O anúncio da saída de Sir Alex Ferguson do Manchester United ao final desta temporada pegou muita gente de surpresa. Aparentemente gozando de boa saúde, o escocês de 71 anos dava sinais de que poderia seguir à frente do que clube que comanda desde 1986 por mais alguns anos. Todavia, a realidade é que no próximo campeonato o manager dos Red Devils será seu compatriota David Moyes, atualmente no Everton. Moyes, uma unanimidade dentro da cúpula do United para ser o substituto de Ferguson, assinou por seis anos e terá pela frente a dura missão de gerenciar o futebol de uma das maiores agremiações do planeta. Isso mesmo, “gerenciar”, pois treinar é apenas uma das atribuições das quais um manager pode se ocupar na Inglaterra.
Durante os quase 27 anos em que chefiou as ações esportivas do Manchester United, Alex Ferguson possuiu diversos auxiliares, o chamado “coach”, que muitas vezes eram os responsáveis por comandar os treinamentos da equipe enquanto o manager se ocupava de outras questões, inclusive de âmbito administrativo. Profissionais como Archie Knox, Brian Kidd, Walter Smith, Steve McLaren, Carlos Queiroz e, por último, Mark Phelan ocuparam a cadeira ao lado escocês desenvolvendo tarefas que se assemelham em vários aspectos com as dos treinadores brasileiros. Logicamente, o fato de desempenhar funções diferentes daquelas que os técnicos de várias partes do mundo realizam não desmerece em nada os feitos de Ferguson. Contudo, é importante constatar que muito de sua longevidade em Manchester advém desse status distinto do que estamos acostumados a ver.
O que provavelmente provoca a confusão de tratar Ferguson como um simples técnico é a sua figura à beira do gramado, mascando seu indefectível chiclete e dando ordens diretamente aos seus jogadores. Porém, seu cargo poderia ser melhor definido como um diretor técnico. Alguém responsável pela negociação de atletas – o que envolve aquisições, empréstimos e vendas – definição da filosofia de jogo do clube e planejamento estratégico. Em linhas gerais, seria o responsável pelo futebol, o que explica por que não se rompe com um manager com mesma facilidade que se demite um técnico. E no caso de Ferguson não há dúvidas de que mantê-lo por todos esses anos foi um grande acerto.
Abaixo, um vídeo especialmente produzido em agradecimento ao lendário manager...
6 comentários:
Parabéns pelo texto primoroso!
Muito obrigado, Philippe.
Abraço.
Alex Ferguson mostrou muitas qualidades no Manchester United, principalmente saber renovar o elenco a cada ciclo desde o início da era da Premier League, em 1992. Estabilidade traz sucesso, principalmente se for bem pensada e, claro, acompanhada de títulos. Obviamente Ferguson cometeu erros e poderia até ter ido mais longe em algumas Ligas dos Campeões, mas o saldo dele é extremamente positivo. Acho que o Moyes foi uma escolha inteligente pois obviamente não é alguém que fará sombra automaticamente ao ex-chefe escocês, então, se tiverem paciência com ele, poderá ser proveitosa essa mudança. Parabéns pelo texto!
De acordo, Alexandre. O maior mérito de Ferguson foi saber renovar o elenco sempre que necessário, sem nunca perder a competitividade. No entanto, concordo que podem ter com Moyes uma paciência maior do que teriam com outro nome, mas duvido que não haja pressão por títulos num médio prazo. Não adianta, o United chegou num patamar que não permite um grande recuo estratégico. Estou curioso para saber como o clube inglês agirá no mercado. Fala-se até no retorno de Cristiano Ronaldo. Vamos ver...
Abraço e obrigado.
É, também acho que essa paciência não pode ser eterna, mas acho que será maior do que seria com alguém de mais nome ou com alguém que chegaria já com alguma rejeição. Digamos que ele terá duas temporadas para mostrar serviço. Acho que falta esse "top player" para o Manchester, não necessariamente no ataque, mas no meio, como quando queriam o Sneijder (quando estava em melhor fase na Inter). E evidentemente o C.Ronaldo é esse nome, seria um ótima a volta dele. E você acha que o Rooney sai?
Acho que Rooney sai desde que não atendam o que ele pede. Ao que tudo indica, seu descontentamento também passa pela maneira como vem jogando, muitas vezes como CM, longe do gol. E é justamente essa a função mais carente do United neste momento.
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