quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Top 10 – Erros da cartolagem brasileira.

Caio Júnior é mais uma vítima dessa insanidade conhecida como futebol brasileiro. Demitido do Grêmio após oito partidas, parece óbvio que o técnico não teve tempo de mostrar o seu trabalho. E se alguém disser que esse tempo foi o suficiente para a diretoria gremista perceber que ele não era quem o clube buscava, trata-se então da confissão de incompetência dos cartolas gaúchos que não souberam contratar o profissional que necessitavam.
Infelizmente, essa é uma prática comum em nosso futebol. Decisões são tomadas e muito dinheiro é gasto sem que se saiba o porquê. Após essa triste constatação, selecionei aqueles que considero os dez principais equívocos da cartolagem brasileira. E, acredite, muita coisa ainda ficou de fora...
10 - Erros na montagem do elenco: Mau planejamento dos elencos é quase uma constante por aqui. O mais comum são os clubes que negociam jogadores no meio da temporada, não repõem à altura e terminam o ano sofrendo com isso;
9 - Contratar atleta com histórico de lesões ou de indisciplina: Outro erro básico. O jogador tem fama de “chinelinho”, apronta todas por onde passa e mesmo assim sempre tem um clube para lhe abrir as portas e, pior, pagar um alto salário;
8 - Negociar uma jovem promessa: Sempre com o pires na mão, os cartolas negociam jovens atletas antes que estes atinjam a maturidade. Não por acaso, são cada vez mais comuns os casos de jogadores brasileiros aparecendo diretamente no futebol europeu;
7 - Contratar um técnico que há tempos não faz um bom trabalho: Se você pensou em Vanderlei Luxemburgo, levante a mão. Mas ele não é o único. Muitos treinadores se sustentam por anos no mercado mesmo sem apresentar bons trabalhos durante anos;
6 - Atrasar salários: Esse é fatal. Atrasar os vencimentos da boleirada é pedir para ver o time afundar. E nem venha com a história de que jogador ganha muito e por isso pode ficar sem receber. Quem ganha muito, gasta muito. É uma lei da vida;
5 – Prometer algo aos jogadores e não cumprir: Acredite, isso é ainda pior do que os atrasos. Se o cartola reunir os jogadores e prometer que pagará dia X, é bom cumprir, caso contrário, perderá de vez a credibilidade com o grupo. Depois, é bom não reclamar se eles fingirem que estão jogando;
4 - Demitir um técnico que vem dando bons resultados: Essa é típica de dirigente que não tem a real dimensão do elenco que possui e não percebe que a posição normal do time é o meio da tabela. Basta uma sequência de maus resultados e todo o trabalho vai para o lixo;  
3 - Deixar dívidas para as administrações posteriores: Num primeiro momento, pode ser uma boa para a atual gestão, mas a longo prazo é péssimo para a instituição. Sem contar que essa mesma administração pode voltar no futuro e se deparar com a mesma poeira que varreu para debaixo do tapete;  
2 - Transformar o clube em “refém” de empresários e investidores: Equívoco cada vez mais comum. Muitos clubes não detêm os direitos de diversos atletas e acabam dependentes das decisões de investidores que, invariavelmente, têm interesses diferentes. Essa fórmula pode até funcionar no início, todavia, em algum momento as diferentes intenções vão se confrontar;   
1 - Desprezar a importância do torcedor: Não é clichê dizer que o torcedor é a razão da existência de um clube de futebol. No entanto, no Brasil, o torcedor é tratado sem o mínimo de respeito. Seja no valor dos ingressos, no preço dos materiais esportivos, na falta de condições razoáveis para frequentar o estádio ou no espaço exagerado dado às organizadas, nada é feito em prol do torcedor comum. Por sorte da cartolagem, ao contrário de qualquer outro ramo, os torcedores permanecem fiéis mesmo sem receber o tratamento que precisam e merecem.
E então? Deixei algum equívoco importante de fora? Colabore com este debate!     
Imagem: UOL

7 comentários:

Lucas disse...

Perfeito! O melhor exemplo de demição de técnicos quando tem bons resultado é o Palmeiras de 2009 que preferiu contratar o Muricy enquanto o Luxa caminhava o título Brasileiro, resultado final: Palmeiras fora da Liberta

Michel Costa disse...

Olá, Lucas.

Na verdade, em 2009, quem fazia um bom trabalho no Palmeiras era Jorginho, hoje na Portuguesa. Mas a diretoria temeu por sua pouca experiência e resolveu trazer Muricy. Resultado: o time despencou na tabela e ficou fora até da Libertadores.

Abraço e valeu pela participação.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Você ressaltou meio de passagem no nº1, mas é bom lembrar do espaço e a relação promíscua existente com esses bandos organizados, que normalmente são agraciados com viagens e ingressos; depois qdo algo dá errado e existe alguma agressão, reclamam do comportamento deles.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

O restante dos erros está bem colocado, talvez faltando lembrar de outro modelo usado pelos clubes para contratar ou demitir técnico: a superstição; como quase o Grêmio foi campeão brasileiro em 2008 depois de demitir o V.Mancini e contratando o C.Roth, talvez tentaram fazer o mesmo agora,rs...Como disse em um post passado, não acho o Caio Jr. um treinador de fato, mas o que fizeram com ele foi sacanagem.

Michel Costa disse...

Realmente, Alexandre. A questão das organizadas é bem séria e acabou ficando resumida no número 1. Particularmente, acredito que essa relação entre organizadas e o clube não deveria nem existir, pois está mais do que provada que ela é um mal para o futebol brasileiro.

Quanto aos treinadores, ressalto o regionalismo carioca onde nomes como Joel Santana saltam de clube em clube sem conseguir entregar um trabalho realmente consistente.

Abraço.

Leonardo Prado disse...

michel, o caio júnior empatou em casa com o time C do inter. aqui, é o que basta para cabeça dele ser jogada aos leões. para confirmar, o roger deu um chocolate no inter dentro do beira rio com 2 treinamentos e uma palestra. mudou a escalação, dominou o "campeão de tudo" e saiu nos braços do seu povo.

Michel Costa disse...

Ok, Leonardo. Suponhamos que Caio Júnior não seja um bom treinador. Por que o Grêmio o contratou então? No mínimo podemos chamar de um terrível erro de avaliação. Além disso, o Grêmio é o campeão brasileiro das trocas de técnico. Não por acaso, não dá sequência a nenhum projeto e não conquista nada relevante desde a Copa do Brasil. Não podemos achar que isso está certo.

Abraço e satisfação em "vê-lo" por aqui, bruxo.