
No amistoso de sábado
diante da Costa Rica, tal prática ficou bastante evidente. Após um início onde o
pressing foi aplicado com relativo
sucesso, o gol de Hulk fez o Brasil passar a se defender com todos os jogadores
no campo de defesa especulando contragolpes em bolas longas. Deste modo, nem mesmo
a grande fase vivida por Douglas Costa pôde ser aproveitada, uma vez que sua
maior qualidade é o excepcional desempenho no um contra um. No Bayern,
Guardiola organiza seu time de forma que a posse de bola é utilizada para
atrair os oponentes para o lado oposto do campo até que alguém inverta a jogada
para o ponteiro decidir contra, invariavelmente, um único adversário.
Douglas, mesmo se quisesse, não encontraria tal situação na
Seleção Brasileira porque a equipe trabalha pouco a bola. A carta de intenções
de Dunga é claramente voltada para a verticalização das jogadas e o problema
crônico na saída de bola – algo observado desde os tempos de Felipão – não só é
um empecilho na criação como uma das razões para os frequentes apuros defensivos.
Sem dúvida, um aspecto que deveria ser trabalhado após a pífia participação na
Copa América. Mas, ao que tudo indica, o principal diagnóstico realizado pela
comissão técnica diz respeito ao lado psicológico de alguns atletas e isso
explica a ausência de Thiago Silva na última lista de convocados.
Todavia,
o real motivo para a Seleção atuar abaixo das expectativas está na mentalidade
de Dunga, que é a mesma marca da esmagadora maioria dos treinadores
brasileiros. O trabalho é voltado para o resultado imediato e nunca para o
aperfeiçoamento do futebol praticado. Durante a partida contra os costa-riquenhos,
houve um breve instante de alento quando o comandante mandou o meia Rafinha a
campo no lugar do volante Luiz Gustavo. Acostumado ao toque de bola
barcelonista, o filho do tetracampeão Mazinho fez o jogo fluir e a Seleção
melhorou sensivelmente. Resta saber se o técnico fez a mesma leitura de um
momento tão fugaz e, ao mesmo tempo, tão auspicioso. Ainda há tempo para mudar.
Coluna escrita originalmente para o site Doentes por Futebol
Crédito das imagens: Leo
Correa/Mowa Press e Rafael Ribeiro/CBF
Um comentário:
Nessa última convocação tivemos duas ausências que explicitam algumas debilidades em nossa geração. Na cabeça de área continuamos insistindo com a presença de Fernandinho e agora até com o retorno de Ramires. No entanto continua faltando alguém quem pense o jogo, que arme a equipe na saída para o ataque. Elias é muito mais um condutor de bola; não é esse jogador para organizar as jogadas . Continuamos dividindo a equipe em setores que muitas vezes ficam distantes entre si e não tendo tantas formas diferentes de se atuar.
Além disso mais uma vez não temos um centroavante de ofício na lista. Evidente que podemos pensar em uma equipe sem alguém fixo na área. Roberto Firmino, em que pese não ser um jogador acima da média, pode fazer essa função de ser o atacante mais adiantado, além claro do próprio Neymar. Porém chama a atenção o fato de vivermos essa entressafra incrível na posição do antigo “camisa 9”. Os melhores que temos atualmente, jogando por aqui, são os velhos conhecidos Ricardo Oliveira e Fred. Sim, o Fred, tão criticado durante a Copa, ainda é relevante jogando para o Fluminense e não temos alguém ainda tão superior à ele, o que prova o momento complicado para a função.
Durante a coletiva da convocação Dunga disse que o caminho para qualquer time, desde que quando ele começou no futebol é “jogar pelas pontas”. De fato é bom poder abrir o jogo e procurar fortalecer o lado de campo. Porém é preciso saber e poder variar de tática, além de principalmente procurar tentar controlar o jogo e não apenas correr a esmo, algo que temos visto frequentemente no atual momento do futebol brasileiro.
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