sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Manobra arriscada

A notícia da demissão do técnico Mano Menezes caiu como uma bomba nesta sexta-feira. Embora seus resultados à frente da Seleção Brasileira não fossem os melhores, a sensação geral era a de que, aos poucos, o time estava entrando nos trilhos. Após romper com toda a base construída pelo antecessor Dunga, Mano fez diversas escolhas questionáveis, mudou de rota algumas vezes, não conquistou bons resultados, mas, mesmo assim, dava sinais de que estava encontrando uma forma de jogar e uma espinha dorsal.
O ano de 2012 se encerra com a Seleção atuando de uma forma semelhante às de grandes equipes do futebol mundial, com volantes que sabem jogar, evitando quebrar a saída de bola e com um ataque técnico e habilidoso. Se o balanço geral desses quase dois anos e meio não é positivo, pelo menos, indicava que havia um caminho a ser seguido. Sendo assim, por que a mudança?
Como escreve Juca Kfouri, ao que tudo indica, a troca tem um viés muito mais político do que técnico. Dizem também que a demissão é uma maneira de enfraquecer o diretor Andrés Sanchez nos bastidores da CBF. Se assim for, a iniciativa é ainda mais perigosa do que parece. Restando menos de dois anos para o Mundial, romper com um trabalho que agora dá frutos é uma medida bastante temerária.
Queira ou não, a vinda de um novo treinador dificilmente garantirá a sequência do trabalho. Mesmo que a mentalidade do escolhido seja parecida com a de Mano Menezes, provavelmente haverá a troca de alguns ou de muitos jogadores. Exemplos: E se o novo técnico considerar preocupante o fato de Diego Alves não ser titular absoluto do Valencia? E se enxergar David Luiz como um zagueiro instável? E se tiver preferência por um volante de mais pegada no meio-campo? E se não contar com Kaká? E se não gostar de Neymar atuando como o homem mais adiantado do time?  
Perguntas não faltam, mas respostas sim. E a primeira é o nome do novo comandante. No momento, os especulados são Tite, Muricy Ramalho e Luiz Felipe Scolari. Destes, o primeiro seria a aposta mais sensata, o segundo seria um retrocesso em termos conceituais e o terceiro é a velha aposta no que já deu certo um dia. Uma quarta opção, que beira o improvável, seria a contratação de Pep Guardiola. Improvável, sobretudo, porque o ex-Barcelona não parece interessado em assumir trabalhos pela metade e já declarou que não vê como ideal um estrangeiro assumindo um selecionado. Para o futebol brasileiro, a vinda de Pep poderia significar um sopro de ar fresco numa estrutura fechada e empoeirada. No entanto, essa não parece ser uma preocupação da entidade que define os rumos desse esporte.
Crédito da imagem: Ivo Gonzalez / O Globo

6 comentários:

Pedro Cheganças disse...

É, amigo, prepare-se para fortes emoções. Se a briga for política, esquece Tite, o treinador será Muricy.

E, aí, aguenta a arrogância do sabichão...

Michel Costa disse...

Realmente é complicado, Pedro. Ontem saiu uma nota no Lance dizendo que Guardiola aceitaria "amanhã" um convite para treinar a Seleção. Pelo bem que isso faria ao futebol nacional, acho que seria uma boa.

Johnny disse...

A melhor coisa teria sido manter o Mano, até porque o trabalho começava a ganhar um rumo depois de 2 anos sem evolução. Se fosse para ter demitido, que fosse logo depois da Copa América ou do fracasso nas Olimpíadas, agora não faz o mínimo sentido (em questões futebolísticas).

Quanto a nomes, o Guardiola seria ótimo em médio/longo prazo, mas acho meio complicado demais para ele acertar a equipe em menos de 2 anos. Inevitavelmente surgiria pressão do país inteiro para que o Pep passasse a ganhar tudo e de todos da noite para o dia. Afinal, "se o Barcelona ganhou tudo com ele, não será diferente com o Brasil".

Ainda gosto do nome de Ney Franco como treinador de seleção, ele é moderno, sabe trabalhar muito bem com o esquema 4-2-3-1, mas falta cancha para ele. O Tite é uma outra boa alternativa, assim como Ney está antenado com o futebol praticado mundialmente e daria uma certa "continuidade" ao trabalho de Mano. Mas, conforme dito antes, as questões políticas impediriam a vinda dele. Muricy, nem pensar, seria como dar dois passos atrás, voltaríamos a época do Dunga. Luxemburgo idem, já passou a época dele. Aí pode-se imaginar o Abel Braga ou o Cuca, pelo trabalho deles no Brasileirão. Mas não acho que sejam qualificados para tal "missão". O Dorival Júnior é muito overhyped, na minha opinião. Scolari seria a alternativa "supersticiosa", bem a cara do torcedor brasileiro. Em 2002 deu certo, porque não em 2014? Enfim, não são tantas opções (boas) que temos.

Agora imaginando um universo paralelo, o que aconteceria se o argentino Marcelo Bielsa se tornasse o novo treinador da seleção?? (qualificadíssimo, mas o fato de um argentino treinar o eterno rival seria no mínimo cômico pelo caô causado) Ou o Renato Gaúcho, eterno tapa-buracos? Ou o Rei Pelé, querendo mostrar ao Maradona que pode ser melhor treinador que El Pibe não é?

2012 está chegando, não duvido de mais nada...

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Mano ajudou a aumentar o marasmo em relação à Seleção pelo mau futebol na maior parte de sua gestão, mas quando o time começava a ganhar cara de time ele é mandado embora. Acho que o momento será de Felipão pois, politicamente, a presença dele seria melhor para "agregar o povo" ao time (lembrando que o Marin é político veterano). O Tite seria um troca, para a maioria do povo, que não mudaria tanto, significaria que os paulistas (e o Corinthians) mandam na CBF, o que ficou meio difícil de disfarçar com a reunião sendo feita na sede da FPF. Porém, se não ligarem muito para isso, o Adenor pode ser o nome, e talvez estejam esperando Janeiro para isso. Acho ele um bom treinador, mas pelo meio do trabalho, eu tentaria ainda com o Felipão. Engraçado como Muricy era a solução há um ano e meio, mas a derrota para o Barcelona diminuiu muito o entusiasmo pelo seu nome.

Acho impossível o Guardiola assumir a seleção brasileira agora; a empáfia de miutos brasileiros, que acham ainda que só aqui se joga um grande futebol não permitiria isso, ainda mais no meio do caminho para uma Copa jogada por aqui. Para 2018 pode, quem sabe, ser alguma opção, mas para o momento atual sem chance. Eu às vezes também fico me perguntando se o treinador espanhol deveria ser visto atuando em outra equipe para vermos sua real capacidade, antes de convocá-lo para ser técnico do Brasil, mas não deixaria de ser interessante vê-lo por aqui.

O Ney Franco tem mostrado qualidades, com o time do SP mais bem arrumado na defesa do que era antes, mas tem mostrado um defeito grave, que é de mexer muito mal no time, tem sido assim no SP; o nome dele é para o futuro apenas.

Michel Costa disse...

Creio que Guardiola, por enquanto, ainda está na categoria "sonho", Johnny. Quanto a Ney Franco, concordo com o Alexandre quando ele escreve que ainda não chegou - se é que ainda vai chegar - o momento dele.

Michel Costa disse...

Ainda acho que Tite está à frente dos outros nomes, Alexandre. Ou, pelo menos, o momento é dele. Se o Corinthians vencer o Chelsea não será possível conter o clamor popular por ele. Então, só se Adenor recusar o convite. Já defendi o retorno de Felipão à Seleção, mas hoje esse ideia já não é tão forte.