domingo, 25 de maio de 2014

Contagem Regressiva: Maio de 2014

Para um fanático por futebol, a Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Vai ter Copa, mas não como gostaríamos
A última edição da coluna “Contagem Regressiva” abre mão de analisar o apronto final das 32 seleções que disputarão o Mundial e viaja ao passado. Quando o Brasil foi anunciado em 2007 como o país-sede da Copa do Mundo de 2014 havia a promessa e a realidade. Promessas de um torneio custeado por recursos privados que se somariam a recursos oriundos de parcerias público-privadas e deixariam um imenso legado para as cidades-sede como melhorias nos aeroportos, no transporte urbano, na rede hoteleira e nas estruturas anexas aos novos estádios. Mesmo com um olhar desconfiado, era impossível que um fanático por futebol não se empolgasse com a ideia de um evento tão grandioso em seu território e ainda mais com os benefícios dos legados.
Infelizmente, a realidade não demorou a surgir no horizonte. Assim como o malfadado Pan-Americano do Rio de Janeiro, foi se tornando cada vez mais evidente que os verdadeiros legados seriam apenas as novas arenas construídas ou reformadas para a Copa. No entanto, a oportunidade inerente de se fomentar o futebol em estados como Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal não passou de um sonho. Com isso, salvo por esporádicas visitas de grandes equipes brasileiras, é muito provável que os estádios de Manaus, Cuiabá e Brasília se tornem pesados elefantes brancos.
Há, contudo, a necessidade de se distinguir o que de fato existe em relação aos gastos públicos envolvidos nesse processo e o que não passa de desinformação. Ao contrário do que se diz, os recursos financeiros investidos não vão “quebrar o País”. Há alguns dias, a Folha de São Paulo publicou uma matéria indicando que os investimentos naCopa (aproximadamente R$ 26 bilhões) equivalem a um mês de gastos com educação. Além disso, dentro desse montante encontram-se os valores referentes aos empréstimos do BNDES que deverão ressarcidos. Paralelamente, também haverá o retorno desses investimentos com a movimentação de inúmeros setores de nossa economia, onde estudos apontam cifras que giram entre 142 e 183 milhões de reais. Obviamente, apesar o otimismo nas projeções, é evidente que haverá retorno.
Mas a questão central não é essa. Ou melhor, não deveria ser essa. O Brasil teve em suas mãos a maior oportunidade de sua história para fazer algo extremamente relevante para sua infraestrutura e seu futebol. Em termos estruturais, começam a surgir informações mais concretas do que todos desconfiavam. Um relatóriopreliminar do Tribunal de Contas do Distrito Federal indicou um sobrepreço deR$ 431 milhões na reforma do Mané Garrincha, o estádio mais caro do Mundial. Porém, também por pressão política, tais investigações não foram para frente e ficaram apenas no âmbito do edital da obra.
No que tange o esporte, tivemos a chance de organizar um calendário mais racional, de traçar projetos que estimulassem o futebol nas regiões onde o esporte não é tão desenvolvido e ainda apresentar à população estádios adaptados aos novos tempos e demandas. De tudo isso, somente as arenas estão presentes. No entanto, sem a contrapartida de ações que reaproximassem o público dos campos, sobretudo da população menos favorecida, o objetivo final não foi alcançado. Numa declaração bastante infeliz, o coordenador técnico da Seleção, Carlos AlbertoParreira, definiu a CBF como o “Brasil que dá certo”. Depende do ponto de vista. No que diz respeito ao faturamento da entidade, sem dúvida é um sucesso. Para o futebol brasileiro ela continua dando errado. E há muito tempo.   
Imagem: Página do Partido dos Trabalhadores

2 comentários:

Fabiano Dias disse...

Pois então. Vai ser a Copa dos protestos. E como a maioria dos brasileiros (não me incluo nessa) gostam de deixar para a última hora, gostam de atrasar tudo, até os protestos estão atrasados, veja se pode isso?

Em 2007 fizeram festas e mais festas, e nada de protesto. Pois bem, quando lá em 2009 se viu que seriamos enganados com a historinha de que a iniciativa privada iri bancar a Copa era simplesmente mentira, uma falácia, o povo também ficou quieto, e fez festa com as escolhas das cidades sedes.

Os protestos até são validos, mas a partir do momento em que começam a quebradeira, o protesto virando vandalismo, perde todo o sentido. Depois de quebrar tudo, vão ter que arrumar certo? E quem vai pagar a conta, adivinha? Nós de novo. Ou seja, protestam contra os gastos provocando mais gastos.

E ainda tem a parte do direito do ir e vir das pessoas. Temo que farão barreiras nos pontos de entrada dos estádios. E se começarem a querer barrar a entrada de torcedores?

Bom, a Copa já está ai, engravidaram a menina, agora querem abortar na força.

Michel Costa disse...

Fico imaginando porque não se envolvem em protestos contra os gastos com os Jogos Olímpicos. Este sim é um evento que ainda pode ser discutido, tal os atrasos nas obras. Mas, é a Copa que está aí e para quem quer aparecer não há oportunidade melhor, não é?