quinta-feira, 12 de julho de 2012

Lembra desse?!

Aquele lance ou momento que você, por um motivo ou outro, nunca esqueceu.
Por linhas tortas
Se o currículo do meia holandês Clarence Seedorf atuando por clubes é impecável, o mesmo não pode ser dito da contribuição ao seu selecionado. Apesar de todo o seu talento, o novo jogador do Botafogo nunca foi um titular incontestável da Oranje. Mesmo em 1998, quando foi campeão europeu e peça-chave do Real Madrid, Seedorf não conseguiu espaço entre os titulares do 4-4-2 montado por Guus Hiddink para o Mundial da França. Nas poucas oportunidades que teve, improvisado no flanco direito, foi definido pelo “atento” jornalista Fernando Calazans como “um Donizete piorado”.
Curiosamente, após a queda holandesa para a Seleção Brasileira numa emocionante disputa de pênaltis, Seedorf e outros negros do grupo foram dividir as banheiras com os jogadores tupiniquins. Como se sabe, mesmo apresentando um grande futebol coletivo, aquela Holanda era marcada pela evidente divisão entre brancos e negros, algo bem ilustrado pela foto ao lado, datada da Euro 96. Nos vestiários, o meia se encontrou com o técnico brasileiro Zagallo que, admirador de seu futebol, não teve medo de afirmar: “Se você fosse brasileiro, seria titular do meu time”. Difícil imaginar um elogio maior naquele momento. Quatorze anos depois, por esses estranhos caminhos que a vida percorre, Seedorf se transferiu justamente para o time no qual o Velho Lobo se consagrou.
Você conhece alguma história interessante sobre o mundo da bola?
Mande-a para meu e-mail: a4l@bol.com.br e coloque no assunto: 'Lembra desse?!' e ela poderá ser publicada aqui!

16 comentários:

Danilo disse...

É algo comovente essa foto que mostra divisão entre brancos e negros. Mas, o futebol é encantador porque dentro de campos brancos e negros estariam lado a lado e frente a frente. As vezes havendo contato. Unidos em busca de um mesmo objetivo e compartilhando a tristeza de uma derrota ou a alegria de uma vitória. Futebol é, realmente, mais que um entretenimento.

Michel Costa disse...

Sem dúvida, Danilo. Inclusive, essa divisão foi considerada a grande razão para a má campanha da Holanda naquela Euro. Felizmente, essa questão parece mais bem resolvida atualmente.

Marcus Buiatti disse...

Nunca tinha lido ou ouvido essa frase do zagallo...muito legal!

PRa quem ainda não entendeu o porque da euforia do botafoguense com Seedorf, basta lembrar que os ultimos idolos do fogão foram Loco Abreu e Tulio Maravilha. Acho que epxlicca bem a euforia...rs

Sobre essa divisão entre negros e brancos, há tanta fumaça (esta foto, relatos de jornalistas do mundo inteiro, inclusive holandeses...) que deve ter havido fogo.

MAs eu sempre achei estranho demais, porque os negros (Davids, Seedorf, Kluivert...) e brancos em conflito na seleção (se o conflito existiu) sempre jogaram juntos no AJAX desde as ctaegorias de base e no profissional desde 91. Conquistaram tudo e não me lembro de ver cenas que demosntrassem conflito nos jogos (tal como nas comemorações de gols e etc). ao contrário. Não me recordo de nenhuma...nem agressão, discussão, comemoração separada dos gols, ou menos efusiva, etc. Sempre achei muito estranha esta história.

Abraços e mais um otimo post Michel!

Marcus buiatti disse...

Esta foto me lembra quando visitei o clube Zilina da Eslováquia. Me reuni com um agente no refeitório do clube onde estavam atletas tomando café. Havia uma mesa com 4 ou 5 atletas negros separados dos outros. Eram os brasileiros e africanos do time. Não creio que a separação era necessariamente por racismo (embora na Eslovaquia senti bastante xenofobia e racismo nas ruas), mas por identificação cultural, lingua, mesmo. ACHO eu...

No caso da seleção holandesa, os que jpa li, como bem relatado pelo Michel, é que houve racismo na epoca do Hiddink, inclusive com a conivencia dele, o que me soa mais estranho ainda, já que ele notoriamente sempre se deu bem com atletas estrangeiros, negros ou morenos (como Ronaldo Fenomeno, indicado por ele ao PSV e que, na Holanda, é quase negro). Hiddink treinou clubes com atletas negros como Drogba no Chelsea, e nunca ouvi falar de algum problema fora esse na seleção.

Enfim...bastidores do futebol.

Victorino Netto disse...

Quantas lembranças em um só post... Nunca tinha visto essa foto, que realmente ilustra com perfeição o ambiente daquela geração!!! Épico, Michel!!! Não por acaso o "A4L" é uma das grandes referências da blogsfera esportiva tupiniquim!!! Grande abraço!!!

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Grotesca a presença do prefeito Eduardo Paes na apresentação do Seedorf, como se ele não tivesse mais nada de importante para fazer no Rio de Janeiro. Incrível a cara de pau dos políticos que usam qualquer momento para tirar vantagem eleitoral da situação. E Seedorf foi muito sincero ao dizer que admirava Zico e o Flamengo. Certamente não será cobrado agora por ser quem ele é, mas se jogar mal, talvez muitos botafoguenses lembrem disso. A princípio, é uma ótima contratação.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Essa foto e essa opinião do Calazans sobre o Seedorf são simplesmente bizarras! De fato o Seedorf não foi efetivo na Seleção, mas nos clubes de fato foi bem.

Anônimo disse...

http://opitacoboleiristico.wordpress.com/2012/07/13/gansou/

Leia, Michel, e outros também.

Tremenda história essa. Seedorf é um bom reforço para o Botafogo - isso chega a ser óbvio mas não é tão assim, não. Clarence já não é - e isto sim é óbvio - o mesmo, mas nem o mesmo de 4 ou 5 anos atrás. Não é aquele que auxiliou o Milan na chegada de um título de UCL - como ocorrera em 2007 - ou um vicecampeonato - em 2005, no 'Milagre de Istambul ' - ou nem mesmo uma semifinal, como aconteceu no intermediário desses extremos, em 2006 - na ocasião, a equipe perdera para o Barça por 1 a 0 em San Siro, e empatou no Camp Nou por 1 a 1, se a memória não me falha.

É claro que, ainda assim, é muito bom jogador. Mas acho que, mais que tudo, está nos seus passos finais como jogador. Aproveitemos, então, pois Seedorf é um desses raros grandes jogadores que, com tal idade, ainda concedem-nos prazer de ver jogar. Boa pedida do Bota, em diversos aspectos.

Michel, meu post é sobre Ganso - como deves ter reparado no título. Abraço e continue com o excelente trabalho com os artigos de qualidade exuberante!

Michel Costa disse...

Também não sei se chamaria o caso de racismo, Marcus. Acho que é mais uma divisão cultural mesmo. Dois lados que evitavam se misturar embora não fossem inimigos. No entanto, é justamente essa divisão que impediu que essa Holanda fosse ainda mais forte.
No caso dos clubes, também existe esse tipo de separação que nada tem a ver com racismo. No refeitório da Inter tem a mesa dos brasileiros, dos aregentinos e dos outros. Nada de racismo, são diferenças culturais mesmo. De qualquer modo, o melhor dentro de um grupo é haver união entre os jogadores, independente das afinidades. E isso, aquela Holanda não parecia ter.

Michel Costa disse...

Valeu, Victorino. Na verdade, essa foto foi postada no Twitter pelo Bertozzi durante a Euro. De tão impressionante, quis usá-la neste post para explicar a presença de Seedorf no vestiário do Brasil dois anos depois.

Abraço.

Michel Costa disse...

De fato, Alexandre. Não esperava isso do presidente botafoguense. Não sei quanto a você, mas sempre desconfio de cartolas que se metem na política. São coisas que não combinam, embora sempre estejam próximas. Quanto ao Calazans, nada que vem dele me surpreende. Estacionou no tempo, não tem mais jeito.

Michel Costa disse...

Com certeza Seedorf não é mais o mesmo, Felipe. Mesmo assim, sua presença e carisma podem ser fundamentais para este Botafogo tão carente de ídolos. Não vejo a hora de sua estreia acontecer. Trata-se de uma grande figura no futebol brasileiro.

Gostei de seu novo post :-)

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Também sempre fico com um pé atrás com essa combinação futebol + política; o pior ainda é ver a subserviência e o aproveitamento por parte dos políticos "puros" a toda iniciativa relacionada ao futebol por aqui; eu pelo menos não vi nenhum político ser contra a Copa no Brasil; não que eu ache que ela não devesse acontecer de forma alguma, mas fiquei sentindo falta desse contraditório, parece que todo mundo aqui só quer fazer média com a maioria.

Michel Costa disse...

Também não vi nenhuma manifestação contra, Alexandre. Até porque todos sabem que se manifestar desse modo não soará muito popular.
Particularmente, nunca fui contra a realização da Copa no Brasil, embora sempre me pareceu evidente que doze sedes, sobretudo em alguns lugares em que o futebol não tem força para levar público compatível com o tamanho dos novos estádios, eram desnecessárias. Esse é o grande problema do Mundial de 14. Tínhamos a chance de provar que nem todas as obras servem para encher os bolsos dos oportunistas e mais uma vez falhamos enquanto sociedade.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Infelizmente fazem discursos populistas e ações particulares quando estão no poder; acho estranho é nem a esquerda mais radical ter se posicionado contra o abuso de gastos públicos que estamos vendo e que, de certo modo, sabíamos que iriam acontecer. E concordo qdo você diz que falhamos todos como sociedade, pois quem colocou essa turma lá, fomos nós mesmos.

Sobre a qtd de sedes concordo também contigo, é um exagero, ainda mais em cidades que não tem cultura diária de futebol.

Michel Costa disse...

Acontece que essa esquerda radical tem cada vez menos força, Alexandre. Para você ter uma ideia, mais da metade de nossos parlamentares tiveram suas campanhas financiadas por construtoras. Isso mostra como estamos reféns de gente que está pouco de lixando para o equilíbrio das contas públicas.