domingo, 28 de outubro de 2012

Pontos e Vírgulas.

Coluna destinada a comentar as opiniões emitidas pelo órgão responsável pela chegada de informações ao público aficionado por futebol: a imprensa esportiva. Afinal, bem ou mal, é através dela que tomamos conhecimento de (quase) tudo o que cerca o mundo da bola.
Brasil, o país da Moviola
Virou uma praga. De uns tempos para cá, os programas esportivos brasileiros foram dominados pelas discussões de arbitragem. Rodada após rodada, os lances polêmicos envolvendo as decisões dos árbitros se tornaram o principal foco dos debates e das mesas redondas. A bola rolando que é o que realmente importa ficou relegada ao segundo plano. Ou terceiro, se contarmos as polêmicas baratas.
Não são poucas as semelhanças com a velha moviola (hábito de alguns programas italianos de repetir os lances à exaustão e que, basicamente, servem apenas para alimentar polêmica). Agora até os lances bem anulados viraram objeto de especulação. Como bem observou o jornalista Rogério Jovaneli, as TVs ignoram o jogo real e confundem os telespectadores abusando do slow motion e fazendo com que as pessoas acreditem em algo às vezes imperceptível.
E mesmo com o discurso quase uníssono de que os erros não são intencionais, as polêmicas se arrastam por toda a semana como se no comando estivesse a Sônia Abrão. Discussões rasas que não levam a lugar nenhum como os italianos e sua moviola demonstram desde a década de 1960. Muitos dizem que os nossos treinadores importam suas táticas com muitos anos de atraso. Acho que o mesmo pode ser dito dessa “nova” compulsão da imprensa.

10 comentários:

Danilo disse...

As "Discussões" sobre a arbitragem (Não há discussões, há "verdades") tomam toda parte do tempo dos programas esportivos, deixando o futebol para segundo plano ou nenhum plano. Pior ainda é falta de qualificação sobre o assunto. São ex-árbitros que defendem a classe. Jornalistas "dono da verdade", geralmente é fundamentalista e apenas a sua interpretação é válida. Há os "vira-latas" que acham que os árbitros brasileiros são únicos que erram. A simples solução seria mudar de canal. Mas não há muitas opções na televisão brasileira aberta. Qualidade é para poucos no Brasil. Encontro ouro na esquina, mas não encontro qualidade.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Infelizmente essa cultura de "apito amigo" se intensificou depois do caso Edilson em 2005 e, mais distante, do escândalo Ivens Mendes em 1997; depois disso a honestidade dos juízes foi posta à prova e algums programas de TV (primeiro em TV aberta e agora também na TV por assinatura) se aproveitaram disso para tentar ganhar alguns pontinhos na audiência; entendo que se mostre os lances polêmicos depois dos jogos, mas realmente há um exagero e a discussão fica muitas vezes nessa coisa de favorecimento ou não; pouco se fala das regras e do uso de melhorias para se valorizar mais o papel do árbitro.

Durante os jogos virou quase um fetiche esperar o replay para que os nefastos "comentaristas de arbitragem" dêem seus pitacos (e muitos conseguiam falar bobagem mesmo depois do VT, o Wright está aí para nos provar isso).

Outra coisa que atrapalha e causa esse exagero em relação à arbitragem são as teorias da conspiração, principalmente de torcedores de times de MG e RS, e de mais alguns times de RJ e SP, mas apenas quando são prejudicados (quando são beneficiados, como o Inter foi ontem, nada é falado).
Acho que a passionalidade nessa questão atrapalha muito, e é aumentada porque a CBF não age tanto quanto poderia para melhorar o nível dos juízes, que sempre vão errar, mas precisam ter respaldo para apitar melhor.

Michel Costa disse...

Tem razão, Danilo. E programas que sempre foram bons como o Bate-Bola e o Linha de Passe, ambos da ESPN, infelizmente se renderam à fórmula e ocupam mais da metade dos programas com esse tema. Logicamente, não defendo que ele seja ignorado, mas não pode tomar o lugar do que verdadeiramente importa.

Abraço.

Michel Costa disse...

Sinto falta da antiga verve investigativa de nossa imprensa esportiva, Alexandre. Seria ótimo se começassem a apurar se os erros são normais ou não, pois neste momento o que temos é apenas um show de achismos e polêmicas vazias.

Abraço.

Danilo disse...

Tem também o "pacheco" comentando arbitragem. Um que trabalha no Sportv ficou todo feliz quando um árbitro inglês errou no jogo entre Chelsea x Manchester United. Disse: "Tá vendo! lá eles também erram. São todos ruins que nem os daqui" é verdade que todos erram. Mas isso não dignifica a nossa arbitragem e nem justifica os seus erros bizarros.

Yuri disse...

Esses que falam "olha, lá eles também erram!" são os mais idiotas. Descobriu a pólvora!!!

Sério mesmo que desde os anos 60 os italianos fazem isso? Com poucas câmeras eles já alimentavam a polêmica? Não me admira ter pego isso aqui. Povo passional é fogo.

Pelo visto adianta bastante a polêmica... afinal Inter, Milan e Juve não são mais ajudados, né? hahaha


Os Real x Barça também estão nesse clima de choro arbitral, muito por conta dos mind-games de Mourinho. Sorte que pelo menos o jogo é de bastante alto nível, o que impede a centralização no assunto arbitragem.

Michel Costa disse...

Também acho que esse é o pior tipo, Danilo. Afinal, é óbvio que os árbitros estrangeiros também erram. E sem nenhum tipo de recurso eletrônico vão continuar errando. O mais curioso é que mesmo sabendo disso, discute-se arbitragem à exaustão sem que isso leve a lugar nenhum.

Michel Costa disse...

Desde 67, Yuri. Clique no link do texto e conheça a história toda. Vale a pena.
Pessoalmente, acho que as grandes equipes também são ajudadas porque atacam mais do que os times menores. Como diz a velha tese, um time que chega três vezes na área do adversário tem, em tese, três vezes mais chance de ter um pênalti anotado a seu favor. Seja essa penalidade verdadeira ou não. E isso também vale para frangos ou gols com desvio na zaga.

Yuri disse...

Isso do ataque é fato. É matemático, não tem como discordar. Outra coisa que ajuda é os times grandes vencerem jogos APESAR do roubo, devido à superioridade latente. Daí mascara o erro. Já os pequenos têm poucos lances de gol e raramente vencem apesar de um prejuízo.

Mas que o Howard Webb apitando jogos do United dá uma desconfiança bem forte, isso dá...

Michel Costa disse...

Bem lembrado. Mesmo assim, ainda acredito que o peso da camisa influencie um pouco nas decisões dos juízes. Real Madrid e Barcelona talvez sejam os melhores exemplos de como algumas camisas podem pesar muito mais do que as outras.