sábado, 15 de setembro de 2012

Pontos e Vírgulas.

Coluna destinada a comentar as opiniões emitidas pelo órgão responsável pela chegada de informações ao público aficionado por futebol: a imprensa esportiva. Afinal, bem ou mal, é através dela que tomamos conhecimento de (quase) tudo o que cerca o mundo da bola.
O que eu espero de um comentarista
O ex-jogador Paulo César Caju foi assunto neste blog há alguns dias. Na ocasião, seu entendimento sobre a importância da experiência do atleta na formação dos treinadores contrastava com a visão de quem entende que ter passagem pelos gramados não é essencial para o cargo. Desta vez, o polêmico colunista reaparece de uma forma bem menos nobre. Na última terça, Caju escreveu mais um texto sobre sua preocupação com o futebol praticado no Brasil, o defensivismo dos técnicos e o amadorismo dos cartolas. Porém, foi o último parágrafo que me chamou a atenção. De maneira completamente gratuita, classificou os jornalistas Paulo Vinícius Coelho, Paulo Calçade, Leonardo Bertozzi e outros como “analistas de computador”, arrogantes e ainda deu a entender que usa o controle remoto para mudar de canal e não ouvi-los.
A partir da mesma lógica que usa para dizer que só ex-jogadores deveriam ser treinadores, Paulo César provavelmente pensa que para comentar futebol também é preciso dominar a prática. Logicamente, ter sido um atleta ajuda a entender os meandros do jogo, o que os boleiros pensaram em determinados lances e suas reações no gramado. No entanto, ao contrário do que muitos podem pensar, ser comentarista é muito mais do que isso. É muito mais do que “falar sobre o que está vendo” como Romário definiu certa vez. Ser comentarista, ou analista, é trazer para o telespectador informações que enriqueçam a partida, conhecer os jogadores e suas características, conhecer a história do esporte e não menosprezar outras escolas, entender de tática e expor as alternativas dos técnicos, conhecer o passado dos clubes, das seleções e das competições. Enfim, é mostrar ao público que o futebol fica bem melhor quando se enxerga além das cores do próprio time.
Talvez pelo fato de terem atuado, ex-jogadores que se aventuram a comentar costumam pecar pela autossuficiência. A grande maioria – pelo menos no Brasil – não se prepara corretamente para seus compromissos, se equivoca com datas, competições e outros detalhes, comenta mais os lances isolados do que a partida como um todo e, com alguma frequência, demonstra um saudosismo que pouco ou nada acrescenta às transmissões. Particularmente, quando se trata de comentar um jogo, minha preferência é pelos “analistas de computador” que tanto irritam Caju. Até porque, para mim, o único lugar em que jogador me interessa é no campo.
Crédito da Imagem: Terceiro Tempo/UOL

6 comentários:

Douglas Muniz disse...

Ola Michel, Beleza? Nossos clubes sofrerão pacas (o meu creio eu, muito mais) para fugir do Z-4, já deves imaginar para quem torço... Mas falando sobre o Caju, eu li a coluna dele e confesso, não me soou como surpreendente, achei que ele reagiria, mantendo o mesmo espirito "corporativista" e saudosista de outras colunas. Eu escrevi algo sobre isso no meu blog, no mesmo dia em que a coluna foi publicada, vai um pouco de encontro com o que você escreveu, mas procurei escrever de maneira mais ampla, da uma olhada: http://lacopasemira.blogspot.com.br/2012/09/fica-ate-patetico.html

Abraços!!!

Michel Costa disse...

Hehe... Nem me fale sobre o Brasileiro, Douglas. Na rua, me param quase toda a hora para falar do Flamengo. Por enquanto, finjo que não estou preocupado, mas não sei até quando isso vai durar.

Sobre o seu post, eu já tinha lido. Até escrevi lá, mas, estranhamente, o comentário não entrou.

Abraço.

Douglas Muniz disse...

Estranho... Pelo que vi, não há problema nenhum quanto ao registro de comentários (mesmo que ninguém até hoje tenha registrado comentários...).

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Paulo César Caju exagerou ao reproduzir um pré-conceito de que quem não jogou futebol não pode falar bem sobre o tema. Até acho que existem alguns nomes fracos dentre os que ele citou (Lofredo por exemplo, o Carlos Eduardo Lino nem sei se é mais comentarista, mas é meia boca também), mas usar tal argumento de forma generalista não é o mais correto. Parece que ele falou isso muito por mágoa, o que nunca é algo saudável.
Se ele acha, por exemplo, o Bertozzi arrogante, o que, pelo que vejo no ar e até por responder algumas mensagens minhas por e-mail ou no vídeo, não me parece ser verdade (posso estar enganado pois não conheço pessoalmente, mas não me parece ser o caso), o que ele deve achar do "purgante" Neto, uma das maiores aberrações da nossa mídia? Isso sem falar no Mário Sérgio...
O comentarista deve ter conhecimento, procurar se atualizar e agregar ao jogo que estamos vendo, sem querer aparecer mais do que ele, coisa que ex-jogadores como Falcão e Tostão conseguem fazer bem na minha opinião. Ou seja, ex-jogadores e jornalistas podem co-existir, mas valorizando sempre quem procura melhorar.
O que me chama atenção negativamente é o fato da ESPN ter colocado o tetracampeão (!!!) Paulo Sérgio como comentarista, o que a meu ver não acrescenta nada ao canal. Parabéns pelo texto Michel!

Michel Costa disse...

Douglas,

Acho que é melhor comentar no seu blog entando logado. Farei isso da próxima vez.

Abraço.

Michel Costa disse...

Alexandre,

Dos comentaristas que ele citou, preferi defender os que conheço melhor que são os da ESPN. No caso do Calçade, não posso falar muita coisa além de confirmar sua competência. Quanto ao PVC e o Bertozzi, os considero gente boa demais, nem dá pra entender por que foram tachados de arrogantes. Particularmente, acho que o Caju está magoado por não ter o espaço que gostaria e se incomoda por julgar que ex-jogadores deveriam comentar partidas, o que não tem nada a ver, afinal, essa função é muito mais um ramo do jornalismo esportivo do que cadeira cativa para ex-atletas.

Abraço e obrigado pelo elogio.