domingo, 26 de maio de 2013

Sim, talvez, não

É oficial. Neymar anunciou que será jogador do Barcelona pelas próximas cinco temporadas e agora as especulações vão girar apenas em torno de seu desempenho na Europa. Além de ser um importante objetivo de mercado do clube catalão, a transferência também agradou àqueles que consideram fundamental atuar diante dos melhores atletas do mundo para se consolidar como um deles. Nesse cenário, três perguntas se fazem pertinentes em relação ao futuro do craque, de sua participação na Seleção Brasileira e do futebol nacional.
A primeira diz respeito ao atacante. De “dono” do Santos, Neymar passará a ser apenas “mais um” no Barcelona. Diante do declínio de David Villa, é provável que o brasileiro ocupe a faixa esquerda do setor ofensivo com frequência de titular. Nada garante que sua adaptação ao futebol europeu e ao jogo coletivo do Barça será rápida, mas deixar o frágil time santista, ter mais responsabilidades táticas e não contar com a benevolência da arbitragem local tem tudo para se configurar como os obstáculos que restam para um nível mais alto de exigência.
A segunda se refere à Seleção e como seu jogador mais talentoso pode evoluir ao encontrar desafios próximos ao que terá pela frente na Copa do Mundo. Se por esse prisma trata-se de algo positivo, por outro Neymar chegará ao Mundial de 2014 tendo atuado praticamente uma temporada e meia sem descanso, uma vez que a presença na Copa das Confederações ocupará boa parte do espaço destinado às férias de quem atua no futebol europeu. Caso ficasse em Santos, chegaria à Copa no estágio físico de meia temporada, enquanto seus principais rivais estariam em fim de temporada. Em outras palavras, se Neymar ganha por um lado, perde por outro.
Por fim, o terceiro questionamento vai para o futebol brasileiro. Em clara ascensão, o Campeonato Brasileiro acaba de perder seu principal atrativo. Aos olhos do mundo isso significa que, por mais dinheiro que movimentemos neste momento, o Brasil continua sendo um mercado periférico cuja maior qualidade é a produção de jogadores em série. Para que o futebol brasileiro volte a ser a Meca de outrora é preciso criar mecanismos para que atrair nomes importantes de volta e conservar os jovens formados aqui.  Ser uma liga internacionalmente competitiva envolve, além de dinheiro, mobilização do interesse dos atletas e do público em geral. Neste aspecto, a saída de Neymar é um duro golpe.     
Imagem: Sergio Lima/Folhapress

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