domingo, 12 de fevereiro de 2012

A conta não é só de Capello.

De 1990 para cá, os melhores resultados da Inglaterra em grandes competições foram o quarto lugar na Copa da Itália e a presença nas semifinais da Euro 96, torneio que sediou. Durante praticamente o mesmo período, Fabio Capello foi campeão italiano sete vezes por Milan, Roma e Juventus, campeão de La Liga em duas passagens pelo Real Madrid e da Liga dos Campeões pelo Milan.
Diante de um currículo como esse, não é de se estranhar que em 2008 a federação inglesa tenha apostado no técnico italiano para tornar o English Team um selecionado vencedor. Afinal, com um grupo composto por grandes estrelas da badalada Premier League, não seria difícil formar uma equipe vencedora, certo? Errado.
Embora possua jogadores indiscutíveis como Wayne Rooney e Steven Gerrard, nas últimas décadas a Inglaterra não conseguiu formar um time que não tivesse sérias lacunas. A maior delas, momentaneamente resolvida, está na meta. Mesmo assim, não foram raras as vezes em que os críticos depositaram todos os fracassos na conta do treinador do momento. E desta vez não foi diferente. Bastou o anúncio do pedido de demissão de Capello para que pipocassem críticas ao seu trabalho, passando desde a convocação até a montagem do time, completando com o julgamento mais do que precipitado de que o italiano aproveitou a retirada da capitania de John Terry para abandonar o barco.
Assim como os detratores, não estou dentro da cabeça do técnico, mas não é difícil chegar à conclusão de que, a esta altura da carreira, Capello não precisa aderir a nenhuma dieta baseada em sapos. Sabemos que o posto de capitão é mais importante na Inglaterra do que noutras culturas, mas sua escolha sempre foi uma prerrogativa do treinador. Ao passar por cima do profissional, a FA deu motivo suficiente para a demissão. Não por acaso, a entidade aceitou o pedido na primeira reunião, mesmo sabendo que a Euro se aproxima. Ou seja, num pensamento inverso, também seria possível acusar a federação de usar da decisão sobre Terry para forçar a dispensa de Capello. Todavia, assim como o outro raciocínio, não há elementos para isso.
O mais curioso é notar que muitos fãs do futebol inglês acreditam piamente que a seleção é forte e que os maus resultados dos últimos anos se originam de um trabalho equivocado dos treinadores. Confundem a força da Premier League com a qualidade dos jogadores ingleses. Não aceitam os resultados medíocres colhidos nos últimos anos e sempre culpam os treinadores, raramente contestando a qualificação do grupo de atletas. Agora, mais uma vez, tentam colocar tudo na conta de Capello, mas se esquecem que ele detém o melhor aproveitamento (66,7%) da história do selecionado, superando até mesmo o lendário Sir Alf Ramsey (61,1%), campeão do mundo em 1966. No entanto, creio que desta vez essa tese não vai colar.    
Imagem: AFP

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

A seleção da Inglaterra fez o grande fiasco da Copa de 2010 pelo desempenho ridículo que teve em campo, pois os fiascos de França e Itália eram esperados, na minha maneira de ver futebol. É um time que promete sempre e não cumpre nunca, e nem Fabio Capello, que reputo ser bom treinador, conseguiu dar jeito na coisa. Muito disso acontece pela supervalorização da equipe e pelo excesso de badalação de alguns jogadores, muitos nem merecedores dela, e pelo excesso de polêmicas extra-campo.

Michel Costa disse...

Sim, Alexandre. E ainda incluiria na lista o desgaste que a PL provoca nos atletas. Mesmo assim, creio que a expectativa gerada pela Inglaterra está muito mais ligada à citada badalação do que ao desempenho histórico de sua seleção.

Abraço.