quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Chega de desculpas.

Na última coluna “Contagem Regressiva”, este blogueiro destacou os riscos de se marcar amistosos contra adversários mais duros neste estágio de preparação da Seleção Brasileira. E o maior perigo era justamente enfrentar um time mais entrosado e em melhor fase e perder mais uma partida logo na sequência da amarga eliminação da Copa América.
Lembrando que o compromisso diante da Alemanha havia sido marcado antes do torneio sul-americano, então era a hora de Mano Menezes inventar o menos possível. Não convocar nomes pedidos por nove entre dez torcedores como Marcelo e Hernanes e relegar Paulo Henrique Ganso à reserva do mediano Fernandinho é pedir para ser cornetado. Agora, após a derrota para a Alemanha por 3 a 2 em Stuttgart, Mano pode ter certeza de que as trombetas irão soar como nunca.
O caso do meia santista é o que mais chama a atenção. Diante de um rival que se instalou no campo ofensivo e que controlava as ações no meio-campo, nada mais óbvio do que ter em Ganso um jogador não só para iniciar os contragolpes como tentar reter a bola nos pés brasileiros quando necessário. Usando o velho clichê, é como atacar com flechas (Robinho, Neymar e Pato), mas esquecer o arco.
Obviamente, não faço coro àqueles torcedores que pedem a saída de Mano como fazem com os treinadores de seus times. Porém, não restam dúvidas de que o tempo para desculpas acabou. Desde que assumiu, o ex-técnico do Corinthians não viu sua seleção vencer nenhum adversário de maior porte. Perdeu para França, Argentina e Alemanha e empatou com a Holanda jogando em território brasileiro. Se existe um momento para se rever alguns conceitos é exatamente este. Antes que seja tarde.   
Imagem: Reuters

13 comentários:

Thiago Ribeiro disse...

para não ser injusto contra o Mano devo lembrar que a última vitória contra uma "seleção grande" foi contra a própria Alemanha em 2008.

Então, desde a era Dunga ele vinha se firmando contra medíocres, foram 2 anos e meio até pegar uma potência no top 10 e perder (Holanda na copa-10) e Mano quando recebeu a seleção há exatos 1 ano, perdeu para estas seleções.

Na verdade só empatou contra a Holanda porque esta, nitidamente, não queria jogar, estava de férias, só baladando e tals.

E MESMO ASSIM NÃO GANHAMOS!!!!!

Michel Costa disse...

Thiago,

Sem querer bancar aqui o advogado de Dunga, queria lembrar que uma das marcas de sua gestão era justamente se apresentar bem contra os grandes. Venceu a Argentina três vezes (uma delas em Rosário), a Itália duas vezes, a Inglaterra, o Uruguai (no Centenário) e Portugal. Mas concordo que os adversários na reta final de preparação estavam bem abaixo de nível ideal.

Abraço.

marcus Buiatti disse...

Eu não gosto do Dunga e gosto do Mano, mas acho que o Michel está correto. Dunga, bem ou mal, deu um padrão de jogo logo no início ao time brasileiro e o time sempre jogou bem contra grandes seleções.

Está certo que jogar no erro do adversário, como fazia Dunga, é trilhões de vezes mais fácil que armar uma equipe protagonista, que se impõe a obrigação de criar e de minimizar os riscos de contrataque. Por isso, sempre admirei muito mais as escolas brasileira, argentina e holandesa que a italiana, e os técnicos que armam times ofensivos e protagonistas antes que os "especuladores". Mas, ainda assim, o trabalho de Dunga tinha maior coerência.

Mano não vem evoluindo. Aliás, se até o equlibrado Michel, que sempre tem uma crítica racional e equilibrada, perdeu um pouco da paciência...hehehehe....é porque a coisa não está indo bem.

Michel, gostaria de um artigo seu - vou pedir ao André Rocha tbém - das soluções, isto é, o que Mano deveria fazer a partir de agora? Vejo ele em uma sinuca de bico, difícil, meio perdido, confuso.Confesso que eu não sei ao certo o que faria ne pele dele.

Abraço!

marcus Buiatti disse...

Desculpa, Michel, eu gostaria de SUGERIR, claro, um artigo seu, se vc achar pertinente e estiver a fim de escrever sobre o tema.

Abraço!

Michel Costa disse...

Ficou difícil manter a paciência com Mano depois de ver Fernandinho em campo, Marcus... hehe.
Assim como você, também prefiro o ex-técnico do Corinthians, mas a cada dia que passa isso fica mais complicado.
Mano vem fugindo do próprio discurso inicial que é o da busca pelo protagonismo em vez de jogar no erro do adversário. Ontem, o Brasil ficou no meio do caminho, pois não se fechava para contra-atacar e nem tentava assumir de fato as rédeas do jogo.
Logicamente, é preciso ter paciência. Uma Seleção forte não se monta do dia para a noite, embora muitos por aqui achem que é só reunir dos melhores em campo e sair destruindo os adversários.
Mas é exatamente nesse ponto que citei acima que Mano vem errando. Seleção é, antes de tudo, a reunião dos melhores jogadores de um país. Não vejo esse pensamento neste atual trabalho. Se Fernandinho é o melhor que o Brasil tem hoje como solução para o meio-campo então a crise é muito mais séria do que eu imaginava. Mas, como sabemos, a lógica nos diz que Hernanes, Kaká e o próprio Jádson estão à frente dele nessa corrida.
Quanto a sugestão do post, eu até já tinha pensado em escrever algo assim, mas para a pŕoxima coluna "Contagem Regressiva", na segunda quinzena.

Abraço, meu camarada.

The Blue Factory of Dreams disse...

Olá Michel, parabéns pelo blogue, está aqui um excelente espaço.

Infelizmente dei com ele, tendo um post sobre o Mano em destaque, personagem que não me merece grande simpatia além de demonstrar falta de competência.

Não há uma única pessoa na Europa que entenda como um dos melhores jogadores a actuar no Velho cOntinente (HULK) não é titular na selecção.
Nem convocado é.
Mano nem faz ideia de que tipo de jogador se trata, já que fala sobre ele, mas descreve alguém que ninguém conhece.


Convido-o a visitar o meu blogue:
http://thebluefactoryofdreams.blogspot.com/

Se aceitar uma troca de links, deixe lá uma mensagem,

Grande abraço

Michel Costa disse...

Também acho que Hulk merece mais uma chance, embora o jovem Lucas esteja tão bem quanto o atacante do Porto. Já está na hora de Mano Menezes convocar os melhores.

Abraço.

minicritico disse...

Se Ganso está em má fase, se Kaká está em frangalhos, se Ronaldinho ainda precisa fazer mais para voltar a ser convocado, ok! Mas que se respeite as características dos jogadores escalados, então. E não se exija deles algo que não podem cumprir (Ramires lançar e cadenciar o jogo, etc.)

Para jogar nesse esquema de ontem, à imagem e semelhança do Porto de André Villas-Boas, Mano precisava ter à sua disposição ao menos um volante do estilo de Guarín. Esse nome é Hernanes, que já cansou de provar que tem condições de estar na lista dos 23.

E Jadson, por mais má vontade que seu nome desperte em parte da imprensa e nos torcedores mais facilmente influenciáveis, me leva à reflexão: será que foi tão mal assim nas chances reais que teve (contra Romênia e Paraguai)? Até mesmo para os fanáticos por números, vale lembrar que ele fez um gol e deu uma assistência.

Achar que um meio-campo com Ralf, Ramires e Fernandinho vai encarar - nas condições normais de temperatura e pressão - de igual pra igual outro com Schweinsteiger, Kroos e Götze (ainda auxiliados por Podolski e Thomas Müller) é de uma ingenuidade surpreendente.

Michel Costa disse...

Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de Mano abrir mão do (ainda que mínimo) entrosamento entre Ramires e Ganso adquirido na Copa América. Se Lucas Leiva era uma ausência forçada, Ganso foi uma opção.
Outra coisa que me espantou foi a escalação de Fernandinho para ajudar a conter as subidas de Lahm. Tudo bem, o baixinho joga bola, mas não seria o suficiente deixar Robinho atento às suas subidas? Outra coisa, mudar o próprio estilo em função do outro não vai diretamente contra o discurso de protagonismo adotado por Mano?
Para a sorte dele, os amistosos contra Itália e Espanha foram adiados. Não sei se o trabalho resistiria no caso de mais duas derrotas.

Abraço.

minicritico disse...

Pois é, Michel. Ficou meio subentendido que a CBF não fez muita questão de contornar o tal problema das datas para que esses amistosos com Espanha e Itália fossem realizados. O PVC os chamaria de "cascas de banana". Eu diria que eram bombas-relógio prontas para explodir no colo do Mano.

O fato é que, como seu texto bem diz, é preciso mostrar alguma evolução. A sensação que eu tenho é que a Seleção está andando em círculos, sem um objetivo definido.

E pra mim, não há no Brasil um técnico com qualidades mais apropriadas para dirigir esse time do que o Mano. Ok, talvez haja um (Felipão). Mas o fato é que mesmo os defensores de seu trabalho, como eu, estão desapontados. Coletivamente, hoje o Brasil é quase nulo. Espero pelo menos que tenha aprendido algo nesse aspecto com o baile que tomou dos alemães. Eles sim foram protagonistas do jogo.

Abraços

Michel Costa disse...

Acho que Mano paga o preço por ter aceito a renovação proposta nos moldes da CBF. É sempre arriscado mudar totalmente o rumo das coisas no futebol. Dizem que o grupo não mudou tanto assim, mas a verdade é que, do meio pra frente, Robinho é o único remanescente do time titular de Dunga. Montar um time dessa maneira demanda tempo, mas creio que Mano vem se perdendo em nomes como Fernandinho, Jonas e Fred.
Outra questão que me preocupa está na mudança de filosofia. Será mesmo que nós temos jogadores com as características para propor o jogo ou mesmo o toque de bola? Como disse o PVC no Linha de Passe de ontem, nossos melhores atletas dos últimos anos não eram cadenciadores, mas aceleradores. Criou-se a versão de que para jogar como no passado basta convocar os jogadores certos e escalar o time ofensivamente. Mas será mesmo? Será que o Brasil de Dunga não jogava no contra-ataque porque essa é a característica atual de nossa escola?
Tenho minhas dúvidas.

Abraços.

Thiago Ribeiro disse...

Embora os comentários tenham evoluído significativamente desde quando eu postei, e correndo o risco de, no meu enxerimento, bagunçar tudo, vou voltar a um ponto sobre a ERA DUNGA 2:

vejam as datas dos jogos. Dunga estabeleceu um método de jogo: Defesa sólida, gols em contra-ataques de NO MÁXIMO 5 toques TODOS puxados por Kaká - o que o tornou o melhor do mundo em 2007 e campeão da UCL -, e bolas paradas alçadas na área para os zagueiros. PONTO FINAL.

e isto é PADRÃO DE JOGO. Durante este período o Muricybol ganharia 3 títulos nacionais seguidos, basicamente na mesma estratégia.

Daí nasceu o problema, futebol muito manjado, todo mundo começou a descobrir como NÃO PERDER para o Brasil - na Copa das Confederações a África do Sul de Joel segurou a seleção e só perdeu por uma cobrança de falta MAGISTRAL de Dani Alves, por exemplo -.

Aquele período de alta de bolas paradas e contra-ataques que vinha se fortificando desde os fins dos anos 90 e teve seu clímax justamente com Dunga e o Milan de Kaká em 2007, minguou.

veja-se, por exemplo, as estatísticas dos gols da Copa América ou da UCL anterior, os gols por contra-ataque e bola parada diminuíram - isto é, os técnicos prepararam melhor o posicionamento de seus defensores - e a quantidade de gols de ataque aumentaram.

abraços

Michel Costa disse...

Bem observado, Thiago.
No caso de Dunga, acrescentaria a ausência de um "plano B", alternativas ao time titular que, no meu entender, era bom. Porém, com jogadores como Josué, Kléberson e J.Baptista no banco, não era possível fazer muita coisa. De qualquer forma, acho que o balanço geral do trabalho do ex-volante é positivo. Por sua vez, Mano ainda não deu sinais de que as coisas seguirão um caminho melhor daqui para frente.

Abraço.