segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Maneiras e maneiras.

Se existe uma expressão que me intriga essa atende por “futebol de resultado”. Para mim, toda filosofia de jogo visa o resultado. A diferença está na maneira como se busca esse resultado e em como se lida com as derrotas e momentos instáveis. Fiz esse preâmbulo para refletir sobre um debate que tive ontem com Rogério Jovaneli, André Rocha, Vitor Sérgio Rodrigues e Darcio Vieira via Twitter e voltar a um assunto recorrente neste espaço: Os técnicos brasileiros.
Antes de tudo, digo que acredito que a maneira como os treinadores montam suas equipes também é fruto da política demissionária que impera neste país. Sempre com a corda no pescoço e lidando com dirigentes amadores e sem noção da real força de seus times, nossos treinadores muitas vezes encontram em soluções mais práticas e cautelosas o caminho para a manutenção dos próprios empregos.
Logicamente, isso não quer dizer que este blogueiro concorda com a mediocridade instalada por Muricy, Roth & Cia, mas que compreendo que esta pode ser parte da resposta para tamanho equívoco. Um equívoco histórico cujo maior feito foi demolir a velha escola brasileira de futebol e instaurar em seu lugar uma prática retrógrada e desagradável de se jogar futebol.
O que parece não ter ocorrido aos nossos técnicos é algo que para Josep Guardiola (sim, de novo nosso personagem favorito) parece óbvio: É muito mais simples conquistar vitórias se o time jogar bem. E por “jogar bem” entenda-se privilegiar a técnica e o conjunto, deixando em segundo plano o futebol de físico e retrancado que ora nos caracteriza. Enquanto esteve no Santos, Dorival Júnior percebeu isso e, não por acaso, seu time encantou o Brasil com um estilo envolvente e ofensivo. Um time que não era invencível, nem infalível, mas que brilhava, vencia e que ainda serviu de modelo para o que desejávamos ver na Seleção. Um modelo que, lamentavelmente, parece ter se perdido no tempo.
Imagem: IG

6 comentários:

Danilo disse...

Michel, pior do que isso é querer cobrar vitórias de treinadores da base, sendo que o objetivo é desenvolver bons jogadores..Em consequência dessa situação, para manter o seu emprego ou mesmo treinar o time de cima, buscam soluções pragmáticas.A maioria do times de formação de jogadores, jogam em esquemas retrógrados e defensivos.E em vez de forma meias inteligentes e habilidosos, acabam formando volantes que só marcam e meias que só atacam.

Danilo disse...

Michel,eu concordo que toda a filosofia de jogo visa o resultado.Mas, para mim a diferença é que clubes de futebol no Brasil busca o "resultado imediato"(inclusive na Base)as vitórias deve vir instantaneamente não havendo planejamento e trabalho do técnico.Na Europa num todo,busca o "resultado a longo prazo"havendo planejamento e técnicos tem tempo para formarem os seus times.

Michel Costa disse...

Tem razão sobre a base, Danilo. E nessa busca exagerada por resultados acabam preterindo jovens de baixa estatura, mas com mais técnica. Não são raros os casos de bons jogadores que foram dispensados por serem baixinhos. Como isso, quem vem perdendo é o futebol brasileiro.

Abraço.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Muricy ainda não foi muito cobrado porque não treinou Flamengo e Corinthians; o dia em que isso acontecer ele certamente será mais criticado qdo perder algum torneio; que ele é bom treinador não se discute, mas os métodos dele tendem a deixar o time mais repetitivo em jogadas e buscar mais o resultado do que o futebol fluido em campo; claro, ele vem conquistando títulos, principalmente em pontos corridos, mas muitas vezes, qdo tem de mudar o time para torná-lo mais ofensivo, tem falhado.

Sobre o Guardiola, isso tem a ver com a filosofia de jogo do clube, além do maior tempo possível de se trabalhar, mas com certeza é algo da característica dele, que provavelmente ele carregará para onde for.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Qdo disse que o Muricy será mais cobrado será pelo fato de treinar um dos times queridinhos da mídia.

Michel Costa disse...

Você descreveu bem o termo que costumamos chamar de Muricybol, Alexandre. Um futebol antiquado, baseado na forte marcação, nos duelos individuais, na bola aérea e na técnica colocada em segundo plano. Foi constrangedor ver um time como o Santos entregando a bola de bandeja ao limitado Peñarol para, em seguida, especular contra-ataques. Um time com Ganso e Neymar tinha a obrigação de mostrar mais do que isso. Mas, como o alvinegro conquistou a Libertadores, essa crítica ficou para trás.