa das Copas” é que não haja um novo
Maracanazo. Caso aconteça, é provável que as urnas sejam o reflexo de uma conta
que ninguém quer pagar.
Coluna escrita originalmente para o site Doentes por Futebol.
Imagem: Agência Estado
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