Após uma série de resultados ruins, Claudio Ranieri foi demitido da Internazionale seguindo o velho script do bode expiatório. Para seu lugar, foi alçado Andrea Stramaccioni, técnico da equipe sub-19 que acaba de conquistar a NextGen Series. Stramaccioni, 36, é quase uma antítese do treinador demitido. Jovem e de mentalidade ofensiva, chega com clara inspiração no efeito Guardiola sobre o futebol mundial.
Mais do que uma tentativa de mudar o atual panorama interista, a efetivação de Stramaccioni mostra o quão perdida está a direção nerazzurra. Desde a saída de José Mourinho, foram cinco treinadores de currículos e perfis distintos, o que indica a total ausência de um planejamento técnico no clube. Senão, vejamos:
Rafa Benítez (2010): Dono de um currículo vencedor comandando Valencia e Liverpool, o espanhol chegou à Itália cobrando em público reforços para um time que havia acabado de conquistar tudo. Na prática, Benítez tentou mudar radicalmente o estilo vitorioso de Mourinho e terminou demitido mesmo após celebrar o Mundial de Clubes;
Leonardo (2011): Muito mais um gestor de pessoas do que um técnico de campo, o brasileiro vinha de um trabalho irregular no Milan. Tentou implantar uma filosofia ofensiva, porém, o resultado mais visível foi a fragilidade defensiva da equipe. Moratti ainda tinha planos de manter Leonardo nesta temporada, mas o ex-jogador preferiu retornar à função de diretor e aceitou o convite do PSG;
Gian Piero Gasperini (2011): Contratado de última hora e sem grandes feitos no currículo, Gasperini tentou implantar seu pouco ortodoxo 3-4-3 numa equipe acostumada com o 4-2-3-1. Todavia, seu planejamento não caiu nas graças do veterano grupo e acabou demitido após uma série de maus resultados;
Claudio Ranieri (2011/2012): Experiente, com passagens por grandes clubes, mas com um histórico de poucas conquistas, Ranieri chegou com a proposta de fazer o simples. Alinhou o time num 4-4-2, recuperou jogadores como Diego Milito e conseguiu uma sequência de vitórias. Entretanto, quando sua fórmula básica se esgotou, não conseguiu extrair mais nada dos atletas. Também ficou marcado por não conseguir escalar o meia Wesley Sneijder dentro de seu sistema tático;
Andrea Stramaccioni (2012): Conhecido por sua mentalidade ofensiva, o jovem técnico romano também tem a função de promover o rejuvenescimento do plantel. Resta saber se apenas a experiência em categorias de base será suficiente para lidar com um elenco recheado de senadores. Mais informações sobre Stramaccioni podem ser lidas nesse bom texto de Arthur Barcelos.
Como é possível notar, não há uma linha de planejamento que una os últimos treinadores da Inter. Personalidades diferentes, perfis técnicos distintos, currículos desiguais. Tal descuido com seus últimos comandantes, também se reflete em contratações equivocadas de atletas. Nomes como Jonathan, Forlán (criticado publicamente por Moratti), Álvarez, Nagatomo, Palombo e Poli ainda não mostraram bom futebol e indicam que o recrutamento está longe do ideal. Essa conduta somada à evidente resistência de Moratti para abrir os cofres, mostra que o futuro interista está mais ligado à sorte no processo de renovação do que no planejamento. Infelizmente, esse não costuma ser o melhor caminho.