Retorno
excepcionalmente ao blog para tratar de um assunto que tantas vezes foi objeto
de debate neste espaço: Duelos entre times brasileiros e times europeus. Após o
novo massacre sofrido pelo Santos diante do Barcelona, desta vez por
humilhantes 8 a 0, vozes surgiram para afirmar que esse placar assombroso dá a
exata medida da diferença entre uma grande equipe nacional e um gigante
europeu. Isso mesmo. Um amistoso, na casa do Barcelona, diante de um Santos que
ainda procura se encontrar após a perda de seu melhor jogador – justamente para
o Barça – define tudo o que foi visto nas últimas décadas.
É
óbvio que essa afirmativa está equivocada. Uma única partida nunca poderia
significar tudo o que envolve duas realidades tão distintas apesar de ser o mesmo
esporte. Se existe alguma forma de se medi-las, ela se dá pela observação de
todos os confrontos entre brasileiros e europeus após a vigência da chamada Lei
Bosman, o momento na história do futebol onde o dinheiro passou a falar mais
alto do que os projetos esportivos por melhores que fossem. Ou seja, em
condições normais de temperatura e pressão, quanto mais recursos uma agremiação
pode investir em sua equipe, maiores serão as chances de se produzir um time
competitivo.
Posto
isso, é evidente que os gigantes do Velho Continente são, em teoria, mais
fortes do que os grandes times brasileiros. Contudo, o histórico indica que
essa distância não só é menor do que os oito gols sofridos pelo time praiano como
mostra que muitas vezes essa diferença pode ser suplantada com estratégia, dedicação
e até uma pitada de sorte. Como o Corinthians, atual campeão mundial,
derrotando o Chelsea numa partida em que não foi superior, mas conseguiu
equilibrar as ações em diversas ocasiões durante os 90 minutos e fez por merecer
a vitória. Talvez sucessos como o do Timão entrem para a galeria dos mais fracos
vencendo os mais fortes, porém, não foi um triunfo que causasse o espanto
diante de um absurdo. Quem conhecia o campeão sul-americano sabia que poderia
dar jogo. E deu.
Como
também houve jogo quando o Ajax, em intertemporada, veio ao Brasil e foi
derrotado por Palmeiras e no ano seguinte pelo Vasco. Naquelas partidas, eram
equipes de poderio financeiro semelhante se enfrentando de igual para igual, e
mostrando limitações que só poderiam ser compensadas com reforços nada baratos.
No fundo, o mais provável é que times brasileiros estejam mais próximos das
equipes médias da Europa que possuem poder aquisitivo parecido. Times que não
estão no topo do mundo, mas que também não estão a oito impiedosos degraus de
distância.
Getty Images
2 comentários:
É aquele caso de nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os times principais da Europa têm uma boa vantagem técnica e principalmente tática sobre os brasileiros; existe mais condição de mudança de ritmo e estilo de jogo, nos times grandes Europeus. Mas essa diferença não é avassaladora e, em jogos "pra valer" os times brasileiros têm conseguido equilibrar na vontade e na capacidade de alguns jogadores.
No caso do jogo de sexta, o que vimos foi mais uma vez a mídia brasileira se empolgar com 1 ou 2 jogos bons desse time do Santos, sem o Muricy; muitos já viram nesse Claudinei um novo grande treinador e no Neilton um "novo Neymar". Isso tudo pode acontecer, mas querer que isso se cristalize em 1 mês é mais uma prova do ufanismo e da pressa que muitos "analistas" de futebol possuem por aqui...
Um abraço e bom retorno ao blog!
É como eu penso, Alexandre. Mas quando comecei a ouvir comentários do tipo "essa é a exata diferença entre um gigante europeu e um time grande do Brasil" me senti compelido a interromper minhas férias e escrever de novo. Assim como não concordo com esse comentário, também não caio na ilusão de achar que há um equilíbrio de forças como sugerem alguns. Pois, fosse assim, os europeus teriam de receber um atestado de incompetência por administrarem tão mal os seus enormes recursos.
Abraço e até o retorno em definitivo.
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