Para um fanático por
futebol, a Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período
para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos
estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar
o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra,
transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar,
se emocionar. Um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Clima de Seleção*
As torcidas italianas em diversos estádios se levantaram
para aplaudir o gol que Ronaldo marcou na tarde de 9 de dezembro de 2001 diante
do Brescia. Após mais de dois anos sem balançar as redes numa partida oficial
por conta da grave lesão no joelho que quase pôs fim à sua carreira, o Fenômeno
voltava a fazer o que mais sabia na vida. Daquele momento até o fim da
temporada foram mais seis gols e muitas lesões musculares, algo que colocou em
dúvida seu melhor aproveitamento na Copa do Mundo de 2002.
Contudo, se havia a desconfiança de muitos, Luiz
Felipe Scolari acreditava no centroavante que escolhera, preterindo um
veteraníssimo Romário. No fim, como todos sabemos, Felipão estava certo e
Ronaldo foi o artilheiro da campanha brasileira no pentacampeonato mundial
tendo Rivaldo, outro nome coberto de dúvidas, ao seu lado. Essa foi apenas uma
das vertentes da chamada “Família Scolari”, onde um bom ambiente e um grupo
focado foram suficientes para tornar uma conquista que parecia improvável algo
real no instante em que o capitão Cafu ergueu a Copa do Mundo.
Esse mesmo clima pode ser visto na atual Seleção
Brasileira. Da entrega mostrada na Copa das Confederações até um vídeo simplesonde os jogadores brincam com o baixo desempenho do atacante Hulk no videogame,
o que se vê é um grupo de amigos. Atletas que atuam em diversas partes do
mundo, enfrentam pressões e situações distintas por seus clubes, mas que servindo
a Seleção sentem que, de certo modo, que estão em casa. Um ambiente em que os
problemas das agremiações que defendem podem ficar de fora sem que isso
represente falta de profissionalismo.
O melhor exemplo disso é Neymar. Ainda em fase de
adaptação ao futebol coletivo do Barcelona, sem gozar de privilégios táticos e
sendo pivô da queda do ex-presidente do clube catalão, o atacante brasileiro
mostra que isso não o afeta em nada quando veste a camisa 10 amarela. É como se
houvesse um sentimento de proteção onde Neymar pode mostrar seu melhor futebol
sem se preocupar se a última tentativa de drible resultou em desarme. Uma
liberdade que ainda precisa ser conquistada no Barça.
*Escrito originalmente
para minha nova coluna no site Doentes por Futebol
De olho na Copa
Fábio Hamilton da Cruz foi a terceira vítima fatal
nas obras da Arena Corinthians e a oitava em todas as sedes. A título de
comparação, foram duas mortes registradas nas construções dos estádios
sul-africanos no último Mundial. Logicamente, este é um problema muito mais
ligado à construção civil no País do que ao futebol. No entanto, não deixa de
chamar a atenção o fato de que grande parte desses acidentes ocorreu no período
em que as obras foram aceleradas.
Os atrasos em diversas sedes, sobretudo na
construção das estruturas temporárias, fizeram com que a FIFA anunciasse a
intenção de rever seu planejamento para os próximos torneios, começando pela
Rússia. “Esse foi um grande problema que enfrentamos no Brasil. Essas
responsabilidades (estruturas temporárias) são conhecidas há muito tempo. Todas
as cidades-sedes assinaram os documentos. Na Rússia esse problema deverá ser
minimizado, uma vez que teremos apenas um estádio privado. Os demais são todos
do governo. Estádios privados não querem pagar por estruturas temporárias.
Temos que achar outro jeito daqui para frente”*, esclareceu o Secretário Geral,
Jérôme Valcke, após reunião com membros do governo federal e do Comitê
Organizador Local (COL), no Rio de Janeiro.

Depois de uma Copa na África do Sul em que diversas
estruturas funcionaram de forma precária, a entidade máxima do futebol vê a
possibilidade de tudo se repetir, talvez em maior escala, no Brasil. Quem sabe
é a senha para a FIFA retomar a prática anterior onde os países-sedes tinham de
apresentar condições para sediar um evento como a Copa para só depois pleiteá-lo.
Mas, pelo visto, a ideia é que realmente se construa e se gaste muito.
Confira o andamento das obras para o Mundial de
2014:
Obras concluídas: Belo Horizonte, Brasília, Ceará, Natal, Porto
Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Salvador;
Situação preocupante:
Cuiabá, Curitiba e Manaus;
Situação alarmante: São Paulo.
Imagens: Placar, site
oficial do Atlético-PR.
*Fonte: Globoesporte.com