domingo, 1 de julho de 2012

Espanha consolida uma Era


Não foram poucos os que consideraram insosso o jogo espanhol durante esta Eurocopa. Nas cinco partidas que antecederam a final diante da Itália, a Furia foi muito mais pragmática do que encantadora, cozinhando seus adversários em fogo baixo até o toque fatal. Enquanto isso, do outro lado, havia uma Azzurra diferente do que o grande público conhecia, propondo o jogo, mantendo a posse de bola e valorizando a técnica.
Na decisão, esse panorama sofreu algumas alterações. Com uma geração acostumada a decidir, a Espanha conseguiu controlar o jogo mesmo sem a posse de bola que a caracteriza. Ao mesmo tempo, os comandados de Del Bosque imprimiram uma verticalização que pouco se viu. Os dois primeiros gols saíram dessa forma, com a Espanha aproveitando os espaços às costas da defesa italiana. Em desvantagem no placar, o rival ainda tentou chegar trocando passes, mas não encontrou espaços e muito menos erros que pudesse explorar. No segundo tempo, a saída do lesionado Thiago Motta – uma alteração precipitada de Prandelli – acabou por sepultar qualquer esperança de reação. O 4x0 foi apenas consequência de um cenário definido.
O segundo título europeu consecutivo da Espanha consolida ainda mais o selecionado como a maior força do futebol mundial. Se não contarmos a Copa das Confederações de 2009, um troféu menor, este foi o terceiro título seguido de uma geração que ainda não parece satisfeita. Sem dúvida, é a seleção a ser batida em 2014. Mas quem será capaz de fazê-lo?     
Imagem: El País

10 comentários:

Danilo disse...

E a Espanha foi campeã. Com estilo de jogo competitivo. Longe de ser bonito e um abismo do Barcelona. Exceção da final, os outros jogos o time era além de burocrático. Dava sono, e algumas vezes irritação por não fazer o passe vertical. Além dos erros do Del Bosque, por insistir no falso-9 em um meio-campo cheio de bons armadores.
A Itália está de parabéns, mesmo tomando uma goleada no placar e na bola. Desacreditada, pelo futebol e por escândalos de manipulação de resultado, passou por cima da excelente Alemanha. Na final, a defesa foi falha, Pirlo sobrecarregado e Balotelli e Di Natali anulados.

Michel Costa disse...

Vi a saída de Motta como um divisor da final. Até ali, a Espanha era melhor, mas a Azzurra mostrava que ainda estava viva no jogo. Porém, quando o brasileiro saiu, tudo desmoronou. A goleada se construiu a partir disso. Pena, isso estragou um pouco a decisão.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

A Espanha conseguiu ter a felicidade de encontrar um estilo de jogo que casasse bem com a geração de ótimos jogadores que eles tiveram;penso que, após a vitória olímpica de 1992, eles se preocuparam mais em formar bons atletas e crescer no cenário internacional do futebol e fizeram isso com uma grande equipe; impressiona o modo como eles comandam uma partida e não se desesperam. Xavi e Iniesta são os grandes destaques, mas o David Silva merece uma menção por fazer o diferente no time, um canhoto muito habilidoso. O título é merecido.

Michel Costa disse...

Sem dúvida, Alexandre. Mas precisamos incluir aí a importância do Barcelona nessa equação. Foram as vitórias e o estilo dos catalães que inspiraram essa geração. Até então, os espanhóis eram simples coadjuvantes de suas equipes e quando se reuniam eram incapazes de dominar os adversários. Não resta dúvida de esse tempo ficou bem para trás.

Fabiano Dias disse...

A Espanha teve grande méritos na conquista, mas será que só eu vi uma Itália cansada, sem pernas pra correr, principalmente depois da saída do Tiago Motta? Muito se fala de nossas tabelas mal organizadas, e o que dizer de uma semi-final na quinta-feira, apenas 3 dias da final. Tudo bem que a Espanha jogou a prorrogação no dia anterior, mas teve um dia mais de recuperação, e isso conta muito nos dias de hoje, onde por muitas vezes o preparo fisico ganha jogo. Lógico que o toc-toc da Espanha iria prevalecer de qualquer forma.

Muitos se falam desse estilo de jogo, parecendo que é uma novidade mundial. Mas não é. O futebol espanhol em si se caracterizou por isso. A Espanha sempre jogou, ou tentou jogar assim. Talvez agora com mais destaque por que está conquistando títulos. Sem contar o Barcelona atual, e o Real Madrid antes da era galática que também jogava assim. Lembro também do Barcelona treinado pelo Cruyff.

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Citei a conquista olímpica de 1992 pois estava falando em termos do selecionado espanhol não de clubes; é claro que a inspiração do Barcelona desde a época do Cruyff é algo presente nesse estilo de jogo. Também acho que a contusão do Motta ajudou a Espanha construir o placar (não que ele em campo ajudasse em mudar o resultado, mas 11 contra 10 ficou impossível para a Itália virar.

Yuri disse...

"Nas seis partidas que antecederam a final diante da Itália"

Nas cinco, né? A partida contra a Itália foi a sexta, hehe.

Assim como em 2010, quando caiu com um gol em leve impedimento (mas impedido) de David Villa, Portugal faz jogo duro. Para mim, a "campeã moral" dessa Euro. Ninguém encarou melhor a Espanha numa partida decisiva.

Incrível a marca de Casillas. Não tomou gol em nenhum mata-mata na Euro 2012 e 2008 e Copa 2010. Também mostra a frieza do time nos momentos decisivos e se os defensores não são geniais, a tese de ficar com a bola para defender-se mostra-se verdadeira.

Michel Costa disse...

Também vi a final de forma parecida, Fabiano. A Espanha estava melhor em campo, mas a Itália ainda criava suas chances e tentava se impor em alguns momentos (só no 2º tempo é que a Espanha igualou a posse de bola). Todavia, com 2x0 no placar e sem Motta, a Azzurra desmoronou. Por mais que acreditasse num milagre, os jogadores sabiam que a derrota estava sacramentada. No fim, venceu a melhor seleção, mas esse ponto deve ser lembrado sempre que a decisão da Euro 2012 for lembrada.

Michel Costa disse...

Claro, claro, Alexandre. Só fiz a complementação porque não consigo ver esta Espanha sem citar a filosofia do Barcelona... hehe.

Michel Costa disse...

Opa, já corrijo, Yuri.

Quanto à Espanha, realmente é um feito notável. Só não é mais perfeita porque também é econômica na hora de marcar os gols. A goleada de ontem teve cara de exceção.