segunda-feira, 11 de março de 2013

Pelo fim das torcidas organizadas

Mais uma vez, as chamadas torcidas organizadas voltaram a dominar o noticiário esportivo. Sem nenhuma novidade, todas as informações se referiam à violência promovida por esses agrupamentos. Primeiro, foi a morte do adolescente boliviano Kevin Espada, atingido por um sinalizador disparado por um torcedor corintiano durante a partida em que o campeão do mundo enfrentava o San José pela Copa Libertadores da América na cidade de Oruro. Na semana passada, foi a vez de uma organizada do Palmeiras, revoltada com a derrota de seu time para o Tigre, promover um episódio lamentável no aeroporto de Buenos Aires onde o goleiro Fernando Prass precisou levar pontos na orelha após ser ferido por uma xícara arremessada por um imbecil trajado de alviverde.
Esses foram apenas os episódios mais recentes envolvendo torcidas organizadas. Seria possível citar inúmeros casos, mesmo se restringindo a Corinthians e Palmeiras. Acontece que esse é um mal nacional. Uma chaga que o futebol brasileiro traz consigo há décadas e que contribui de forma inegável para a baixa frequência de público em nossos estádios e, mais importante, para as mortes ligadas a esse esporte. Um problema identificado, mas nunca enfrentado da maneira correta pelas autoridades brasileiras, omissas quando o assunto é punir os torcedores infratores.
Em seu blog, o comentarista Mauro Cezar Pereira defende que acabar com as torcidas organizadas não solucionaria o problema e que seria uma iniciativa ingênua, caso fosse tomada. Para o jornalista, isso faria com que os torcedores organizados passassem a atuar na clandestinidade, o que poderia ser ainda pior, uma vez que se tornariam incontroláveis. Todavia, ingenuidade talvez não seja a ideia de acabar com esses grupos, mas acreditar que isso será algo simples de ser realizado, como se bastasse algum magistrado bater o martelo e decidir pela extinção. Não será.
A violência promovida pelas torcidas organizadas precisa ser contida. E está bem claro que isso só acontecerá quando seu fim for decretado. Dizer que tal medida é impossível é o mesmo que decretar a falência de todo o sistema de segurança pública. Um sistema que conseguiu, entre outras coisas, conter situações bem mais complexas como a desarticulação de quadrilhas do crime organizado ou desocupação de favelas dominadas pelo tráfico.
Às vésperas de sediar uma Copa do Mundo, as torcidas organizadas são fantasmas a assombrar um esporte que evolui em diversas frentes, mas nunca no respeito e segurança para o público amante de futebol. Não existe hora melhor do que o momento em que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil. Resta saber se haverá vontade política para tornar realidade essa urgente necessidade. Antes que outros Kevins surjam em nossos noticiários.

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Parece que, infelizmente, só quando acontecer uma tragédia com algum jogador é que vai ser tomada alguma providência em relação à ação desses bandos de criminosos organizados travestidos de torcedores. Eles são grupos em sua enorme maioria que representam eles mesmos e pouco querem saber do clube; em que pese o começo em que as torcidas realmente foram organizadas para torcer pelo clube, hoje isso ficou bem para trás, lamentavelmente. Também defendo o fim delas.

Michel Costa disse...

O que mais me impressiona na relação clube-torcida organizada é que as agremiações só têm prejuízo com elas. Dão ingresso, financiam viagens, ajudam no material usado e mesmo assim acabam se tornando reféns delas. É difícil entender. Talvez só o medo que esses "torcedores" são capazes de provocar explique essa relação.